Por France Presse


A inflação na Argentina continua a subir, atingindo 4,7% em março, e acumula 11,8% no primeiro trimestre, número que complica a reeleição do presidente liberal Mauricio Macri, atingido por uma crise econômica que não arrefece.

Segundo a publicação do Instituto de Estatística do Estado (Indec) na terça-feira (16), o índice de preços dos últimos doze meses subiu para 54,7%, um dos mais altos do mundo, com aumentos significativos nos setores de transporte (67,5%) e alimentos (64%).

Diante dos aumentos, o Banco Central local decidiu que faixa de flutuação cambial na Argentina, que era ajustada a cada mês, vai ficar fixa até o fim de 2019.

O governo considerou que a desvalorização do peso, que acumula 9% no ano, é a principal causa da disparada inflacionária.

Em Buenos Aires, manifestante segura cartaz contra o novo pedido de ajuda da Argentina ao FMI — Foto: Martin Acosta/Reuters

Os elevados níveis dos preços ao consumidores ocorrem em um contexto de recessão econômica, com queda de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019, e de um duro plano de ajuste fiscal.

A pobreza atingiu 32% e o desemprego 9,1% da população no ano passado, segundo dados oficiais.

Novas medidas

A quase seis meses depois do primeiro turno das eleições presidenciais, Macri - cujo desempenho nas pesquisas começa a apresentar problemas - deve anunciar na quarta-feira (17) uma série de medidas para reativar o consumo.

Esse plano incluiria um acordo para congelar os preços de cerca de 40 commodities, além de linhas de crédito.

O presidente corre contra o tempo para mostrar resultados antes das eleições presidenciais.

"A inflação, quando passa de certos níveis, transforma os governos. E esse tem pouco tempo para reverter a situação e recuperar a credibilidade", alertou Hector Rubini, economista da Universidade del Salvador.

Segundo Rubini, o mais difícil para a população é a combinação de restrição de gastos públicos com o aumento de preços.

"Atacar a inflação requer decisão política e poder político, o governo requer apoio de empresas e sindicatos para que não haja indexação dos contratos, de qualquer tipo de contrato", afirmou.

A crise econômica argentina foi desencadeada há um ano com uma corrida cambial. Para enfrentá-la, o governo foi ao Fundo Monetário Internacional (FMI), com o qual acordou um empréstimo de US$ 56 bilhões em quatro anos. Até agora, recebeu US$ 38,9 bilhões.

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