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Por Gabriel Duarte e Mauricio Paulucci — de Belo Horizonte


Apesar do foco em cima de Wagner Pires de Sá, Itair Machado e da nova diretoria do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares ainda é o presidente do clube, com mandato até o final do ano. O mandatário da Raposa concedeu um entrevista no Mineirão antes da partida contra o Avaí. Gilvan esclareceu os detalhes da venda de Diogo Barbosa para o Palmeiras, alegando que a nova diretoria pediu um prazo que o atual presidente não tinha. Disse ainda que a negociação com o Verdão pode render o empréstimo de um jogador do clube alviverde para o Cruzeiro na próxima temporada. Esse jogador deve o lateral Egídio, que já conta com o aval de Mano Menezes. O presidente celeste também falou que o clube está com 25% das receitas com bilheterias bloqueadas na Justiça por conta de uma ação da Minas Arena.

Gilvan concede coletiva no Mineirão para esclarecer detalhes da venda de Digoo Barbosa — Foto: Gabriel Duarte

- Vim falar do problema com o Diogo Barbosa para que vocês saibam como foi a transação. O Diogo Barbosa foi emprestado para o Cruzeiro em novembro de 2016, com uma cláusula que o Cruzeiro poderia adquirir 25% dos direitos econômicos do atleta por 700 mil euros, em dez prestações de 70 mil euros. Durante a vigência do contrato, nos exercermos esse direito, mas no contrato constava que os direitos federativos e os 75% restantes do atleta continuariam pertencendo ao Coimbra. E esse contrato ia ter duração até dezembro de 2018, e que o Cruzeiro teria opção de, durante a vigência do contrato, exercer o direito de adquirir 25% dos direitos econômicos do atleta, por mais 1 milhão de euros. Mas o contrato consta que, se chegasse durante a vigência, a qualquer momento, uma proposta de qualquer clube, de qualquer empresário, investidor ou do próprio atleta, para a aquisição dos direitos do atleta pelo valor de acima de 2.800 milhões euros, o Cruzeiro era obrigado a cumprir essa cláusula e entregar o atleta.

Gilvan de Pinho Tavares explicou que o Cruzeiro, por conta das dificuldades financeiras, não teve condições de comprar a totalidade de Diogo Barbosa. O presidente disse que no frigir dos ovos, se não vendesse Diogo para o Palmeiras, a Raposa levaria prejuízo.

- Nós não tivemos condição de segurar o atleta, para nos tornarmos donos de 50% dos direitos econômicos do atleta, mesmo porque, ainda que nós conseguíssemos os outros 25%, somando os 50%, ainda assim, o clube detentor da outra parte dos direitos econômicos e federativos (Coimbra), poderia negociar esse atleta. Iriamos investir 1.800 milhões euros, e se eles vendessem o atleta por 2.800 milhões euros, nós teríamos que dividir os 2.800 milhões de euros. Ou seja, o Cruzeiro teria nessa negociação um prejuízo.

No entanto, o mandatário da Raposa se disse satisfeito com o que o jogador produziu dentro de campo, em 2017.

- A gente quando investe num atleta, a gente pensa no lucro dentro de campo. E ele se deu bem no Cruzeiro, rendeu o que se esperava. Fizemos contato com a diretoria nova, e expusemos esse detalhe, que a qualquer momento ele poderia ser pretendido por outro clube. Na situação de momento do Cruzeiro não temos condições disso. As coisas não andam bem no futebol brasileiro, a crise atingiu o futebol, para o Cruzeiro é maior ainda.

Diogo Barbosa está vendido para o Palmeiras, mas entrou em campo contra o Avaí — Foto: Mauricio Paulucci

Gilvan também explicou que recebeu uma intimação do Coimbra, clube do Banco BMG, para pagar o valor por Diogo em 48 horas. Como não tem esse valor, se viu obrigado a vender.

- Somos obrigados a cumprir esse contrato. Chamamos a diretoria atual, porque recebemos uma intimação do Coimbra, que é o clube detentor dos 75% do Diogo, nos dando um prazo de 48 horas, eu tenho a intimação para exercermos o direito de pagarmos 4,5 milhões, sob pena se eles fazerem cumprir o contrato e entregar o atleta de imediato.

Gilvan de Pinho Tavares admitiu que a nova diretoria informou que iria tentar ampliar o prazo para conseguir parceiros para viabilizar a compra de Diogo. Porém, o atual presidente disse que também havia tentado e não conseguiu.

- Eles (nova diretoria) nos disserem para não fazermos o negócio porque iriam conseguir com algum fundo. Eu prefiro que o atleta fique. Mas eu tenho um prazo, eles não conseguiram, eles pediram a prorrogação do prazo, porque já tentei e não consegui. Se eles conseguirem, obviamente que eu vou esperar.

Diogo vai, Egídio chega?

Por causa do bom tratamento entre o Cruzeiro e o diretor de futebol do Palmeiras, Alexandre Mattos, Gilvan disse que o clube paulista colocou um jogador a disposição para empréstimo na próxima temporada, sem ônus para o clube mineiro, e que isso já teria o aval de Mano Menezes. Inclusive a venda de Diogo Barbosa, segundo Gilvan, pode render a ida de outros atletas do Palmeiras para a Raposa em 2018.

O mais próximo da Toca da Raposa é o lateral-esquerdo Egídio, que não vem sendo aproveitado no Palmeiras e tem contrato com o clube até o fim deste ano. Gilvan explicou que as negociações estão avançadas, e que o jogador está com um pé no clube para a próxima temporada.

- Tem possibilidade de vir, ele já demonstrou interesse, o treinador do Cruzeiro tem interesse por ele, a nova diretoria está informada disso. É só firmar o contrato, e o Palmeiras falou que não colocará nenhum empecilho. Esse jogador seria o Egídio.

Egídio foi bicampeão brasileiro pelo Cruzeiro em 2013 e 2014 — Foto: Gustavo Andrade

- Não foi possível segurar o Diogo, mas conseguimos colocar no meio da negociação, temos a vantagem de termos um diretor de futebol (Alexandre Mattos). Ele trabalhou com a gente, tenho admiração muito grande, porque diz ele que nós fomos responsáveis pela ascensão dele. Conversamos com o treinador do Cruzeiro de um jogador (Egídio) deles que não deve ficar. E o Mano se mostrou propenso. Eles estão dispostos a nos ajudar nesta transação, e até, se for necessário, com mais alguns atletas. Abriu as portas do clube para o nosso treinador olhar qualquer atleta que tenha perfil, para empresar sem ônus para o Cruzeiro. Esse atleta já conversamos com o empresário dele, o treinador do Cruzeiro gosta desse atleta.

Receitas bloqueadas

Gilvan revelou que, por conta de uma ação da Minas Arena contra o Cruzeiro na Justiça, o clube está com 25% das receitas bloqueadas. O presidente afirma que atual diretoria se esforça para terminar o mandato com os salários do elenco em dia.

- Não sei se vocês sabem, mas além da diminuição de público, as receitas caíram, 25% dessas receitas, como bilheteria, mesmo quando a gente joga no Independência, estão confiscadas pela Justiça, vai para uma conta judicial, por uma ação que a Minas Arena tem com a gente. Então a gente nem recebe esse valor total das bilheterias dos jogos. É difícil bancar um clube do tamanho do Cruzeiro e manter os pagamentos em dia. Isso para nós é fundamental, queremos chegar ao final do contrato horando esses compromissos.

Sócio do futebol Cruzeiro — Foto: Divulgação/Cruzeiro

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