Por G1 AM


Festejos de Santa Teresa D'Ávila, padroeira de Tefé, iniciam neste domingo (6) — Foto: Prefeitura de Tefé/Divulgação

Um estudo feito pela Universidade Federal de Pelotas estima que 19,6% da população total de Tefé, no interior do Amazonas, tenha anticorpos para o novo coronavírus, ou seja, 12 mil dos 61.453 habitantes do município estão ou já estiveram com o novo coronavírus. O estudo é um dos maiores do mundo sobre a extensão da pandemia da Covid-19. De acordo com o Governo do Amazonas, Tefé tem 1.322 casos da doença, mais de 10 mil a menos do que foi levantado durante a pesquisa.

(CORREÇÃO: O G1 errou ao informar que a cidade de Tefé tem 210 mil habitantes, conforme pesquisa da Universidade Federal de Pelotas. Na verdade, o município tem 61.453 habitantes. A informação foi corrigida às 10h20 desta terça-feira, 26).

Na pesquisa, Tefé fica atrás somente da cidade de Breves (PA). Lá, a proporção da população que tem ou já teve coronavírus foi estimada em 24,8%, ou seja, cerca de 25 mil dos 103 mil habitantes da cidade estão ou já estiveram infectados.

Um em cada quatro moradores de Breves, no Pará, já teria sido infectado pelo coronavírus

Um em cada quatro moradores de Breves, no Pará, já teria sido infectado pelo coronavírus

Financiada pelo Ministério da Saúde, a pesquisa possui três fases e foi iniciada no dia 14 de maio e realizada em 133 cidades do país, onde pessoas foram entrevistadas e testadas, com a ajuda do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope). Oficialmente, de acordo com os mais recentes dados do governo, o Amazonas tem mais de 30 mil contaminados, com mais de 1,7 mil mortes pela doença.

De acordo com o levantamento feito no estudo, entre as 133 cidades do país, o segundo resultado mais alto foi observado em no município de Tefé, onde estima-se que 41 mil dos 210 mil habitantes do município estão ou já estiveram com o novo coronavírus. A estimativa é de que 19,6% da população tenha anticorpos para o coronavírus.

Ainda de acordo com o estudo, entre as 15 cidades do Brasil com com maiores prevalências, três são do Amazonas. Depois de Tefé, Manaus aparece em quinto lugar, com 12,5%, além de Parintins, como o décimo maior índice, com a estimativa de que 5,0% da população já tenha sido contaminada.

Três cidades do AM entre as 15 cidades do Brasil com com maiores prevalências da Covid-19

  • Tefé - 19,6%
  • Manaus - 12,5%
  • Parintins 5%

Coronavírus em Tefé

Com o aumento no número de casos e mortes, o município de Tefé decretou "lockdown" do dia 5 a 15 de maio, com a suspensão da circulação e aglomeração de pessoas em vias públicas da cidade, além de estabelecimentos comerciais, instituições bancárias e lotéricas. A medida foi prorrogada até a última sexta-feira (22).

A doença também ocorre no sistema prisional da cidade. Por conta da situação, a Defensoria Pública do Estado (DPE-AM) ingressou com pedido de habeas corpus coletivo para que detentos da Unidade Prisional de Tefé diagnosticados com Covid-19 sejam colocados em prisão domiciliar. Cinco presos já foram infectados pelo vírus e Tefé é o 3º município do interior do Amazonas com mais casos da doença, registrando 1.319 confirmações e 49 óbitos, até domingo (24).

Unidade Prisional de Tefé, no Amazonas — Foto: Divulgação

Como é feita a pesquisa

Em 90 cidades do país, os pesquisadores conseguiram testar pelo menos 200 pessoas. Essa amostragem representa pouco mais de um quarto da população brasileira, com 54 milhões de habitantes.

A pesquisa mostra ainda que nas 90 cidades, a proporção de pessoas com anticorpos, que significa que já tiveram ou têm o coronavírus, foi estimada em 1,4%, podendo variar de 1,3% a 1,6% pela margem de erro da pesquisa.

A partir dos resultados dos testes, os pesquisadores calculam que um total de 760 mil brasileiros nestas áreas foram infectados. Na véspera da pesquisa, os números oficiais apontavam, nestas 90 cidades, 104.792 casos confirmados do coronavírus, e 7,6 mil mortes.

Para o coordenador da pesquisa e reitor da UFPel, Pedro Curi Hallal, o número é "preocupante". "Essas outras pessoas que têm o coronavírus e não sabem involuntariametne podem transmitir para outras pessoas. E isso faz com que a epidemia continue crescendo nesse ritmo preocupante que tem ocorrido no Brasil", disse.

"A gente pode dizer, com a maior tranquilidade, com base na nossa pesquisa que a contagem de casos de coronavírus não deve ser feito em milhares, ela já deve ser feita certamente em milhões", diz.

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