Tecnologia

Por Daniel Silveira, G1 — Rio de Janeiro


Dados divulgados nesta quarta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que 45,9 milhões de brasileiros ainda não tinham acesso à internet em 2018. Este número corresponde a 25,3% da população com 10 anos ou mais de idade.

O levantamento foi feito no quarto trimestre de 2018 por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD).

Um ano antes, o número de brasileiros que não tinham acesso à rede mundial de computadores era de 54,5 milhões, o que correspondia a 30,2% da população com 10 anos ou mais de idade.

Isolamento expõe problema crônico do Brasil: 20% da população não tem acesso à internet

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Isso significa que, em um ano, o número de internautas no Brasil aumentou em 10 milhões de pessoas – mesmo crescimento registrado na passagem de 2016 para 2017. Havia no país, ao final de 2018, 135,9 milhões de pessoas com acesso à internet.

Dentre os que não acessavam a internet, a maioria alegou não saber utilizá-la ou não ter interesse. Veja abaixo os principais motivos apontados para o não uso da rede:

— Foto: Juliane Souza/G1

Dos 45,9 milhões de brasileiros que não acessavam a internet, 32,2 milhões viviam em área urbana e 13,7 milhões, em área rural.

Regionalmente, o maior número dessas pessoas vivia no Sudeste, região que concentra a maior parte da população do país. Porém, as regiões Nordeste e Norte eram as que apresentavam maior percentual, entre a população local, de pessoas que não acessavam a rede: 36% e 35,3%, respectivamente.

Nas demais regiões, o percentual de pessoas que não acessavam a internet era menor que a média nacional: 18,5% no Centro-Oeste, 18,9% no Sudeste e 21,8% no Sul.

Distribuição regional do número de pessoas que não acessa a internet — Foto: Economia G1

Situação por domicílio

Segundo o IBGE, o acesso à internet estava presente em 79,1% dos domicílios do país em 2018. Um ano antes, este percentual era de 74,9%, o que representa um aumento de 4,2 pontos percentuais (p.p.) em um ano.

“O crescimento mais acelerado da utilização da Internet nos domicílios da área rural contribuiu para reduzir a grande diferença em relação aos da área urbana”, destacou o IBGE.

Enquanto na área urbana o percentual de domicílios com acesso à internet passou de 80,2% para 83,8% (alta de 3,6 p.p.), na área rural ele saltou de 41% para 49,2% (alta de 8,2 p.p.). “Este crescimento ocorreu em todas as Grandes Regiões”, enfatizou o IBGE.

Nos domicílios onde não havia acesso à internet, a falta de interesse pela web foi o principal motivo apresentado para justificar a ausência de conexão à rede. O desinteresse era maior em área urbana (39,4%) que em área rural (24,8%).

O segundo principal motivo para o não uso da internet foi financeiro. Entre os domicílios urbanos que não tinham acesso à rede, 25,9% alegaram que o serviço era caro, enquanto na área rural esse percentual foi de 24,8%. O terceiro principal motivo foi não saber usar a internet (26,1% entre os domicílios urbanos e 20,7% entre os domicílios rurais).

Vale destacar que em 20,8% dos domicílios rurais que não tinham acesso à internet o motivo apresentado foi a ausência do serviço na localidade. Entre os domicílio urbanos, apenas 1% alegou que não havia oferta do serviço de internet no local.

Desigualdade de renda

Embora o fator financeiro não tenha sido apontado como principal justificativa para o não uso da internet, o IBGE destacou ser grande a diferença de renda entre os domicílios onde havia conexão e aqueles sem acesso.

O rendimento real médio per capita nos domicílios em que havia utilização da Internet era de R$ 1.769, quase o dobro do rendimento dos que não utilizavam a rede, que foi de R$ 940. “A grande diferença entre esses dois rendimentos foi observada em todas as Grandes Regiões”, ressaltou o IBGE.

Mais celular, menos computador

Em quase todos os domicílios onde havia acesso à internet (99,2%), o telefone celular era usado para a conexão. Desde 2015 o aparelho de telefonia móvel se consolidou como principal meio para os brasileiros se conectarem à rede.

O IBGE destacou que, em 2018, o celular era o único meio de acesso à internet em 45,5% dos domicílios do país. Em 2017, esse percentual era de 43,3%.

Já o computador tem sido cada vez menos utilizado. Em 2018, ele era usado em 48,1% dos domicílios do país, sendo que em apenas 0,5% deles se configurava como único meio de acesso à internet. Um ano antes estes percentuais eram, respectivamente, de 52,4% e 0,9%.

Também caiu o uso do tablet. O aparelho era usado em 13,4% dos domicílios brasileiros em 2018. Um ano antes esse percentual era de 15,5%.

Já a televisão tem sido cada vez mais usada para acessar a internet. O aparelho foi usado para conexão em 23,3% dos domicílios em 2018, ante 16,1% registrado no ano anterior.

Idosos cada vez mais conectados

A pesquisa do IBGE mostrou que o grupo na faixa etária entre 20 e 24 anos é o que mais utiliza a internet – 91% das pessoas com essa faixa de idade se conectava à rede. Entre aqueles com mais de 60 anos de idade, apenas 38,7% acessava a internet.

Porém, foi entre os idosos que se observou o maior aumento no número de internautas – movimento semelhante ao observado no ano anterior. Dos 10 milhões de novos usuários da internet no Brasil, 3 milhões tinham mais de 60 anos de idade.

Segundo o IBGE, o aumento do público idoso entre os internautas pode estar relacionado à “evolução nas facilidades para o uso desta tecnologia e na sua disseminação no cotidiano da sociedade”.

Distribuição dos internautas brasileiros por grupo etário — Foto: Economia G1

Troca de mensagens e vídeos online

A pesquisa evidenciou que o internauta brasileiro prioriza o uso da internet para conversar com outras pessoas e para assistir a vídeos online. Segundo o IBGE, o uso da internet para para enviar ou receber mensagens de texto, voz ou imagens se manteve estável na passagem de 2017 para 2018.

Porém, o instituto observou que houve “nítida tendência de crescimento” no acesso à rede para conversar por chamadas de voz ou vídeo e para assistir a vídeos, inclusive programas, séries e filmes. Já o uso para enviar e receber e-mails apresentou queda no mesmo período.

Veja abaixo os principais dados sobre o uso da internet no Brasil:

— Foto: Rodrigo Sanches/G1

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