Por Marcelo Parreira, Filipe Matoso e Guilherme Mazui, TV Globo e G1 — Brasília


Imagem mostra o presidente Michel Temer (esq.) e o ex-deputado Eduardo Cunha (dir), ambos do PMDB — Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

O operador financeiro Lúcio Funaro declarou em depoimento que o presidente Michel Temer ficou "enciumado" com o poder que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) conseguiu ao se eleger, em 2015, presidente da Câmara dos Deputados. À época, Temer era vice-presidente da República.

Procurado, o Palácio do Planalto respondeu: "O presidente Michel Temer não tem ciúmes de quem quer que seja."

Funaro fechou acordo de delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato. O acordo foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal no início deste mês.

Documentos com o conteúdo dos depoimentos de Funaro foram anexados ao inquérito que investiga supostos crimes cometidos por políticos do PMDB da Câmara.

"[Funaro disse] que [Eduardo] Cunha e [Michel] Temer tinham uma relação boa, mas flutuante. Havia momentos com mais ou menos contato. [Acrescentou] que quando Cunha assumiu a presidência da Câmara, Temer, enciumado pelo poder deputado Cunha, diminuiu o contato com ele; que em outros momentos eles trabalhavam mais alinhados", diz o relatório da delação.

Entre outros pontos, Funaro também disse ter "certeza" que Temer recebia propina; que Temer "avalizou" nome indicado pelo PMDB para arrecadar propina na Caixa; e que Eduardo Cunha era "banco de propina".

Temer e Cunha 'tramaram' impeachment

No roteiro da delação, Funaro também afirmou que Temer e Eduardo Cunha "confabulavam diariamente" para "tramar" a aprovação do impeachment de Dilma Rousseff.

"[Funaro disse] que a relação de Eduardo Cunha e Michel Temer oscila, dependendo do momento político. [Acrescentou] que, por exemplo, na época do impeachment de Dilma Rousseff, eles confabulavam diariamente, tramando a aprovação do impeachment e, consequentemente, a assunção de Temer como presidente", diz o roteiro.

Procurada, a assessoria de Temer disse à época que Funaro se pretende estar "bem melhor informado do que os jornalistas de vários veículos de comunicação de Brasília que acompanharam de perto todo o caso".

O advogado de Cunha, Délio Lins e Silva Júnior, afirmou que só comentaria o caso quanto tiver acesso ao conteúdo da delação de Funaro.

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