Rio

Pezão admite que pode haver falhas na relação com Forças Armadas

Segundo governador, tropas federais não serão usadas para ocupar comunidades
Governador Luiz Fernando Pezão, em entrevista ao RJTV Foto: Reprodução
Governador Luiz Fernando Pezão, em entrevista ao RJTV Foto: Reprodução

RIO - Três dias após os confrontos na Rocinha, que já deixaram um saldo de quatro mortos até agora, o governador Luiz Fernando Pezão quebrou o silêncio. Em entrevista ao vivo ao RJTV, da TV Globo, Pezão afirmou que a integração entre as tropas do estado e das Forças Armadas está sendo aperfeiçoada, mas ainda pode haver falhas. O governador informou, que até sexta-feira, enviará à Assembleia Legislativa um projeto de lei para destinar recursos dos royalties do petróleo para um fundo de segurança.

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Pezão planeja criar Fundo de Segurança com royaltes do petróleo

— Vai existir falhas? Claro que vai existir. As Forças Armadas nunca foram usadas com esse intuito. Então para eles, há certas dificuldades, mas vemos a proatividade dos ministros. Estamos fazendo uma série de planejamentos. Cada vez mais vamos aperfeiçoar essa integração — afirmou Pezão, destacando que tem conversado frequentemente com ministros e outras autoridades de segurança. — Claro que vai existir (desencontros). É uma situação nova. Fazer o deslocamento rápido de todas as Forças Armadas exige um planejamento.

Em entrevista ao Fantástico no último domingo, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, confessou que há um "desconforto" entre as duas tropas e defendeu a necessidade de melhorar a integração e a comunicação delas.

O governador disse que, a pedido das Forças Armadas, as tropas federais não poderão ser usadas para fazer uma futura ocupação nas comunidades como no passado para a implementação de Unidades de Polícia Pacificadora. Pezão informou, no entanto, que ao menos três operações pontuais em conjunto já estão planejadas.

— Se a Força Armada entrar, fará um cerco embaixo, não permanecerá dentro da Rocinha. Eles não querem entrar para ficarem como ficaram no Alemão. Foi uma decisão que nos deram quando vieram para cá. Iriam fazer ações pontuais — disse o governador, que dispensou as tropas federais para atuar na Rocinha. — Não precisa. Tanto o Bope quanto o Choque já estão lá e conhecem a região.

'MORRERIAM MUITOS INOCENTES'

Por domingo ser um dia movimentado, Pezão disse que recomendou que a polícia não trocasse tiros com bandidos na hora da invasão à Rocinha para não ferir inocentes.

— Pedi para a gente ter muita cautela porque eu conheço a Rocinha desde a ponta lá no alto até embaixo. O dia que tem mais gente na rua é no domingo. Se a gente reage ali, àquela entrada de marginais, portando fuzil, seria uma guerra onde morreriam muitos inocentes. Eu mesmo desautorizei qualquer ação naquele momento ali de confronto — afirmou Pezão, que citou ainda a volta do Rock in Rio:

- Tem que ver o momento de entrar. Será que numa volta do Rock in Rio era hora de entrar e ir para o confronto ali?.

O ministro Raul Jungmann garantiu que o Exército está pronto para fazer varreduras em presídios do Rio, mas ainda não recebeu o aval do governo do estado. Pezão, no entanto, disse que ainda não recebeu a demanda do secretário estadual de Administração Penitenciária, coronel Erir Ribeiro Costa Filho, para fazer a varredura:

— A autorização da Rocinha não foi num presídio estadual. Se o secretário Erir chegar aqui e pedir. Vou pedir ao ministro Raul Jungmann. O secretário Erir disse que não precisa dessa varredura dentro dos presídios estaduais.