Por G1 PE


Com crianças nos braçoes, representante da UMA chamaram a atenção das autoridades de saúde de Pernambuco — Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press

Familiares de bebês com microcefalia relacionada à síndrome congênita do vírus da zika realizam, nesta quinta-feira (27), uma caminhada pelas ruas do Centro do Recife. As integrantes da União de Mãe de Anjos (UMA), entidade criada logo depois do surgimento dos casos em 2015, denunciam morte de crianças por falta de assistência respiratória adequada na rede pública do estado.

A secretaria Estadual de Saúde informou que vai se pronunciar sobre as queixas da UMA ainda nesta quinta-feira.

Durante o ato, iniciado por volta das 9h30, a secretária administrativa da UMA, Jacqueline Vieira, declarou que três crianças morreram em Pernambuco, em um mês, em decorrência de pneumonia grave. Um óbito ocorreu no recife, outro no Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana, e o terceiro em Orobó, no Agreste.

"Essas crianças precisam de tratamento e acompanhamento ambulatorial com fonoaudiólogos e fisioterapeutas respiratórios. Nós só temos acesso a esses profissionais quando as crianças são internadas. Não existe estrutura para crianças com microcefalia na rede ambulatorial nem acompanhamento”, afirmou.

Jacqueline Vieira acrescentou que outras mortes foram registradas no Nordeste. “Uma ocorreu na Paraíba e outra, na Bahia”, observou.

M~es de crianças com microcefalia foram até a Assembleia Legislativa de Pernambuco — Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press

Na passeata, que seguiu do Parque Treze de maio até a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), integrantes da UMA levaram os bebês. Jacqueline falou sobre a experiência vivenciada com o filho, de um ano e nove meses, que tem microcefalia.

“Passamos um mês com Daniel no Hospital Oswaldo Cruz. Ele não conseguia se alimentar e toda a comida que eu dava para ele foi parar no pulmão. Ele teve pneumonia grave e a gente precisa de acompanhamento para evitar novos casos”, afirma.

Para a integrante da UMA, o estado precisa repensar a forma de assistência aos meninos e meninas que enfrentam todas as dificuldades causadas pela doença. “Quem é mãe tem pressa. A gente sempre acha que o nosso filho pode ser o próximo na fila da morte”, declarou.

Reivindicações

Um dos pontos de parada da caminhada foi o Anexo II da Alepe, onde ficam os gabinetes dos deputados estaduais pernambucanos. Lá, a UMA apresentou a pauta de reivindicações.

Entre os principais itens, segundo Vieira, estão, além da melhoria no serviço ambulatorial, a cobrança da entidade, que quer elaborar as políticas públicas em parceria com o governo. ‘A gente sofre, tem planos e informações. Por isso, as mães precisam atuar em parceria com o governo para decidir o que será feito”, comentou.

Estatísticas

Desde o início de 2017 até o dia 15 de março, o Brasil teve a confirmação de 165 casos de microcefalia ou outras alterações de crescimento e desenvolvimento possivelmente relacionadas ao vírus da zika. Ao todo, houve 541 novas notificações de casos suspeitos este ano. As informações são do Ministério da Saúde.

Segundo a pasta, houve 14 confirmações de mortes fetais e neonatais ligadas ao vírus e 16 confirmações de fetos com alterações no sistema nervoso central, abortos espontâneos e natimortos relacionados à infecção em 2017. Os dados do boletim incluem casos que ainda estavam em investigação na última semana de 2016 e podem ter sido confirmados no início de 2017.

Ao todo, entre casos confirmados e em investigação, 3.165 bebês estão em monitoramento, segundo o Ministério da Saúde: 21,1% recebem cuidados em puericultura (acompanhamento do desenvolvimento), 9,7% em estimulação precoce e 16% no serviço de atenção especializada.

Do total de casos suspeitos notificados em 2017, acrescido dos casos que permaneciam em investigação no fim de 2016, o estado com maior número de ocorrências é a Bahia (636 casos), seguida por Rio de janeiro (402), São Paulo (384) e Pernambuco (315).

Crise

Os casos de microcefalia passaram a ter notificação obrigatória no Brasil em novembro de 2015, quando o governo declarou estado de emergência em saúde pública devido ao aumento de casos da malformação, fenômeno posteriormente relacionado à chegada do vírus da zika ao país.

No primeiro ano da emergência - desde o início da crise até o fim de 2016 - o país teve 2.205 casos confirmados de bebês afetados, de um total de mais de 10 mil notificações de suspeitas. Além disso, 259 mortes de fetos e recém-nascidos tiveram a confirmação de relação com o vírus.

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