Por BBC


Bolsonaro discursa na abertura da Assembleia Geral da ONU nesta terça (21)

Bolsonaro discursa na abertura da Assembleia Geral da ONU nesta terça (21)

O presidente Jair Bolsonaro embarcou para Nova York no domingo (19), para participar da 76ª Assembleia Geral da ONU, sem ter tomado qualquer vacina contra a Covid-19.

Entre os 19 líderes do G20 (composto pelas 19 principais economias mais a União Europeia) presentes no encontro, Bolsonaro é o único que declarou que não tomou e não iria tomar a vacina para ir ao evento anual da Organização das Nações Unidas.

Maioria dos líderes tomaram vacinas e compartilharam as imagens — Foto: Reuters, Governo do Reino Unido, Reprodução/Via BBC

Não houve divulgação oficial sobre o status vacinal de outros três líderes que vão representar seus países na assembleia: dois ministros das Relações Exteriores (da China e da Arábia Saudita) e o primeiro-ministro da Rússia, Mikhail Mishustin.

No entanto, tanto o rei da Arábia Saudita, Salman Bin Abdulaziz Al-Saud, quanto o presidente da Rússia, Vladmir Putin, tomaram suas vacinas. Já a situação vacinal do presidente da China, Xi Jinping, é um mistério: o país não divulgou se o presidente se vacinou ou não. Ele não participará do encontro de forma presencial.

Jair Bolsonaro em discurso na abertura da Assembleia-Geral da ONU em 2019 — Foto: AFP

Houve uma grande discussão sobre se os líderes e suas comitivas diplomáticas teriam que apresentar seus atestados de vacinação para entrar em Nova York - a cidade exige comprovação de vacinação para circular em espaços públicos fechados. Mas a ONU acabou informando às comitivas que haveria uma exceção diplomática e a entidade não iria cobrar os atestados.

Exemplo para população

Não se vacinar ou mesmo não divulgar o status vacinal de seus líderes é exceção entre as principais economias do mundo.

Na grande maioria dos países, os líderes não só tomaram alguma das diversas vacinas contra a Covid-19 disponíveis, mas fizeram grande publicidade de suas vacinações para incentivar a população.

O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, por exemplo, tomou a primeira dose da vacina da AstraZeneca em abril deste ano. É ele quem vai representar o país na ONU. A primeira-ministra alemã Angela Merkel, que não estará em Nova York neste ano, também se vacinou publicamente. Ela tomou a primeira dose da AstraZeneca e a segunda da Moderna.

Apesar do país ser muito estrito quanto ao direito à privacidade médica, a divulgação da vacinação dos líderes é considerada um exemplo para a população.

"E agora ela talvez tenha afastado o medo das pessoas, que estavam ou estão preocupadas com essa chamada vacinação cruzada (tomar doses de vacinas diferentes, como recomendou o Ministério da Saúde do país)", afirmou na época o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert.

O premiê do Canadá, Justin Trudeau, também tomou a primeira dose da AstraZeneca e a segunda da Moderna, completando sua imunização em julho. O país também recomendou que quem recebeu a primeira dose de AstraZeneca tomasse a segunda dose de outra vacina de RNA - da Pfizer ou da Moderna.

Já o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, tomou ambas as doses da vacina da AstraZeneca. Em junho, quando tomou a segunda dose, publicou uma foto nas suas redes sociais dizendo "segunda dose tomada! Quando for sua vez, tome a vacina!".

O presidente dos EUA, Joe Biden, tomou a primeira dose da vacina da Pfizer ainda em dezembro de 2020, quando já tinha sido eleito mas ainda não tinha assumido. Sua vacinação foi exibida ao vivo na televisão.

Como Bolsonaro vai a Nova York sem se vacinar?

Como Bolsonaro vai a Nova York sem se vacinar?

O presidente da França, Emmanuel Macron, se vacinou em maio de 2021, mesmo tendo contraído Covid-19 em dezembro de 2020 - a vacina gera uma resposta imunológica melhor do que a resposta imunológica gerada pelo vírus, além de proteger contra outras variantes. A recomendação da OMS é que mesmo quem já teve a doença e já se curou tome a vacina.

Os primeiros-ministros da Itália, Mario Draghi, e do Japão, Suga Yoshihide, também divulgaram suas próprias vacinações - ou seja, todos os líderes dos países do g7 (grupo dos países mais industrializados do mundo) presentes na Assembleia Geral da ONU.

Os presidentes da Argentina, Alberto Fernandez, e o do México, Andrés Manuel López Obrador - outros dois países da América Latina no G20, além do Brasil - também se vacinaram contra Covid-19 e divulgaram a vacinação.

López Obrador teve uma marcante mudança de postura. No início da pandemia, ele minimizava o coronavírus e se recusava a usar máscara em público, assim como Bolsonaro. Depois, desistiu de negar a gravidade da situação.

Quando tomou a primeira dose da vacina da AstraZeneca, em abril deste ano, já defendia o distanciamento social e fez publicidade da vacinação para incentivar os mexicanos. "Não dói e ajuda muito, protege a todos nós", disse. "Faço um apelo aos idosos para que todos nós nos vacinemos, não há nenhum risco", afirmou o presidente, de 67 anos.

O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, aliado de Bolsonaro e muitas vezes comparado com ele (pelo jornal "New York Times", por exemplo, na época da Assembleia-Geral da ONU de 2019), teve uma postura diferente do brasileiro.

Enquanto Bolsonaro criticou inúmeras vezes a Coronavac, Erdogan tomou duas doses da vacina criada pela empresa chinesa Sinovac. A segunda dose foi tomada em janeiro deste ano, quando o país começava uma campanha nacional de vacinação.

O presidente da Indonésia, Joko Widodo, também se imunizou com a vacina da Sinovac em janeiro de 2021.

Os presidentes da Coreia do Sul, Moon Jae-in, e da África do Sul, Cyril Ramaphosa, também se vacinaram e divulgaram o ato para incentivar a população. Os primeiros-ministros da Austrália, Scott Morrison e da Índia, Narendra Modi, fizeram a mesma coisa.

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