Política

PMDB expulsa Kátia Abreu, e Requião pode ser o próximo

Senadora liderou movimento contra o impeachment de Dilma Rousseff

Senadora Kátia Abreu no plenário do Senado - 25/08/2016
Foto: Ailton de Freitas / Agência O Globo
Senadora Kátia Abreu no plenário do Senado - 25/08/2016 Foto: Ailton de Freitas / Agência O Globo

BRASÍLIA - Suspensa por 60 dias em setembro e ameaçada de expulsão desde o ano passado, quando liderou o movimento anti-impeachment da então Presidente Dilma Rousseff, a senadora Kátia Abreu foi expulsa nesta quinta-feira do PMDB . A decisão foi tomada pela manhã em reunião do conselho de ética do PMDB nacional. O colegiado acompanhou, por unanimidade, parecer pela expulsão da senadora Kátia Abreu e cancelamento de sua filiação partidária. Em nota, o presidente do partido, Romero Jucá (RR), anunciou que o partido acatará de imediato a decisão do Conselho de Ética .

“A medida demonstra nova fase de posicionamento do partido”, diz Romero Jucá na nota sucinta. Aliado de Kátia e também dissidente da base governista, o senador Roberto Requião (PR) também está na mira do comando do PMDB.

Em setembro, ao ser afastada, Kátia acusou Jucá de ameaçar expulsá-la para intimidar deputados que votariam a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o Presidente Michel Temer. Ela estaria negociando sua ida para o PDT, para disputar o governo de Tocantins em 2018.

— Jucá reúne Executiva para pedir minha expulsão e de Requião do partido. E a turma da tornozeleira não vai pedir? Vai convidar Cunha e Geddel? — desabafou a senadora do Tocantins, em sua conta nas redes sociais.

Integram a ala dissidente do PMDB, além de Kátia Abreu, os senadores Roberto Requião e o ex-líder Renan Calheiros (AL), que se reaproximou do ex-presidente Lula por questões eleitorais regionais, e tem feito duros ataques ao governo de Michel Temer no plenário e nas redes sociais.

Kátia foi ministra da Agricultura de Dilma e se negou a deixar o governo durante o processo de impeachment. Liderou movimento contra o impeachment no Senado como braço direito da Presidente cassada e continuou na oposição ao governo de Temer. O pedido de expulsão foi apresentado nesse época e agora acatado.

Em bate boca público com Jucá, em vídeos pelas redes sociais, Requião reagiu com palavras de baixo calão ao ser informado que o presidente do partido convocaria uma reunião da Executiva para analisar irregularidades nas contas do diretório estadual do PMDB no Paraná, presidido por ele. Requião disse que soltaria seus cachorros em cima de Romero.

— Romero Jucá, se eu solto meus cachorros atrás de você, vai ser bem mais sério que uma busca da Polícia Federal ou da Lava Jato — disse Requião.

— Eu não tenho medo de cara feia e nem de bravata. Não devo nada. Nem à Polícia Federal, nem à Lava Jato. Não sou réu em nenhuma ação, diferente do senhor que é réu em várias ações aí, no Paraná — rebateu Jucá.

A senadora, agora sem partido, se encontra no Qatar onde apresenta planos de investimento na área de agropecuária na região do Tocantins, Piauí, Maranhão e Bahia.