Política

Lava-Jato: PF cumpre quatro mandados de prisão, em SP, contra doleiros ligados a Cabral

Um dos alvos, Sérgio Guaraciaba, já foi condenado por irregularidades em negócios com fundo de previdência da Cedae
Fachada da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo (01/03/2018)
Fachada da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo (01/03/2018)

SÃO PAULO — A Polícia Federal (PF) cumpriu, na manhã desta quarta-feira, em São Paulo, quatro mandados de prisão como desdobramento da Operação Câmbio Desligo, que investiga a atuação de doleiros em esquemas de corrupção. As prisões foram determinadas pelo juiz Marcelo Bretas , responsável pela Lava-Jato no Rio. De acordo com o MPF, as operações teriam movimentado R$ 59 milhões entre 2011 e 2016.

São alvos de pedido de prisão preventiva, sem prazo para acabar: Sérgio Guaraciaba Martins Reinas, Nissim Chreim e sua esposa Thânia Nazli Battat Chreim. Já para o filho de Nissim, Jonathan Chahoud Chreim, Bretas determinou prisão temporária. Todos são investigados por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e por participação na organização criminosa liderada pelo ex-governador do Rio, Sérgio Cabral. Além das prisões, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos quatro.

Segundo a investigação do MPF, o doleiro Sergio Guaraciaba teria realizado operações envolvendo um total de R$ 37 milhões, entre os anos de 2011 e 2014, utilizando os sistemas “Bankdrop” e “ST”, desenvolvidos para realizar e controlar as operações financeiras ilegais.

Ainda segundo o órgão, o também doleiro Nissim Chreim realizou operações que totalizaram U$ 22 milhões de dólares, entre 2011 e 2016. Elas consistiam na compra de dólares no exterior, por meio de contas na Suíça em nome de offshores, com depósito em reais, entrega de cheques ou dinheiro em espécie nas salas utilizadas pelos doleiros colaboradores em São Paulo.

Na primeira fase dessa investigação, deflagrada em abril do ano passado, o principal alvo foi o doleiro Dario Messer, citado em escândalos de lavagem de dinheiro desde o início dos anos 2000, tratado pela polícia como "o doleiro dos doleiros" e foragido há quase um ano.

Em agosto do ano passado, Guaraciaba foi condenado em uma ação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) junto com o operador Lúcio Funaro e o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha . Eles foram acusados de cometer irregularidades em negócios feitos na Bolsa de Valores com clientes da Prece Previdência, fundo de previdência dos trabalhadores da Cedae, entre 2002 e 2003.

Guaraciaba foi acusado de ter feito negócios em seu nome e de outros fundos de investimento por meio da corretora financeira Laeta DTVM. Segundo a CVM, Guaraciaba arquitetou o esquema ao lado de Funaro e participou ativamente dos negócios intermediados pela Laeta. Na condenação, ele foi multado em R$ 104,1 milhões.

A primeira fase da operação, em maio do ano passado, mandou prender 44 doleiros e empresários acusados de participar de uma rede que movimentou ilegalmente US$ 1,6 bilhão por meio de 3 mil offshores sediadas em 52 países.