Por Márcio Pinho, G1 SP — São Paulo


Ciclista pedala na ciclofaixa da Rua da Consolação, na região central da capital paulista — Foto: Uriel Punk/Frame/Estadão Conteúdo

O número de mortes de ciclistas subiu 75% nos primeiros seis meses deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 21 mortes entre janeiro e junho, número maior que o de 2016, quando foram registradas 12. Os dados são do Infosiga, site do governo de São Paulo que concentra estatísticas de óbitos no trânsito.

O crescimento de mortes de ciclistas é maior do que se considerados os acidentes envolvendo todos os tipos de meios de deslocamento (com motoristas e pedestres, por exemplo). No total, o número de mortes no trânsito incluindo as demais categorias cresceu 1,2% segundo o Infosiga - de 476 para 482 casos.

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) afirmou, por meio de nota, que os dados da Infosiga são "mais uma contribuição para a análise dos acidentes ocorridos", mas que "números oficiais" do órgão, que levam em consideração boletins de ocorrência, não confirmam os dados. A CET não informou quais são os "números oficiais" com que trabalha sobre morte de ciclistas em acidentes. A companhia também afirmou na nota que a Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes lançou "ações focadas nos pedestres e nos ciclistas", para aumentar a segurança no trânsito.

A última morte de ciclista aconteceu na terça-feira (25), na Nova Radial Leste. O policial militar aposentado Reinaldo Silva, de 54 anos, morreu ao ser atropelado por um ônibus.

Todas as regiões

As mortes ligadas ao uso das bikes foram espalhadas por todas as regiões da cidade. Um mapa do Infosiga, que só mostra 18 dos 21 casos deste ano, aponta que a maior parte foi na Zona Sul, onde aconteceram oito casos, em avenidas como Senador Teotônio Vilella, no Grajaú, e Indianópolis, em Moema.

O presidente da ONG Ciclocidade, Daniel Guth, afirma que o aumento expressivo já simboliza uma inversão de tendência de queda registrada desde 2005. O crescimento de mortes na periferia mostra uma falha na fiscaliação, segundo ele, já que a presença do poder público em bairros mais distantes do Centro costuma ser menor. Ele critica ainda o fato de a administração celebrar a redução de multas de trânsito na cidade. Na última sexta, a gestão João Doria divulgou que o número de infrações caiu 13% em São Paulo.

“No momento em que a CET coloca como diretriz que existia uma indústria da multa, quando ela assume a ideia da indústria da multa, expõe uma questão gravíssima, que é colocar em xeque o papel da fiscalização e da punição”, diz.

Ele afirma ainda que o aumento dos limites de velocidade nas marginais para 60 km/h, 70 km/h e 90 km/h produz reflexos em toda a cidade no comportamento do motorista, assim como o slogan "acelera". Nas marginais, não foi registrada nenhuma morte de ciclista, segundo o Infosiga.

A ONG Cilocidade disse não ser possível estimar o número absoluto de ciclistas e negou que o aumento de mortes possa estar ligado a um aumento no uso das bikes. Segundo Daniel Guth, estudos já demonstraram em outras cidades do mundo que o aumento do uso da bicicleta está diretamente ligado à redução de acidentes e mortes.

Estado

No Estado, o número de ciclistas mortos teve queda de 3,7%, de 2.861 para 2.753 casos.

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