Durante reunião nesta segunda-feira com todos os ministros, o presidente da Argentina, Mauricio Macri, afirmou que “por enquanto, não é um golpe de Estado” a situação de pressão na Bolívia que levou à renúncia do presidente Evo Morales.
Antes de entrar para a reunião, ele disse à imprensa que “todos estão preocupados com a Bolívia”. Em entrevista coletiva na Casa Rosada, sede do governo argentino, o chanceler Jorge Faurie informou que uma parte da reunião habitual do gabinete tratou do conflito no país vizinho. Segundo ele, “não há elementos para descrever isso como um golpe de Estado existente”.
“É óbvio que há um vazio institucional, mas neste momento não estão os elementos para descrever isso como um golpe de Estado: cremos que é muito importante o papel das Forças Armadas e de Segurança para garantir a vida institucional da Bolívia e não assumir um papel de protagonista que vá além do permitido pelas leis”, disse o ministro.
Para o governo Macri, o processo ainda está em curso e somente seria definido como golpe de Estado se as Forças Armadas ou alguém assumir o poder sem respeitar os mecanismos constitucionais.
Faurie também negou todos os rumores dissipados desde ontem de que Morales havia pedido asilo ao governo argentino e tenha sido negado. “Houve muitas versões de todo tipo sobre as circunstancias do ex-presidente Evo Morales.
Em nenhum momento recebemos algum pedido de asilo por parte dele, nem de voo no espaço aéreo argentino”, afirmou Faurie. O chanceler destacou que a posição diplomática argentina em situações de perigo de vida, quando solicitam asilo, é de receber o pedido e avaliar.
Ele disse que o impasse deve durar até que a Assembleia Legislativa da Bolívia decida na terça-feira quem vai assumir interinamente e como seguirá o processo. O chanceler disse esperar que a Assembleia convoque as eleições gerais em 90 dias.
A posição de Mauricio Macri sobre a crise na Bolívia levou a um novo atrito com o presidente eleito, Alberto Fernández, que pediu a ele uma declaração conjunta de forte repúdio ao “golpe de Estado”. Porém, o comunicado oficial da Argentina somente fez um chamado aos diferentes atores políticos do país vizinho para preservar a paz e o diálogo em busca de uma solução pacífica.