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Política Eleições 2020

Com crise da Saúde, 72% reprovam gestão Crivella, segundo Datafolha

Prefeito tem o menor índice de “ótimo ou bom” (8%) de toda a série histórica, iniciada em 1993. Gestão de hospitais e postos é citada como principal problema, seguida pela Segurança Pública
Com crise da Saúde, 72% reprovam gestão Crivella, segundo Datafolha Foto: Editoria de Arte
Com crise da Saúde, 72% reprovam gestão Crivella, segundo Datafolha Foto: Editoria de Arte

RIO — A crise da Saúde no Rio levou o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) a atingir a pior avaliação de seu governo. A pesquisa Datafolha , encomendada pelos jornais O GLOBO e “Folha de S.Paulo”, aponta que 72% dos entrevistados consideram a gestão do prefeito ruim ou péssima, enquanto o índice de ótimo ou bom ficou em 8% e o de regular é de 20%. A maior preocupação dos cariocas é, justamente, com os hospitais e postos de saúde. Para 68%, a área é o principal problema da cidade do Rio.

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A Saúde do Rio está diante de uma crise, com a paralisação de médicos e fechamento de unidades de saúde por conta de salários atrasados e a falta de pagamento do 13º. Crivella chegou a pedir “piedade”, em recurso enviado ao Tribunal Superior do Trabalho (TST), para usar verbas federais na tentativa de pagar funcionários de Organizações Sociais (OSs) que administram unidades. Na semana passada, o prefeito conseguiu fechar em Brasília um acordo que, segundo fontes que acompanham a crise, vai transferir cerca de R$ 150 milhões para o município.

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No levantamento anterior, feito em outubro de 2017, a Segurança Pública era considerada o principal problema da cidade, citada por 38% dos entrevistados. A Saúde aparecia em segundo, com 27%. Ou seja: em pouco mais de dois anos, o funcionamento de hospitais e postos de saúde não apenas se tornou a principal preocupação, como esse índice mais do que dobrou. Entre os mais jovens, diminui o percentual dos que veem a Saúde como principal problema e aumentaram as citações à Segurança. A Educação apareceu novamente como a terceira área mais citada, mas o percentual caiu de 9%, no levantamento anterior, para 3%.

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Recorde

Em levantamentos anteriores e ainda sem o agravamento da crise na Saúde, Crivella havia obtido melhores índices de aprovação. Em outubro de 2017, o percentual dos que citaram seu governo como ótimo ou bom era de 16%. Em março do ano passado, caiu para 9%. Já os que consideravam sua gestão regular somavam 39% e, depois, 27%. Por fim, os que a avaliam como ruim ou péssima eram 40% no primeiro levantamento e 61% na pesquisa seguinte.

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A taxa atual de reprovação ao governo de Crivella é a mais alta da série histórica do Datafolha para a prefeitura do Rio, iniciada em junho de 1993, ainda no primeiro mandato de Cesar Maia. Até então, o índice mais alto de reprovação havia sido do próprio Maia, quando 56% apontaram o governo dele como ruim ou péssimo em junho de 1994.

Pesquisa Datafolha sobre principal problema da cidade do Rio Foto: Editoria de Arte
Pesquisa Datafolha sobre principal problema da cidade do Rio Foto: Editoria de Arte

Ao longo do mandato, Crivella viveu períodos de instabilidade política e perdeu aliados. O momento de maior fragilidade ocorreu com os pedidos de impeachment. Em junho deste ano, a Câmara Municipal do Rio rejeitou três deles. Os vereadores votaram pelo arquivamento das denúncias relativas a supostas irregularidades na renovação do contrato da exploração do mobiliário urbano por empresas de publicidade. Ao todo, 13 vereadores votaram pelo impeachment, 35 pelo arquivamento e um se absteve.

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Ligado à Igreja Universal, Crivella tem aprovação acima da média apenas entre evangélicos, segmento em que 14% dos entrevistados classificam o governo como ótimo ou bom. A reprovação neste grupo, no entanto, é majoritária (56%). Entre os moradores do Rio com nível superior, 84% reprovam a gestão do prefeito e, entre adeptos de religiões afro-brasileiras, esse índice chega a 95%.

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Em um cruzamento entre as avaliações das gestões de Crivella e do presidente Jair Bolsonaro, verifica-se que o índice de reprovação ao atual prefeito atinge 86% entre aqueles que também consideram o governo do presidente ruim ou péssimo.

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De olho na reeleição, Crivella tem tentado se aproximar de Bolsonaro. O prefeito vem participando de eventos ao lado do presidente e conta com a possibilidade de ter na chapa algum indicado dele. Bolsonaro ainda não definiu quem será o candidato sob sua chancela — se é que haverá. O presidente fundou neste mês o partido Aliança pelo Brasil, que deu início à coleta de 491 mil assinaturas em busca de homologação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Caso o partido não seja homologado a tempo das eleições de 2020, as chances de Bolsonaro lançar candidatura própria a prefeituras caem consideravelmente.

Nota média de 2,6

Outro cruzamento feito pelo Datafolha é entre as avaliações do governador Wilson Witzel e de Crivella. O desempenho do prefeito do Rio é classificado como ruim ou péssimo pela maioria dos que avaliam a gestão de Witzel como regular, ruim ou péssima. Além disso, quase metade (48%) dos que aprovam o desempenho do governador do Rio consideram a gestão de Crivella ruim ou péssima.

Pesquisa Datafolha sobre principal problema da cidade do Rio hoje em dia Foto: Editoria de Arte
Pesquisa Datafolha sobre principal problema da cidade do Rio hoje em dia Foto: Editoria de Arte

O Datafolha perguntou aos entrevistados que nota eles atribuíam ao desempenho de Crivella na prefeitura e a média foi 2,6. Esse também é o pior nível obtido pelo prefeito, em comparação com os dois levantamentos anteriores, quando ele atingiu 4,5 (em outubro de 2017) e 3,2 (em março do ano passado).

O Datafolha fez 872 entrevistas na cidade do Rio de Janeiro com pessoas de mais de 16 anos, entre os dias 11 a 13 de dezembro. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.