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Moradora morre após ser baleada na cabeça durante tiroteio no Jacarezinho

Georgina Maria Ferreira, de 50 anos, morreu na UPA de Manguinhos
Operação no Jacarezinho deixa 2 mortos, suspende aulas e para trens Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Operação no Jacarezinho deixa 2 mortos, suspende aulas e para trens Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

RIO — A guerra no Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, fez mais uma vítima na noite deste sábado. A Secretaria municipal de Saúde confirmou que Georgina Maria Ferreira, de 60 anos, morreu na UPA de Manguinhos após ser baleada em confronto na comunidade. Outra foi ferida por estilhaços, medicada e liberada em seguida. Apesar disso, a Polícia Civil e a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) ainda não confirmaram a informação. A UPP informou que “não houve confronto envolvendo policiais das UPPs Jacarezinho e Manguinhos na noite de sábado e madrugada desse domingo”.

Testemunhas contaram que o confronto ocorreu pouco antes das 22h. Ainda segundo os relatos, a vítima, conhecida na região como Dona Georgina, passava pelo local onde houve o tiroteio no momento em que foi atingida. Após o cessar dos disparos, um vizinho abriu o portão de sua casa e se deparou com a mulher caída, atingida pelo projétil.

— Depois que deu uma acalmada e o caveirão (veículo blindado utilizado por policiais), um vizinho apareceu no portão e viu. Então, ele começou a gritar, quando todos saíram de casa. Só aí que nós percebemos que era ela. Da hora em que foi baleada, umas 21h30m, até o momento em que foi socorrida, foram uns 20 minutos — relatou aO GLOBO uma moradora que disse morar próximo ao local onde a vítima  foi encontrada ferida na cabeça. Com medo de represálias, ela pediu para não ser identificada.

— Ela (a vítima) andava mancando, às vezes caminhava de muletas. Então nem daria tempo de correr.  Acredito que ela já tenha morrido aqui (no Jacarezinho).Os meninos começaram a gritar pedindo um lençol para levá-la ao hospital. Colocaram ela num carro.

Ainda não há muitos detalhes sobre as circunstâncias da morte da mulher. De acordo com quem conhece a vítima, que ela morava numa localidade conhecida como Morrinho,  no Jacarezinho. Apelidada de "Vascaína", ia sempre a um bar, onde ajudava o dono do estabelecimento comercial, que fica próximo ao Buraco do Lacerda.

— Ela precisa passar pelo Buraco do Lacerda e pela linha do trem para chegar ao local onde mora. Mas ficava muito no bar do Amarelinho, onde ajudava o proprietário. Acredito que ela tenha sido pega de surpresa pelo tiroteio, devia estar voltando de casa ou saindo de casa e seguindo em direção ao Amarelinho — acrescentou a moradora.

Nas redes sociais, diversos moradores relatam o clima de terror vivido na última noite com intensos confrontos na região — ao todo, foram nove dias de ininterruptos tiroteios naquela região. "Toda vez que aparece uma publicação sobre a guerra no Jacarezinho, o meu coração aperta demais". "Deus, a única coisa que eu te peço é a paz no Jacarezinho". "Estou triste de verdade com o que está rolando na comunidade". Esses são apenas alguns dos desabafos postados na internet sobre os recorrentes confrontos.

Mais cedo, na mesma comunidade, houve registro de ao menos três pessoas baleadas na comunidade, das quais uma pessoa morreu. O confronto entre policiais e suspeitos teria começado durante uma ronda no Buraco do Lacerda.

Na ocasião, um homem identificado apenas como Hugo, de 24 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu antes de chagar à UPA de Manguinhos. As outras vítimas foram levadas para a mesma unidade hospitalar. Atingida na cabeça, Adriane Silva, de 22 anos, foi transferida para o Hospital municipal Salgado Filho, no Méier. Seu estado de saúde é considerado grave, informou a Secretaria municipal de Saúde.

Além deles, um terceiro homem, de 36 anos, foi atingido de raspão na região do tórax. Ele já foi liberado.

Os  tiroteios no Jacarezinho afetam, inclusive, serviços que deixaram de ser realizados naquela área: a coleta do lixo está prejudicada, agentes da Light não entram na comunidade, onde há áreas sem energia, além de alunos de escolas da região que não podem ir à escola.