Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, pelo menos quatro mil casos foram registrados em 2021. Os dados mais recentes da criminalidade em Sorocaba são de agosto, mês em que os bandidos mais fizeram vítimas na cidade: foram quase 550 boletins de ocorrência de furtos registrados nas delegacias, um aumento de 80% quando comparado com o ano passado.

Em um dos casos, registrado por câmeras de seguranças, os bandidos passaram pelo portão de um prédio sem nenhuma dificuldade. Isso porque eles estavam com a chave que abre a entrada principal do condomínio.

O bando só encontrou dificuldade quando chegou a uma porta de vidro, mas, com uma ferramenta, arrombou a fechadura. Os três estavam de máscaras e dois de boné. Eles não se incomodaram com o fato de estarem sendo filmados.

Dentro do condomínio, os suspeitos passaram a vistoriar os apartamentos. Inclusive, até olharam por baixo das portas. No entanto, o trio foi embora sem levar nada.

"E quando eles entraram, eles entortaram a chapa de ferro né, ali que a gente tem na proteção na porta de vidro, e depois que eles conseguiram abrir, eles ainda tentaram desentortar. Então, para mim ficou claro que eles vieram fazer uma análise para posteriormente vir para um assalto", conta um morador que não quis se identificar.

O condomínio tem cerca elétrica e sistema de monitoramento, mas nada disso intimidou os bandidos. Só no quarteirão deste prédio, outros três também já foram invadidos.

"A cada mês acontece alguma coisa, seja no prédio vizinho que entraram durante a madrugada, no nosso entrou às 11h da manhã na quinta-feira. No vizinho do lado ali, entraram também de manhã, então está sendo uma coisa frequente", explica o morador.

A ação de quadrilhas que invadem condomínios para praticar furtos está na mira da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Sorocaba há muito tempo, como explica o delegado Rodrigo Ayres.

"Recentemente já realizamos uma operação que desbaratou uma organização criminosa que agia em condomínios aqui de Sorocaba e continuamos agindo nesse sentido para combater esse tipo de delito".

Para evitar casos como este que as câmeras de monitoramento flagraram, o ideal é que os moradores observem com quem deixam as chaves do apartamento e do hall de entrada.

"As vezes a pessoa não tem mais o contato com o prestador e em razão desse temor desse prestador ainda estar usando as chaves, é importante sim que ele troque a fechadura e as vezes até informe a polícia a respeito do ocorrido. Se sumiu alguma chave da casa dele que ele relate isso. É sempre bom ele registrar e informar a polícia do que está acontecendo para que a polícia tenha ciência e assim a gente possa agir", explica o delegado.

O presidente do Conselho Regional de Fiscalização do Profissional Corretor de Imóveis (Creci-SP) destaca que não é comum uma pessoa visitar o apartamento sem o corretor e ressalta o perigo deste tipo de ação.

"Uma atitude de altíssimo risco. Não se sabe quem está mandando até o prédio, então é muito perigoso, isso não deve ser feito em momento nenhum, porque a massa condominial merece respeito e segurança. O cliente tem que ser identificado no escritório e acompanhado por um corretor de imóveis. Quem age dessa forma, está sujeito a responder por perdas e danos e a processos éticos disciplinar".