O líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), afirmou nesta quarta-feira, em fala no plenário da Casa, que seguiu determinação do presidente Jair Bolsonaro ao orientar que deputados votassem a favor de destaque que sugeria a flexibilização do congelamento de salários no projeto de socorro a Estados e municípios. A iniciativa foi classificada, nos bastidores, como uma “facada” no ministro da Economia, Paulo Guedes.
“Não seria razoável que nos contrapuséssemos a essa medida, sabendo que prejudicaríamos, na ponta da linha, profissionais tão dedicados, como os de saúde e de segurança pública. Não estávamos concedendo aumento a ninguém”, disse Vitor Hugo, acrescentando que já havia clima de aprovação em relação ao destaque.
“Feita essa avaliação, liguei para o presidente e me certifiquei de que essa era a melhor solução. O presidente falou para eu fazer dessa maneira e vamos acompanhar para privilegiar esses profissionais que estão na ponta da linha e assim aconteceu. A exclusão da expressão ou da frase 'desde que, diretamente envolvidos ao combate ao coronavírus', foi uma determinação do presidente da República, cumprida pelo líder do governo na Câmara, uma vez que sou líder do governo e não o líder de qualquer ministério”, completou.
Ontem, a Câmara aprovou, por 298 a 25, destaque do PP que propôs a retirada do projeto de socorro a Estados e municípios do trecho que diferenciava que apenas profissionais ligados ao combate ao coronavírus poderiam ser beneficiados e não teriam seus salários congelados por 18 meses como contrapartida para que os entes federativos recebessem a ajuda. Vitor Hugo orientou voto a favor da emenda.
A mudança determinou a retirada do trecho “desde que diretamente envolvidos no combate à pandemia do COVID-19” da regra que prevê que profissionais e servidores civis e militares, incluindo policiais legislativos, técnicos e peritos criminais, agentes socieducativos, limpeza urbana, assistência social, profissionais de saúde e professores estão a salvo das restrições impostas.
Antes do desabafo, o líder do governo na Câmara negou que tenha traído o chefe da equipe econômica e chegou a destacar sua competência de Guedes.
No Ministério da Economia, o discurso de Vitor Hugo foi visto como uma admissão de que ele agiu sem aval do ministro e à revelia da posição de Guedes.