Por Wesley Bischoff, G1 PR — Ponta Grossa


Malton Carvalho Fraga analisou amostras coletadas durante 30 anos pela UFPR — Foto: Arquivo Pessoal

Um jovem pesquisador que descobriu novas espécies de serpente e estrela-do-mar, na região dos Campos Gerais do Paraná, que fica atualmente a 200 km do oceano, ganhou um prêmio internacional de paleontologia.

Malton Carvalho Fraga, de 23 anos, descobriu as espécies ao analisar amostras colhidas na região durante um projeto de iniciação científica da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

O prêmio internacional de paleontologia foi concedido pela Associação Paleontológica do Reino Unido (The Palaeontological Association). O resultado foi divulgado no mês de julho.

Paranaster crucis, a 'Estrela do Paraná', descoberta recentemente pelo jovem pesquisador — Foto: UFPR/Divulgação

De acordo com a UFPR, essa é a primeira vez que um aluno da instituição recebe o prêmio, que é voltado para pesquisadores que estão na graduação. Malton explicou que a indicação foi feita pelo Departamento de Geologia da instituição.

"Foi inesperado. Não é um prêmio em dinheiro, mas o que eu acho legal é que é um prêmio só para graduação e, geralmente, no universo da paleontologia, as pessoas só começam a aprofundar nesse tema na pós-graduação", disse.

O estudante contou que ficou muito feliz com o prêmio e que a nomeação representa um pagamento por todo o esforço que fez durante os anos que se dedicou ao projeto.

"Não foi fácil. Quantas vezes eu fiquei aqui nas férias todos os dias escrevendo, aprofundando, lendo trabalhos. Mas eu gostava disso, era muito animador. Valeu a pena ter dedicado tudo o que eu dediquei", afirmou.

O estudo

O projeto que descobriu as novas espécies paranaenses durou aproximadamente três anos e foi publicado em uma revista científica internacional no começo de 2020.

Malton analisou amostras colhidas nas últimas três décadas, com fósseis mais antigos que os dinossauros, com idade entre 359 milhões e 416 milhões de anos.

As amostras de espécies marinhas encontradas em cidades que estão atualmente a cerca de 200 km de distância do oceano atestam que a região dos Campos Gerais do Paraná já foi coberta pelo mar há milhões de anos.

Durante o estudo, o pesquisador descobriu que as amostras coletadas não se encaixavam em nenhum gênero de espécies já catalogadas.

Por conta disso, para a estrela-do-mar, foram nomeados a família Paranasteridae, o gênero Paranaster e a espécie Paranaster crucis. Em relação à serpente-do-mar, foi criada a espécie Marginix notatus.

Os termos gênero, família e espécie são usados na biologia para a classificação dos seres vivos.

O pesquisador explicou que o gênero Paranaster é uma homenagem ao Paraná, sendo que 'aster' significa estrela, ou seja a "Estrela do Paraná".

Além disso, o universitário também revisou uma descoberta publicada em 1913, ao perceber que uma espécie de estrela-do-mar estava catalogada de forma equivocada, criando o gênero Magnasterella.

Marginix notatus é uma espécie de serpente-do-mar — Foto: UFPR/Divulgação

Futuro

Por causa da pandemia, Malton deixou Curitiba, onde cursa o último ano da graduação em geologia, e voltou para sua cidade natal em Minas Gerais.

O estudante deveria apresentar o projeto de conclusão de curso ainda no final deste ano, mas a suspensão das aulas e atividades presenciais devem atrasar a formatura por um ano.

"Tô tentando aproveitar esse tempo para adiantar o máximo possível e fazer com calma as coisas do Trabalho de Conclusão de Curso", disse.

Após terminar a graduação, o pesquisador planeja ingressar em um mestrado na área de paleontologia.

Malton planeja fazer mestrado na área de paleontologia — Foto: Marcos Solivan/UFPR

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