Rio

Documentário 'Luto como mãe' revela a dor de mães que perderam filhos para a violência

Uma das mães que fazem parte do documentário 'Luto de mãe'Divulgação
Uma das mães que fazem parte do documentário 'Luto de mãe'Divulgação

RIO - Quando o cineasta Luis Carlos Nascimento decidiu fazer um documentário sobre mães que perderam seus filhos para a violência no Rio, ele ouviu delas o pedido para que não explorasse a sua dor. Mas o longa "Luto como mãe", que estreia nos cinemas na próxima sexta-feira, acabou virando um retrato comovente do sofrimento - e também da coragem - das mães que se dedicam a buscar respostas para crimes como as chacinas de Acari , do Via Show e da Baixada Fluminense, como mostra a reportagem de Ludmila de Lima, na edição desta terça-feira do GLOBO.

Entre 2004 e 2008, Luis Carlos acompanhou o dia a dia dessas mulheres que correm contra o tempo, o esquecimento e a impunidade, transformando luta em movimento social. (Assista ao trailer do documentário)

- Talvez esse seja o único movimento social no Brasil que não tenha se institucionalizado - afirma o cineasta, de 32 anos, presidente da Escola de Audiovisual Cinema Nosso, instituição que tem apoio dos diretores Fernando Meirelles e Kátia Lund.

Os depoimentos são intercalados com imagens - muitas feitas por elas próprias, que receberam uma câmera do cineasta - de manifestações, de julgamentos, dos filhos mortos, de reportagens sobre as chacinas e de momentos de solidariedade com outras mães que também se tornaram vítimas da violência. Algumas das cenas mais emocionantes são protagonizadas por Vera Lúcia Flores, uma das "Mães de Acari". A estréia do documentário ocorrerá menos de um mês depois da prescrição do crime , ocorrido em 26 de julho de 1990.

Até hoje os corpos dos 11 jovens que estavam em um sítio em Magé, e teriam sido sequestrados por policiais, não foram encontrados. Nem ninguém chegou a ser condenado.

- A Justiça fala que não tem corpo, que então não tem crime. Mas eu tenho uma certidão de nascimento dela - diz no filme Vera Lúcia, mãe de Cristiane, então com 16 anos. - Hoje tenho noção que foi desinteresse, que não quiseram procurar (os corpos).

Vera morreu em 2008, no fim das filmagens, sem poder enterrar a filha.

Apesar da participação de PMs nas três chacinas destacadas no documentário, o diretor evitou transformar o filme em um panfleto contra a PM:

- Minha proposta era não culpar ninguém; não é uma crítica à PM.

Leia a íntegra desta reportagem em O Globo digital (disponível somente para assinantes)