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Louco pelo Brasil, porta-bandeira de Tonga avisa: "Não era óleo de bebê"

Lutador de taekwondo explica que loção de coco feita pelo primo é tradicional em grandes eventos em seu país e se declara: "Sinto que sou um pouco brasileiro agora"

Por Rio de Janeiro

 

Quando Pita Taufatofua entrou no Maracanã na noite de sexta-feira com a bandeira de Tonga, sem camisa e com o corpo coberto de óleo, a internet surtou. Normal, né? Em tempos de zoeira automática, mais de 3 bilhões de pessoas no mundo inteiro viram aquela imagem. Quando acabou a cerimônia, Pita já era uma celebridade. O lutador de taekwondo só vai competir no dia 19, na categoria até 80kg. Até lá, terá duas semanas de fotos, autógrafos e abordagens de todo tipo. Ele adora. À vontade no papel de novo astro olímpico, solta uma risada ao mandar um recado para os zoeiros da web: aquilo não era óleo de bebê, ok?

Pita Nikolas porta-bandeira (Foto: Reuters)Bombou na web: Pita durante a cerimônia (Foto: Reuters)

- Era um óleo de coco, não era óleo de bebê. Foi feito pelo meu primo. Na cultura de Tonga, é tradicional, quando há um grande evento, nós usamos o óleo. Precisamos de um tempo para fazer a roupa. Foi feita especialmente para a cerimônia. E o que segurava a roupa era uma espécie de corda feita por uma tia minha, que já morreu - contou Pita ao GloboEsporte.com, durante um passeio pela zona internacional da Vila Olímpica na tarde de sábado.

Após a cerimônia, ele só conseguiu deitar para dormir às 7h da manhã. Acordou na hora do almoço e depois resolveu dar uma voltinha pela Vila. Até conseguiu cruzar o gramado sem muito assédio. Foi até a lojinha dar uma olhada e voltou para a área residencial. Parou para entrevistas apenas duas vezes. Mas lá dentro da Vila, sossego é coisa do passado.

- Eu não consigo mais andar por lugar nenhum sem as pessoas pedindo para tirar fotos, fazer entrevistas. Mas faz parte do jogo. Minhas redes sociais foram inundadas. Não consigo mais ler todas as mensagens. Não consigo nem adicionar as pessoas, porque são muitos pedidos - diverte-se o lutador de 32 anos.

Pita Taufatofua porta-bandeira de Tonga, na Vila (Foto: Rodrigo Alves/GloboEsporte.com)Ressaca do dia seguinte: o lutador de Tonga passeou pela Vila no sábado (Foto: Rodrigo Alves/GloboEsporte.com)

Pita é viciado em redes sociais, e não é raro encontrar fotos dele no Facebook e no Instagram sem camisa - ok, mas sem óleo.

Pita Nikolas Taufatofua porta-bandeira de Tonga, sobrinha vendo TV (Foto: Reprodução)A sobrinha de Pita em casa, a milhares de quilômetros, vendo o tio na cerimônia (Foto: Reprodução)

Herança dos tempos em que era modelo. Hoje ele treina em Brisbane, na Austrália, mas anda obcecado pela missão de promover o esporte no Reino de Tonga, arquipélago que integra a Polinésia, na Oceania, com pouco mais de 100 mil habitantes.

O dia a dia difícil do outro lado do mundo fez com que Pita viesse ao Brasil - quase literalmente - de peito aberto.

- Nós somos de um lugar onde as dificuldades são reais. Nós passamos dificuldades todo santo dia. Vírus da zika? Você não pode viver sua vida com medo. Viemos para o Brasil com a mente aberta. Com que frequência eu tenho a oportunidade de vir ao Rio? Não há nada negativo para dizer sobre o Brasil. Eu sinto que sou um pouco brasileiro agora.

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Pita Nikolas Taufatofua porta-bandeira de Tonga, na Vila (Foto: Rodrigo Alves/GloboEsporte.com)Nova rotina: após o sucesso na cerimônia de abertura, Pita dá entrevista na Vila (Foto: Rodrigo Alves/GloboEsporte.com)

A cerimônia de abertura na noite de sexta ajudou bastante a estreitar os laços com o povo brasileiro. Não só pela repercussão do desfile sem camisa, mas pela festa que ele viu de perto.

- O Brasil fez a cerimônia mais incrível. Só de andar até o estádio, com a energia das pessoas, só isso já me deixou muito animado. Muita gente me perguntava se eu estava nervoso. Não! Nervoso? Tenho milhares de brasileiros me incentivando. Quando entrei no estádio, fiquei extasiado com o que vocês fizeram aqui - afirma.

Pelo visto, a internet também ficou extasiada com o que ele fez.