Por Carlos Brito, G1 Rio


'Estamos trabalhando há mais de 12 horas', diz Marcelo Crivella

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O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, admitiu, em entrevista à TV Globo, que houve falha de planejamento e demora nas ações durante temporal no Rio. Segundo informações do RJ2, desde o início da sua gestão a Secretaria de Conservação tinha 200 homens prontos para entrar em ação em caso de chuva, mas só 20 homens foram às ruas na noite de segunda-feira (8), como o próprio Crivella explicou.

"Na verdade, esses homens são contratados. A prefeitura não tem esses homens próprios, nós temos seis empresas que fazem esses contratos, tanto de conservação como de drenagem, são mobilizados, no momento em que a gente precisa a gente chama e as pessoas vêm e trabalham intensamente (...) Foram mobilizados, o que atrasou foi porque houve um trânsito intenso na hora em que as pessoas estavam saindo do trabalho pra ir pra casa, e aí realmente houve atraso nos pontos principais da cidade", disse o prefeito.

Mudança de protocolo

Questionado sobre a demora, o prefeito disse que o protocolo foi mudado após reunião nessa madruga. "O que vamos fazer a partir de agora é reunir, no exato momento em que for pra [estágio de] atenção, o prefeito e mais todos os secretários da cidade, e aí nós vamos decidir juntos em que locais vamos colocar nossas equipes."

Crivella vai rever índice mínimo de chuva para sirenes darem alerta em comunidades do RJ

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Sirenes

Pela manhã, o prefeito anunciou que a prefeitura vai rever o índice mínimo pluviométrico para o acionamento de sirenes em comunidades do Rio. O alerta não tocou no Morro da Babilônia, onde duas pessoas morreram na noite desta segunda (8).

Segundo Crivella, as sirenes não funcionaram na Babilônia porque choveu 39 milímetros em uma hora – abaixo do índice em que elas são disparadas, 45 milímetros. Os alertas soaram em 15 comunidades desde o início das chuvas de segunda, entre elas o Dona Marta, em Botafogo, e a Rocinha.

"Sem dúvida esse incidente na Babilônia vai nos fazer rever essa situação. Lamento profundamente que a Defesa Civil não tenha tido a oportunidade de ir lá, são muitas casas no Rio que são construídas em áreas inapropriadas", disse o prefeito.

Sobre prevenção a chuvas, Crivella diz: "Não fomos prudentes"

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O prefeito disse que os órgãos da prefeitura não foram prudentes com relação aos protocolos para diminuir impacto das chuvas em áreas com grande precipitação em curto espaço de tempo:

"Realmente ontem nós nos cobramos muito pela falta de pessoal na Zona Sul do Rio de Janeiro. Estávamos esperando chegar reboque, turma da Comlurb, da Rio Águas. Resolvemos mudar esse protocolo. Nas próximas chuvas em que tivermos previsão de grande precipitação em curto espaço de tempo, sobretudo na costa, no litoral, nós já teremos que ter esses equipamentos previamente nos locais. Já era uma coisa que tínhamos visto anteriormente. Infelizmente não fomos prudentes para fazer agora. Teremos que ter reboques, pessoal da conservação e da Comlurb esperando previamente nesses locais", explicou o prefeito.

"Vamos estudar, nesses lugares críticos, diminuir ainda mais o índice pluviométrico, para tentar remediar problemas", acrescentou.

Galerias pluviométricas

O prefeito também atribuiu a responsabilidade pelo alagamento ao sistema pluvial da cidade e à ação da Companhia de Estado de Água e Esgoto (Cedae).

“Temos uma fatalidade no Rio de Janeiro. A Cedae, no Rio de Janeiro, não tem rede de esgoto. Então, em muitos lugares da cidade, a companhia joga dejetos na nossa rede pluvial. Isso não deveria acontecer”.

Em nota, a Cedae rebateu as afirmações do prefeito Marcelo Crivella.

“A Cedae rechaça com veemência as declarações inverídicas do prefeito do Rio, Marcelo Crivella, que tenta responsabilizar a companhia pelo caos provocado pelas chuvas que atingiram a Região Metropolitana do Rio. As redes de abastecimento de água e de coleta de esgoto da Cedae não têm nenhuma relação com o sistema de drenagem de águas das chuvas, que são de competência exclusiva dos municípios, como todas as prefeituras sabem. Portanto, não é verdade que a Cedae "joga esgoto" na rede de águas pluviais do Rio, como tem declarado o prefeito Crivella à imprensa”.

Deslizamento de terra no Morro da Babilônia, no Leme, no Rio de Janeiro (RJ), deixa dois mortos na madrugada desta terça-feira (9). A tempestade que caiu no Rio de Janeiro na noite desta segunda-feira (8) deixou três mortos: um homem na Gávea e duas irmãs no Leme. A terça-feira (9) começou com mais chuva — Foto: Jose Lucena/Futura Press/ Estadão Conteúdo

O prefeito também anunciou que pretende negociar com o Jockey Club o espaço para a construção de galerias pluviométricas na região do Jardim Botânico.

Durante a entrevista, o prefeito reconheceu ainda que faltou equipes na Zona Sul na hora mais crítica das inundações e disse que vai mudar o protocolo para deslocar caminhões pra retirar água e outros equipamentos. Ele disse que isso já tinha sido identificado, mas não foram eficientes pra colocar em prática.

Crivella também se queixou de falta de recursos e da falta de retorno pelo pacto federativo para viabilizar projetos que amenizassem os problemas causados pela chuva.

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