Por G1 SP


Professores estaduais de SP são alvo de violência nas escolas

Professores estaduais de SP são alvo de violência nas escolas

Um estudo sobre casos de violência nas escolas divulgado nesta quarta-feira (27) mostra que 44% dos professores da rede estadual de ensino de São Paulo já sofreram agressão verbal na instituição. A pesquisa feita a pedido do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) também indica que as agressões nas escolas, verbais ou fisicamente, aumentaram nos últimos três anos.

O levantamento realizado pelo Instituto Locomotiva a pedido do sindicato dos docentes paulista (Apeoesp), ouviu 702 professores de 155 municípios em todas as regiões do estado entre os dias 1 e 11 de setembro.

Segundo os dados, mais da metade dos docentes diz ter sofrido algum tipo de agressão. Entra elas, as mais frequentes são agressão verbal (44%), discriminação (9%), bullying (8%), furto/roubo (6%), agressão física (5%).

Procurada, a Secretaria Estadual da Educação de São Paulo contestou os dados da pesquisa e informou que irá ampliar o programa de mediação de conflitos (leia mais abaixo).

Entre os relatos de agressão física ouvidos pelos pesquisadores estão casos como o ocorrido no dia 12 de setembro na Escola Estadual Professor Orlando Perez, em São Carlos, no interior. Na ocasião, um adolescente de 15 anos agrediu um professor com um tijolo e danificou o carro dele.

Professor é agredido e tem carro depredado por alunos em São Carlos, SP

Professor é agredido e tem carro depredado por alunos em São Carlos, SP

Levando em conta o número total de profissionais de ensino da rede estadual, o percentual de docentes agredidos corresponde a 104 mil professores agredidos, de acordo com o levantamento.

A agressão ocorrida na escola em São Carlos foi registrada por câmeras de segurança (veja acima). O professor sai da escola e, quando volta, leva um chute do aluno. Mais adiante, ele é chutado novamente e recebe um murro. Num outro ângulo, o garoto pega um pedaço de tijolo e arremessa no carro do professor, que está estacionado. Ele repete a ação em seguida. Pela agressão ele foi suspenso.

No último levantamento, realizado no biênio 2013/2014, o índice de docentes vítimas de agressões foi menor: 44%. Professores que dão aula em escolas de bairros distantes são os que mais sofrem com a violência: 53% deles disseram ter sofrido algum tipo de violência, contra 47% dos que dão aula no Centro.

Violência contra professores em SP
Pesquisa aponta que mais da metade sofreu algum tipo de agressão
Fonte: Instituto Locomotiva

Os pesquisadores também ouviram pais de alunos (600), estudantes maiores de 14 anos (602) e pessoas em geral (649) de 14 cidades, totalizando 2.553 entrevistados.

Alunos

O levantamento também abordou os tipos de agressões que os estudantes da rede sofrem. O percentual foi menor que o visto com os professores: 39%. Segundo os pesquisadores, o percentual representa 802,5 mil estudantes que foram vítimas de agressão.

Violência contra estudantes em SP
Pesquisa aponta que 39% sofreu algum tipo de agressão
Fonte: Instituto Locomotiva

No último levantamento, de 2013/2014, o índice de alunos vítimas de agressões foi menor: 28%. Assim como os professores, alunos de escolas de bairros distantes são os que mais sofrem com a violência: 42% deles disseram ter sofrido algum tipo de violência, contra 27% dos que estudam no Centro.

Causas e soluções

Os entrevistados foram questionados sobre as causas e as soluções para a violência. Cada grupo elencou os três maiores responsáveis pela violência:

Professores

  1. A educação em casa;
  2. Drogas e álcool;
  3. Conflitos entre estudantes.

Estudantes

  1. Conflitos entre estudantes;
  2. Drogas e álcool;
  3. Falta de policiamento.

Pais

  1. Conflitos entre estudantes;
  2. Drogas e álcool;
  3. Falta de policiamento.

População em Geral

  1. Drogas e álcool;
  2. Conflitos entre estudantes;
  3. Falta de policiamento.

Questionados sobre as soluções, indicaram o que acham que é necessário investir:

Professores

  1. Debater o tema em sala de aula;
  2. Investimento em cultura e lazer;
  3. Aumentar o policiamento ao redor da escola.

Estudantes

  1. Aumentar o policiamento ao redor da escola;
  2. Investimento em cultura e lazer;
  3. Equipar as escolas com aparelhos e câmera de segurança.

Pais

  1. Investimento em cultura e lazer;
  2. Equipar as escolas com aparelhos e câmera de segurança;
  3. Aumentar o policiamento ao redor da escola.

População em geral

  1. Investimento em cultura e lazer;
  2. Equipar as escolas com materiais didáticos e pedagógicos;
  3. Aumentar o policiamento ao redor da escola.

Mediação

A Secretaria de Educação contesta os números de aumento da violência apresentados pelo sindicato e diz que aconteceu exatamente o oposto. "O que nós temos é a identificação de uma queda consistente nos últimos três anos no número de ocorrências de violência nas escolas, de acordo com o cadastramento feito pela própria Secretaria", afirma Wilson Levy, chefe de gabinete da pasta.

Para evitar novos casos de agressões, a Secretaria Estadual da Educação informou que todas as 5 mil escolas estaduais contarão com ao menos um educador capacitado para prevenir desentendimentos, aproximando alunos, educadores, equipe gestora e família.

Atualmente, a rede conta com 3,5 mil profissionais-mediadores (sendo 2,3 mil vice-diretores e 1,2 mil professores). O objetivo, segundo a secretaria, é que esse número salte para 6.795 educadores-mediadores (5 mil vice-diretores e 1.795 professores).

“A capacitação ocorrerá via curso específico elaborado pela Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Professores (EFAP), da secretaria. O objetivo é conhecer a fundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), além de aprender técnicas de justiça restaurativa”, disse nota divulgada na terça-feira (26).

Para definir qual escola vai precisar de mais de um mediador, a pasta irá usar um novo critério que mescla vulnerabilidade social e notificação de casos de violência. Ou seja, terão preferência escolas em locais mais violentos e com mais registros de agressões (incluindo física, indisciplina e bullying).

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