Economia

‘É feia mesmo, não é nenhuma mentira', diz Guedes sobre Brigitte Macron

Declaração foi feita em Fortaleza a uma plateia de empresários sobre os comentários de Bolsonaro dirigidos à primeira-dama da França
Ministro da Economia, Paulko Guedes Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS
Ministro da Economia, Paulko Guedes Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS

FORTALEZA - O ministro da Economia, Paulo Guedes, tentou minimizar, nesta quinta-feira,  as declarações do presidente Jair Bolsonaro dirigidas à primeira-dama da França, Brigitte Macron.

Em palestra a cerca de 600 empresários, listou ações da equipe econômica feitas nos últimos meses e afirmou que, apesar dos avanços, a imprensa prefere noticiar atos polêmicos do presidente.

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- O que vejo nos jornais é que ele xingou a (Michelle) Bachelet , que chamou a mulher do (presidente Emmanuel) Macron de feia .

- É feia mesmo, não é nenhuma mentira.

Sob risos da plateia, emendou :

- Não existe mulher feia. O que existe é mulher vista pelo ângulo ruim.

Ao final do evento, ao ser interpelado pela imprensa sobre o endosso à declaração de Bolsonaro, Guedes afirmou que foi em tom de brincadeira.

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- Você viu que nós estávamos em tom de brincadeira, nos divertindo, falando que o presidente tem bons princípios e às vezes extrapola no modo de falar? - disse.

Em tom de irritação, Guedes disse que não iria justificar nada.

- Você viu que o que o presidente da França disse no final: nós devíamos fazer uma intervenção internacional na Amazônia. Vocês deveriam estar criticando isso. O presidente da França estar querendo fazer uma intervenção porque chamaram a mulher dele de feia. Olha só que coisa horrível - disse.

Declaração foi feita em Fortaleza a uma plateia de empresários sobre os comentários de Bolsonaro dirigidos à primeira-dama da França.
Declaração foi feita em Fortaleza a uma plateia de empresários sobre os comentários de Bolsonaro dirigidos à primeira-dama da França.

E acrescentou:

- Quer dizer que se alguém chamar sua mulher de feia você pode fazer uma intervenção internacional? Você apoia uma intervenção? - indagou, encerrando a entrevista coletiva.

Após chamar a primeira-dama da França, Brigitte Macron, de “feia”, o ministro da Economia, Paulo Guedes divulgou uma nota na qual pede desculpas, classifica a fala como uma “brincadeira”, e diz que o objetivo era ilustrar que “questões relevantes” estão sem espaço público.

.“O ministro Paulo Guedes pede desculpas pela brincadeira feita hoje em evento público em Fortaleza (CE), quando mencionou a primeira-dama francesa Brigitte Macron. A intenção do ministro foi ilustrar que questões relevantes e urgentes para país não têm o espaço que deveriam no debate público. Não houve qualquer intenção de proferir ofensas pessoais”, diz a nota de Guedes.

A declaração de Guedes gerou críticas. Em post no Twiter, a economista Elena Landau, ex-diretora do BNDES, disse que ministro tem que ter postura.

Saia Justa

Na semana passada, os presidentes Jair Bolsonaro e Emmanuel Macron trocaram farpas por causa das queimadas na Floresta Amazônica. Macron chegou a chamar Bolsonaro de mentiroso e sinalizou que os franceses poderão não assinar o acordo entre o Mercosul e a União Europeia.

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Na rasteira das discussões, um seguidor publicou uma montagem de fotos dos casais Macron e Bolsonaro em um post no Facebook do presidente brasileiro, com a legenda: “Agora entende por que Macron persegue Bolsonaro?”.

O presidente brasileiro respondeu: “Não humilha cara. Kkkkkkk”.

No dia seguinte, Bolsonaro disse que não endossou o comentário e alegou que falou para  um seguidor seu não "falar besteira." Ele destacou ainda que não se mete na "questão pessoal".

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No entanto, o presidente francês disse que o comentário sobre Brigitte foi "triste" para os brasileiros, uma "vergonha" para as mulheres brasileiras e "extremamente desrespeitoso". Afirmou ainda que "respeita" os brasileiros e que espera que "eles tenham muito rapidamente um presidente que se comporte à altura" do cargo.

Na quarta-feira, o alvo dos ataques de Bolsonaro foi a alta comissária de Direitos Humanos da ONU, a ex-presidente chilena Michelle Bachelet, que criticou políticas do seu governo.

Novamente em um post do Facebook, o presidente brasileiro afirmou que Bachelet está "seguindo a linha" do presidente francês Emmanuel Macron ao se "intrometer nos assuntos internos e na soberania brasileira".

Mas no Twitter,  ele afirmou ainda que "se não fosse o pessoal do [Augusto] Pinochet derrotar a esquerda em 1973, entre eles o seu pai (de Bachelet), hoje o Chile seria uma Cuba". Para Bolsonaro, a alta comissária da ONU está "defendendo direitos humanos de vagabundos".

As declarações foram repudiadas até mesmo pelo presidente chileno, Sebastián Piñera, aliado de Bolsonaro. Ele disse não compartilhar "de forma alguma " com o comentário sobre Bachelet .