Internacional e Commodities

Por Valor, Com Agências Internacionais — São Paulo

A recuperação da economia europeia perdeu força em agosto, enquanto o Japão registrou uma queda na atividade. Os dados são um sinal de que o retorno aos níveis pré-pandemia provavelmente será lento e desigual enquanto a possibilidade de novos surtos da covid-19 ainda estiver no radar.

Países de todo o mundo tiveram contrações recordes no segundo trimestre deste ano, período em que os governos decretaram ‘lockdowns’ para conter a disseminação do vírus e paralisaram a economia global.


Com muitas dessas restrições suspensas desde o fim de maio e o início de junho nas principais economias globais, analistas projetavam uma grande recuperação da atividade até setembro. No entanto, dados começam a sugerir algo diferente.

Os índices gerentes de compra (PMI) na Europa e no Japão divulgados hoje mostram que a retomada pode ser mais lenta do que o esperado, com fluxos de comércio internacional interrompidos e fraca demanda por serviços que exigem proximidade física atrapalhando a recuperação.

A IHS Markit informou hoje que o PMI composto na zona do euro, uma medida da atividade dos setores de manufatura e serviços, caiu de 54,9 em julho para 51,6 em agosto. A leitura acima de 50 ainda indica crescimento, mas em um ritmo mais lento do que no mês anterior.

Dados similares sobre os Estados Unidos serão divulgados ainda hoje, mas as expectativas é que eles também mostrem que a recuperação perdeu força.

A desaceleração na Europa ocorre em um momento de ressurgimento do vírus. Os governos da região estão correndo para evitar uma segunda onda da pandemia. Ainda assim, a nova alta dos casos atingiu o setor de serviços de maneira particularmente forte. A indústria do turismo foi novamente afetada em meio ao verão, período mais movimentado do ano.

“A recuperação foi prejudicada por sinais de aumento de casos do vírus em várias partes da área do euro, com novas restrições afetando o setor de serviços em particular”, disse Andrew Harker, economista da IHS Markit.

Embora o número de pessoas infectadas pelo vírus na Europa tenha crescido nas últimas semanas, as pessoas afetadas eram, em média, muito mais jovens do que na primeira onda, o que não provocou um aumento significativo nas hospitalizações. Segundo economistas, isso torna menos provável que os governos voltem a adotar confinamentos generalizados, o que manteria a zona do euro em recessão por mais tempo.

“Para a economia, essas são indiscutivelmente as métricas mais importantes, pois é o medo de os hospitais serem incapazes de lidar com o problema que levou os governos a tomarem medidas drásticas da primeira vez”, disse Andrew Kenningham, da Capital Economics.

Para Martin Moryson, economista-chefe para Europa do fundo de investimentos DWS, a alta de casos, os alertas para evitar viagens e as preocupações de que as restrições voltem estão por trás dos números mais fracos divulgados hoje. “Isso levanta questões se todos os empregos salvos por esquemas de curto prazo podem ser salvos a longo prazo”, disse ele.

Já Christoph Weil, economista do Commerzbank, prevê que, com a desaceleração, é pouco provável que a economia da zona do euro recupere os níveis pré-pandemia antes de 2022. Para ele, os dados confirmam que não haverá recuperação em V na região.

“O novo aumento das infecções diminuiu severamente as esperanças de uma maior flexibilização das restrições. Em alguns países, as restrições foram até mesmo reforçadas novamente, com partes do setor de serviços, em particular, sofrendo”, afirmou Weil.

O estrategista global de mercado do JP Morgan Asset Management, Jai Malhi, concorda que o ressurgimento do vírus está ligado à desaceleração da retomada da economia europeia. “Não é coincidência que a recuperação tenha perdido ritmo à medida que as preocupações com novas infecções cresceram”, afirmou.

Especialistas em saúde pública afirmam que agora os governos sabem mais sobre como o vírus é transmitido e aprimoraram os sistemas de testes e rastreamento de casos, o que permite respostas mais localizadas ao surto.

“Não voltamos a fevereiro. Sabemos como atacar o vírus em vez de atingir a sociedade”, afirmou Hans Kluge, diretor regional para Europa da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em contraste com o setor de serviços, algumas indústrias da Europa registraram mais um mês de forte crescimento em agosto, com as empresas alemãs citando um aumento nos pedidos na China. No entanto, as companhias francesas não tiveram o mesmo desempenho e registraram uma desaceleração drástica na produção.

A economia da zona do euro recuou mais fortemente que os EUA no segundo trimestre, uma indicação que os bloqueios na Europa foram mais restritivos e duradouros. Políticos europeus esperavam que, ao controlar mais firmemente o vírus, a economia teria uma recuperação mais forte durante o restante do ano e em 2021.

Se os sinais dados pelos PMIs forem apoiados por outros indicadores econômicos, que comprovem que a recuperação está mais lenta do que o esperado, é provável que o Banco Central Europeu (BCE) forneça mais estímulos nos próximos meses.

Ontem, os membros do BCE sinalizaram estar prontos para lançar novos estímulos monetários em outono. O temor é que a Europa enfrente uma onda de falências de empresas e aumento do desemprego.

No Japão, o Produto Interno Bruto (PIB) recuou 7,8% no segundo trimestre, uma queda menos intensa que as registradas por EUA e Europa, em parte porque a economia do país já caminhava para a recessão antes mesmo da chegada da pandemia.

O PMI japonês indicou que a economia demorará a ter um crescimento econômico significativo. Em agosto, a leitura permaneceu em 44,9, inalterada em relação ao mês de julho.

“A segunda onda do vírus paralisou a recuperação, mas não causará uma nova desaceleração”, afirmou Marcel Thieliant, economista da Capital Economics.

O Reino Unido foi uma exceção à desaceleração em agosto na Europa. O PMI composto do país subiu para 60,3 em agosto, ante a 57 em julho, a maior leitura registrada em quase sete anos.

No entanto, o ‘lockdown’ britânico foi um dos últimos a ter sido flexibilizado na Europa. O PIB do país recuou 20,4% no segundo trimestre, o pior desempenho entre as principais economias globais.

Este conteúdo foi publicado originalmente no Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor.

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