Por Luã Hernandez, G1 RS


Sete anos após show histórico, Green Day se apresenta em Porto Alegre com mesmo entusiasmo

Sete anos após show histórico, Green Day se apresenta em Porto Alegre com mesmo entusiasmo

O Green Day voltou a Porto Alegre sete anos depois do primeiro show na capital gaúcha, considerado à época pelo grupo uma de suas três apresentações "mais loucas". O espetáculo para cerca de 15 mil pessoas na noite desta terça-feira (8) encerrou a terceira passagem do grupo pelo Brasil, que também teve shows no Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba.

Se daquela vez foi no ginásio Gigantinho, nessa oportunidade o trio formado por Billie Joe Armstrong (guitarra e vocal), Mike Dirnt (baixo) e Tré Cool (bateria) se apresentou no Anfiteatro Beira-Rio, poucos metros ao lado. O local um pouco maior favoreceu a banda, que interagiu com o público o tempo inteiro e manteve o entusiasmo e o bom humor de outrora.

A banda de pop punk criada em 1987 na cidade de Berkeley, na Califórnia, relembrou, na noite desta terça-feira (7), clássicos de diferentes álbuns, como "Basket Case", "American Idiot" e "21 Guns", e também empolgou com as novidades do disco "Revolution Radio", lançado em 2016 e que dá nome à turnê.

O show iniciou às 21h05 com a música "Know Your Enemy", sucesso do disco "21st Century Breakdown", o oitavo da banda norte-americana. A canção também abriu os outros três shows do grupo no país. Em seguida, entraram duas composições do novo álbum: "Bang Bang" e a própria "Revolution Radio", seguidas pelo hit "Holiday", do disco "American Idiot", lançado em 2004.

Billie Joe, vocalista do Green Day, durante show em Porto Alegre — Foto: Michael Paz / BMoov

Já nas primeiras músicas foi possível notar as nuances da banda ao longo dos 30 anos de carreira, passando por momentos mais leves e outros mais pesados. Chamou a atenção, também, a energia e a desenvoltura de Billie Joe no palco, aos 45 anos, correndo de um lado para o outro e mantendo a precisão e a força nas notas das canções como nos tempos de "Dookie", há mais de 20 anos.

Com mescla entre clássicas, novas, e até mesmo covers de músicas como "(I Can't Get No) Satisfaction", dos Rolling Stones, e "Hey Jude", dos Beatles, o público não silenciou um segundo sequer e acompanhou cada um dos 155min minutos de show – que teve seu auge com a música "American Idiot", logo após o bis.

Outro ponto alto do show foi quando uma menina subiu ao palco e tocou guitarra ao lado de Billie Joe. Depois, ela ainda ganhou o instrumento de presente do ídolo. Essa é uma prática corriqueira nos shows do grupo, sempre celebrada por quem sonha um dia ver de pertinho ou até mesmo tocar os ídolos, que dirá tocar com eles.

Outras duas pessoas subiram ao palco, uma delas já na primeira música. Ambas tiveram a oportunidade de cantar com a banda e se jogar na plateia, como verdadeiros rockstars.

Green Day fez show em Porto Alegre pela segunda vez — Foto: Michael Paz / BMoov

Em meio ao show, Billie Joe fez tudo aquilo que é acostumado a fazer: jogou água no público, levantou bandeiras do Brasil, do movimento LGBT e contra os presidentes Donald Trump e Michel Temer. Antes disso, disse a tradicional frase: "Isso não é uma festa, é uma celebração".

A última música foi, como de costume, a melancólica "Good Riddance (Time of Your Life)", single do disco "Nimrod", lançado em 1997. A canção mais lenta, conhecida como a "diferentona" em meio aos punks da banda, é famosa também por encerrar o episódio final da série norte-americana "Seinfeld".

Para aqueles que esperavam uma nova oportunidade de ver o Green Day em Porto Alegre, valeram a pena os sete anos de espera. Até mesmo os astros ajudaram, com 22ºC e lua cheia no céu. Das canções clássicas, todas estiveram presentes no show, o que foi comemorados pelos fãs na saída do estádio.

Shows de abertura empolgam

Banda gaúcha Vera Loca fez o show de abertura para o Green Day em Porto Alegre — Foto: Michael Paz / BMoov

A banda gaúcha Vera Loca subiu ao palco ainda de tarde e apresentou diversos sucessos que acumularam ao longo dos 15 anos de carreira. O público cantou junto boa parte das canções, especialmente o hit "Borracho y Loco", versão de "Lamento Boliviano", um clássico do rock argentino.

Apesar de pouca gente dentro do estádio, quem já havia garantido um lugar próximo ao palco curtiu o som feito por Fabrício Beck, Diego Dias, Luigi Vieira, Hernán González e Mumu. O baterista do quinteto, inclusive, contou ao G1 que assistiu a um show do Green Day em Budapeste há cinco meses e achou espetacular.

"Para mim, eles parecem o U2 do punk rock, sabe? É um espetáculo, cheio de energia e equilibrado. O repertório tem o punk rock, tem as baladas, algo mais pop, tem esse sons mais recentes. Foi animal mesmo", disse Luigi Vieira.

Uma hora depois, foi a vez dos californianos da banda The Interrupters agitarem a galera. Com mais gente dentro do Beira-Rio, a animação foi grande, ainda que as músicas próprias do grupo que tem apenas seis anos de estrada não fossem muito conhecidas.

Mesmo assim, a vocalista Aimee Allen e os irmãos Kevin Bivona, Justin Bivona e Jesse Bivona conseguiram tirar o público do chão, especialmente com as músicas "She Got Arrested", "Take Back The Power" e "By My Side".

Lua de mel

Desireé e Eduardo vieram de Praia Grande, interior de São Paulo, para assistir ao show na sua lua de mel — Foto: Luã Hernandez/G1 RS

A influência do pop punk do trio californiano na juventude fez com que o dentista Eduardo Gonçalves, de 36 anos, e a esposa Desirée Russo Gonçalves, de 30 anos, planejassem a lua de mel no Rio Grande do Sul especialmente para assistirem ao show.

O casamento aconteceu no sábado (4), em Praia Grande, no interior paulista, onde o casal mora. Em razão da organização da cerimônia, não conseguiram ir ao show em São Paulo e, por isso, escolheram a capital gaúcha para assistirem à banda.

"Sou baixista e tive banda cover do Green Day por seis anos. Não poderia perder essa oportunidade", diz Eduardo.

O casal vai na quarta-feira para Gramado, na Serra do Rio Grande do Sul, para seguir com a lua de mel. Mas não sem antes verem os ídolos cantarem músicas como "Good Riddance (Time of Your Life), escolhida por eles para a entrada dos padrinhos.

"É uma banda que marcou nossa juventude e, especialmente, a dele. Então não me importei de fazer esse esforço", conta Desirée.

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