Cultura

Sandra Benites se torna primeira curadora indígena de um museu de arte no Brasil

Antropóloga foi anunciada pelo MASP como curadora adjunta de arte brasileira
Sandra é da etnia guarani da aldeia de Porto Lindo, no Mato Grosso do Sul Foto: Marcos Brailko / Divulgação
Sandra é da etnia guarani da aldeia de Porto Lindo, no Mato Grosso do Sul Foto: Marcos Brailko / Divulgação

RIO — A antropóloga, arte-educadora e artesã Sandra Benites foi anunciada como a nova curadora adjunta do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) . Natural da etnia Guarani Nhandewa, da aldeia de Porto Lindo, no Mato Grosso do Sul, ela é a primeira curadora indígena a ser contratada por um museu de arte no Brasil.

Benites é doutoranda em Antropologia Social pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde pesquisa como os guaranis enxergam o corpo feminino. No MASP, ela atuará na curadoria de arte brasileira do instituto.

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— Será um grande desafio pois há atualmente 305 povos indígenas e 274 línguas no Brasil, números que já foram muito maiores, mas foram historicamente apagados. Por isso é importante ocupar esses espaços importantes como o MASP para tratar dessas questões e resgatar essas histórias — afirmou Sandra Benites.

Além da atuação na programação do ano que vem, a contratação de Sandra visa fortalecer a presença de vozes e artes indígenas no museu para 2021, quando ele dedicará toda a sua programação às “Histórias indígenas” ao redor do mundo. Esse projeto foi vencedor do "Sotheby’s Prize", que visa apoiar exposições que exploram temas negligenciados ou sub-representados da história da arte.

A Avenida Paulista, aberta exclusivamente para pedestres e ciclistas aos domingos e feriados Foto: Marcos Alves / Agência O Globo
A Avenida Paulista, aberta exclusivamente para pedestres e ciclistas aos domingos e feriados Foto: Marcos Alves / Agência O Globo

Sandra Benites já foi curadora da exposição "DjaGuata Porã: Rio de Janeiro Indígena no Museu de Arte do Rio" em 2017-18. Ela também é co-curadora da exposição sobre lideranças indígenas no Sesc Ipiranga que será realizada em 2020.

— A cultura guarani tem muito presente essa coisa do diálogo com o outro, a diplomacia, tanto que foram os primeiros a ter contato com os jesuítas — lembrou Sandra — Acho que foi isso que me levou a esse lugar, de poder fazer essa intermediação entre os indígenas, os não-indígenas e a instituição de arte.

Desde 2004 a guarani trabalha ainda com educação indígena. Ela foi professora de arte em uma escola de ensino fundamental em Aracruz, Espírito Santo, na comunidade Guarani entre 2004-2012 e coordenadora pedagógica na Secretaria de Educação em Maricá, no Rio de Janeiro, assessorando escolas indígenas.