Mundo

Ex-chefe de campanha de Trump se entrega ao FBI, acusado de conspirar contra EUA

Justiça formaliza primeiras denúncias contra Paul Manafort, que se declara inocente
O ex-chefe de campanha de Donald Trump, Paul Manafort Foto: ELSA / AFP
O ex-chefe de campanha de Donald Trump, Paul Manafort Foto: ELSA / AFP

WASHINGTON - O ex-chefe de campanha do presidente americano Donald Trump Paul Manafort foi indiciado pela Justiça americana nesta segunda-feira com um de seus antigos sócios empresariais, Rick Gates, informou o jornal "The New York Times". A medida é resultado da investigação liderada pelo procurador especial Robert Mueller , que apura suposta interferência da Rússia nas eleições americanas de 2016. São 12 acusações contra os dois, entre elas pelos crimes de conspiração contra os Estados Unidos,  tentativa de lavagem de dinheiro e falso testemunho. Manafort se entregou ao Escritório Federal de Investigações (FBI) esta manhã, mas se declarou inocente, diante de um tribunal federal, de acusações que vão de lavagem de dinheiro a testemunho falso — sob fiança de US$ 10 milhões para deixar a prisão domiciliar. A Casa Branca procurou se distanciar das acusações .

Manafort também foi indiciado por declarações falsas sobre seu papel como agente estrangeiro e por não apresentar as devidas declarações sobre contas bancárias no exterior e registros financeiros.

Gates é parceiro de Manafort há muitos anos. Seu nome aparece em documentos ligados a empresas que o ex-chefe de campanha estabeleceu no Chipre para receber pagamentos de políticos e empresários no Leste europeu, segundo registros obtidos pelo jornal americano.

Em julho, agentes do FBI fizeram operações de busca na casa do ex-gerente de campanha de Trump, Paul Manafort, cujos acordos imobiliários e financeiros e histórico de prestação de serviço a um partido pró-Rússia na Ucrânia estão sob investigação.

No Twitter, Trump defendeu seu ex-chefe de campanha dizendo que Manafort está sendo acusado por declarações anteriores a seu cargo durante a corrida presidencial:

"Desculpe, mas isso foi há anos, antes que Paul Manafort fizesse parte da minha campanha. Por que a Hillary e os Democratas não são o foco?", escreveu o presidente. "Não há conluio (com a Rússia)!"

INFOGRÁFICO: Teia de relações de Trump com a Rússia

No domingo, Trump lançou uma série de mensagens irritadas no Twitter diante do indício de que as primeiras ordens de prisão seriam reveladas nesta segunda-feira. O presidente declarou que há uma "caça às bruxas" em curso, denunciando um "conluio telefônico que não existe" e apontando dedo para democratas, sobretudo sua oponente nas eleições, Hillary Clinton.

Paul Manafort se entrega ao FBI Foto: Reprodução Vídeo
Paul Manafort se entrega ao FBI Foto: Reprodução Vídeo

"Nunca vi tanta RAIVA e UNIDADE como vi a respeito da falta de investigação sobre o Dossier Falso de Clinton (agora US$ 12.000.000?) do acordo de Urânio para Rússia, os mais de 33 mil e-mails apagados, a questão de Comey e muito mais. Ao invés disso, investigam as ligações 'conluio telefônico Trump/Rússia, que não existe. Os Democratas estão usando esta terrível (e péssima para nosso país) Caça às Bruxas para política maléfica, mas o Republicanos agora estão combatendo como nunca antes. Há muita CULPA pelos Democratas/Clinton, e agora os fatos estão aparecendo", escreveu Trump em quatro tuítes na rede social. "FAÇAM ALGO!", exclamou ele.

Para Trump, a intenção de falar sobre o inquérito da Rússia é desviar atenção do esforço republicano para aprovar a reforma tributária no Congresso: "É uma coincidência? NÃO!, escreveu Trump.

LEIA MAIS: Trump planejava construir Trump Tower em Moscou durante campanha

Hackers russos roubaram detalhes de defesa cibernética dos EUA, diz jornal

Equipe de Trump tentou marcar reunião com Putin em 2016, diz CNN

Investigador especial para caso de Rússia e Trump convoca grande júri

Ex-chefe de campanha de Trump, Paul Manafort, deixa sua casa em Alexandria (Virgínia, EUA) e se entrega ao FBI Foto: Andrew Harnik / AP
Ex-chefe de campanha de Trump, Paul Manafort, deixa sua casa em Alexandria (Virgínia, EUA) e se entrega ao FBI Foto: Andrew Harnik / AP

A investigação sobre a suposta inteferência da Rússia nas eleições americanas rodeiam os nove meses de Trump no poder, e ampliou o racha entre republicanos e democratas. Agências de inteligência americana concluíram em janeiro que o governo russo tentou ajudar o republicano ao invadir o sistema de e-mail de Hillary Clinton e divulgar as mensagens coletadas e também pela disseminação de propagando política nas mídias sociais para tentar difamar a democrata.

NOMES ENVOLVIDOS NO INQUÉRITO

Mueller investiga integrantes da equipe de campanha de Trump que também possam ter colaborado com os russos. Sob a liderança do ex-diretor do FBI, os investigadores já entrevistaram uma série de pessoas. Em julho, agentes do FBI fizeram operações de busca na casa de Manafort, cujos acordos imobiliários e financeiros e histórico de prestação de serviço a um partido pró-Rússia na Ucrânia estão sob investigação.

E AINDA: Hillary pagou por investigação sobre suposta relação entre Trump e a Rússia

Perfil falso usou fotos de brasileiro para influenciar eleição dos EUA

Na Rússia, cresce o sentimento contra americanos

Michael Flynn, assessor de campanha e então conselheiro de segurança de Trump, também é alvo de Mueller. Ele foi demitido do cargo em fevereiro após suspeitas de enganar o vice-presidente Mike Pence sobre a extensão das conversas que teve com o embaixador russo Sergei Kislyak no ano passado.

Os investigadores também já ouviram em audiências no Congresso o ex-chefe de Gabinete Reince Priebus; o ex-porta-voz do Executivo, Sean Spicer, além de outras autoridades da Casa Branca.

REPUBLICANOS CONTRA MUELLER

A possibilidade de anúncio da ordem de prisão nesta segunda-feira fez com que aliados conservadores de Trump se manifestassem, pedindo a demissão de Mueller. O ex-assessor da Casa Branca, Sebastian Gorka, disse que ele "deve ser despojado de sua autoridade" e investigado caso executasse as prisões.