Por Chico Regueira, RJ1


DPU entra com ação para registros oficiais da Covid-19 incluírem cor da pele e território

DPU entra com ação para registros oficiais da Covid-19 incluírem cor da pele e território

Nos registros oficiais das vítimas de coronavírus do Rio, faltam informações fundamentais, como a cor da pele e o bairro onde moravam. A Defensoria Pública da União entrou com uma ação para obrigar que essas informações passem a ser incluídas. Segundo o portal Voz das Comunidades, chega a 192 o número de mortes em favelas do Rio.

O objetivo, segundo a defensora pública Rita Oliveira, é criar um banco de dados que ajude na formulação de políticas públicas. O número de mortes, na última semana, chegou a ser maior nas favelas do Rio do que em 15 estados do Brasil.

"Essa ação visa com que o Ministério da Saúde implemente de forma obrigatória uma política que existe dentro do ministério desde 2009, que é a Política de Atenção à Saúde Integral da População Negra. Essa política exige que os marcadores raciais sejam preenchidos obrigatoriamente nas notificações do Ministério da Saúde. Esses marcadores nós entendemos que são importantíssimos, essenciais para o planejamento das políticas públicas de saúde", explicou.

Passarela da Rocinha exibe faixa "fique dentro de casa!" — Foto: Marcos Serra Lima/G1

Para a epidemiologista Flávia Lopes, a coleta da informação sobre raça, cor e etnia é essencial para a gestão em saúde.

"Como nós sabemos as doenças não se distribuem da mesma forma em todos os grupos populacionais. Então para tomar decisões que respondam às necessidades de cada um dos grupos é preciso saber quanto que a doença está presente nesse grupo ou, no pior cenário, quanto que é presente de morte nesse grupo. Então você não toma decisões que não sejam adequadas em saúde sem informações de qualidade, consistentes e com a completude que a gente precisa."

Ativistas de favelas comentam

Diversos ativistas que estão atuando tentando conter a pandemia do novo coronavírus nas favelas comentaram o avanço da doença.

"O avanço do coronavírus na favela está sendo muito rápido porque uma das principais recomendações é o distanciamento social, é a quarentena. E quando a gente pega essas recomendações e coloca para a favela e a gente pega uma casa onde moram seis pessoas, uma casa com apenas 4 cômodos, é muito difícil para o isolamento social e o distanciamento. Se uma pessoa ali está infectada, as outras vão se infectar muito rápido", explica João Felix, do Grupo Arteiros, da Frente Cdd Contra Covid 19, na Cidade de Deus, na Zona Oeste.

Pamela de Oliveira, do grupo Movimenta Caxias, considera que o perfil racial e social conta na análise de quem é mais afetado pela doença.

"Essa população que tem sido atingida por essas coisas é principalmente a população negra e favelada que, em sua grande maioria, está nesses espaços. Então assim: a Covid-19 tem nos atingido de uma forma diferente e de uma forma bem mais cruel", avaliou.

Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!

Mais lidas

Mais do G1

Sugerida para você