BOGOTÁ — Noruega, Alemanha e Grã-Bretanha declararam nesta quarta-feira que gastarão até US$ 366 milhões (algo em torno de R$ 1,5 bilhão) nos próximos cinco anos para ajudar a Colômbia a reduzir o desmatamento em sua floresta amazônica .
As três nações apoiaram, desde 2015, os esforços da Colômbia para a preservação de áreas florestais que cobrem quase 60 milhões de hectares. Até agora, já investiram cerca de US$ 180 milhões (R$ 741 milhões).
Veja mais: Fundo Amazônia fecha 2019 com R$ 2,2 bilhões parados
"A renovação da declaração é um reconhecimento da capacidade da Colômbia de reverter a tendência de desmatamento , tendo atingido uma redução de 10% no desmatamento em 2018 em comparação a 2017", disseram os países em comunicado conjunto.
O anúncio foi feito nas negociações da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-25) , realizadas em Madri, onde ministros de todo o mundo estão enclausurados nos últimos dias para reforçar o Acordo de Paris, de 2015. O objetivo final é evitar o aquecimento global catastrófico.
"A ambição e o compromisso da Colômbia de reduzir o desmatamento são de importância global", disse Ola Elvestuen, ministro do clima e meio ambiente da Noruega, em comunicado.
Viu isso? Desmatamento na Amazônia brasileira é o mais alto em uma década, mostram dados do Inpe
“Não podemos resolver as mudanças climáticas sem parar o desmatamento. A comunidade internacional deve agora mobilizar bilhões de dólares por ano para apoiar os países florestais que conseguem reduzir as emissões ”, disse ele.
Colômbia tem metas ousadas
A Noruega, um dos principais doadores do mundo na questão climática, se comprometeu com a maior parte do fundo para a Colômbia. Só ela, dará US$ 311 milhões (R$ 1,2 bilhão).
A Colômbia estabeleceu metas ambiciosas para conter o desmatamento, incluindo a redução da perda anual de florestas naturais para 155 mil hectares ou menos até 2022 e 100 mil hectares ou menos até 2025. Em três anos também irá incluir 195 mil hectares adicionais no programa de pagamento por serviços ambientais.
Análise: Desmatamento mostra um país que anda para trás
Se for bem-sucedida, isso significaria uma redução nas taxas de desmatamento da Colômbia em 50% em relação a 2018.
Pelo acordo assinado, os países doadores reconhecem que a Colômbia conseguiu reverter a tendência de alta no desmatamento, tendo obtido uma redução de 10% em 2018 comparada a 2017.
"Estamos unidos em nossos esforços para parar a pressão crescente sobre as florestas e demonstrando às nações nosso compromisso em avançar com ações climáticas mais ambiciosas", disse a ministra do Meio Ambiente alemã Svenja Schulze, em uma declaração à qual a reportagem teve acesso.
A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo e é considerada essencial para o combate às mudanças climáticas, devido à grande quantidade de dióxido de carbono que absorve.
A Colômbia está assumindo o combate ao desmatamento como política de Estado, depois de ter passado décadas tendo boa parte de suas florestas
Brasil tem financiamento paralisado
A necessidade urgente de proteger a Amazônia está sob os holofotes, já que o desmatamento no Brasil, lar da maior parcela da Amazônia, atingiu este ano seu ponto mais alto em mais de uma década, sob a administração do presidente Jair Bolsonaro.
Brasil e Bolívia também lutaram para conter incêndios florestais maciços em 2019.
Em toda a bacia amazônica, mais árvores estão sendo cortadas ou queimadas para abrir terras para a agricultura e a criação de gado, juntamente com mineração e extração ilegal de madeira, em grande parte não verificadas, dizem ambientalistas.
Leia mais: Desmatamento na Amazônia em junho cresce quase 60% em relação ao mesmo período em 2018
A Noruega suspendeu em agosto suas doações apoiando projetos para conter o desmatamento no Brasil depois que o governo brasileiro do país bloqueou as operações do fundo que recebe a ajuda, disse o ministério norueguês de Clima e Meio Ambiente.
Do total de US$ 366 milhões (R$ 1,5 bi) prometidos até 2025 para proteger a floresta tropical da Colômbia e promover seu uso sustentável, até US$ 260 milhões (R$ 1 bi) serão pagamentos por reduções de emissões alcançadas, segundo o anúncio.
Outros US$ 106 milhões (R$ 436 milhões) ajudarão a Colômbia a cumprir suas metas de preservar florestas.
Na semana passada, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles , disse que o BNDES havia enviado a minuta do novo Fundo aos doadores. Nem a Alemanha nem a Noruega disseram se concordam com a nova proposta de governança elaborad pelo governo Bolsonaro .
Viu isso? Fim do Fundo Amazônia pode acelerar desmatamento
Uma deles é começar a restaurar 200 mil hectares de floresta até 2022, inclusive em áreas que abrigam comunidades indígenas. A Colômbia também planeja apoiar pequenos agricultores e pecuaristas a produzir de maneiras mais sustentáveis.
Desde 2015, o país recebe dezenas de milhões de dólares em pagamentos da Noruega, Alemanha e Grã-Bretanha por cumprir metas de redução de emissões pela desaceleração do desmatamento.
Os pagamentos são geralmente distribuídos aos agricultores, bem como a comunidades e grupos indígenas e autoridades ambientais locais que trabalham com proteção florestal.
*A jornalista viajou a convite do Instituto Clima e Sociedade (iCS)