Brasil

OMS diz que cloroquina pode causar efeitos colaterais e não tem eficácia comprovada no tratamento da Covid-19

Segundo o diretor de emergências da entidade, Michael Ryan, a substância só deve ser usada contra a Covid-19 em ensaios clínicos
Há mais de 150 ensaios científicos envolvendo cloroquina e hidroxicloroquina contra a covid-19 registrados em diversos bancos de dados internacionais Foto: MARCELO CASAL/AGENCIA BRASIL
Há mais de 150 ensaios científicos envolvendo cloroquina e hidroxicloroquina contra a covid-19 registrados em diversos bancos de dados internacionais Foto: MARCELO CASAL/AGENCIA BRASIL

O diretor de emergências da Organização Mundial dsa Saúde (OMS), Michael Ryan, disse nesta quarta-feira que a cloroquina e a hidroxicloroquina podem causar efeitos colaterais e que não têm eficácia comprovada no tratamento da Covid-19, de acordo com o G1. Ele também afirmou que as substâncias só devem ser usadas contra a Covid-19 em ensaios clínicos.

– Todas as nações, particularmente aquelas com autoridades reguladoras, estão em posição de aconselhar seus cidadãos sobre o uso de qualquer droga. Entretanto, sobre a hidroxicloroquina e a cloroquina, que já são licenciadas para muitas doenças, eu diria que, até esse estágio, nem a cloroquina nem a hidroxicloroquina têm sido efetivas no tratamento da Covid-19 ou nas profilaxias contra a infecção pela doença. Na verdade, é o oposto – disse Ryan.

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– Muitos avisos foram emitidos por muitas autoridades sobre os efeitos colaterais potenciais das drogas. E muitos países limitaram o uso dela para ensaios clínicos, sob supervisão de médicos em hospitais — especificamente para a Covid-19, por causa de um número de efeitos colaterais potenciais que ocorreram e podem ocorrer. Dito isso, novamente, cabe a cada autoridade nacional avaliar as evidências a favor e contra essa droga – completou.

As declarações foram feitas depois de a entidade ser questionada sobre o protocolo aprovado pelo Ministério da Saúde , que permite que os medicamentos sejam usados no tratamento contra a doença apesar de não haver evidências científicas de que eles funcionem. As substâncias são normalmente usadas contra a malária e doenças autoimunes, como o lúpus.

– Nós temos agora ensaios [clínicos] do Solidarity (iniciativa internacional em busca de tratamentos para a Covid-19) em vários países, nos quais a cloroquina e a hidroxicloroquina estão incluídas. Como OMS, nós recomendamos que, para a Covid-19, essas drogas sejam reservadas para uso dentro desses ensaios – afirmou Ryan.

Mais de 3 mil pacientes estão cadastrados em ensaios clínicos em 17 países, segundo a OMS.

Ministério da Saúde divulga protocolo

O Ministério da Saúde divulgou, nesta quarta-feira, o protocolo que libera no SUS o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina até para casos leves de Covid-19. Até então, o protocolo previa os remédios para casos graves.

A mudança era um desejo do presidente Jair Bolsonaro, defensor da cloroquina no tratamento da doença causada pelo novo coronavírus. Não há comprovação científica de que a cloroquina é capaz de curar a Covid-19. Estudos internacionais não encontraram eficácia no remédio e a Sociedade Brasileira de Infectologia não recomenda o uso.

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O texto mantém a necessidade de o paciente autorizar o uso da medicação e de o médico decidir sobre a aplicar ou não o remédio. A cloroquina não está disponível para a população em geral.

O termo de consentimento, que deve ser assinado pelo paciente, ressalta que "não existe garantia de resultados positivos" que "não há estudos demonstrando benefícios clínicos".

O documento afirma ainda que o paciente deve saber que a cloroquina pode causar efeitos colaterais que podem levar à "disfunção grave de órgãos, ao prolongamento da internação, à incapacidade temporária ou permanente, e até ao óbito".