Política

Procurador Sidney Madruga deixa equipe de Raquel Dodge

Ele pediu exoneração após ser flagrado em almoço com advogada que atuou para JBS
O procurador Sidney Pessoa Madruga Foto: Divulgação TRE-RJ
O procurador Sidney Pessoa Madruga Foto: Divulgação TRE-RJ

BRASILIA - A Procuradoria-Geral da República (PGR) anunciou nesta sexta-feira o afastamento do procurador regional da República Sidney Pessoa Madruga da coordenação do Grupo Executivo Nacional da Função Eleitoral (Genafe). Madruga teria pedido exoneração do cargo "com a finalidade de evitar ilações impróprias e indevidas".

Segundo o jornal “Folha de S. Paulo”, o procurador disse ontem, numa conversa num restaurante em Brasília, que "a tendência" da Procuradoria-Geral seria investigar o também procurador regional Eduardo Pellela, ex-chefe de gabinete do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A reportagem flagrou Madruga almoçando com a advogada Fernanda Tórtima, que participou do acordo de delação premiada de executivos da empresa, no restaurante Taypá, no Lago Sul, em Brasília.

Pelella foi chefe de gabinete de Janot,  e um dos coordenadores da negociação do acordo de delação da JBS. Ele foi citado em um trecho da conversa gravada entre Joesley Batista e Ricardo Saud, diretor de Relações Institucionais da JBS. Na conversa, Joesley indicaria que Pelella era um dos intermediários da empresa com Janot.

Questionado se teria sido o procurador Marcelo Miller, ex-auxiliar de Janot que depois passou a trabalhar em escritório de advocacia que atuou para a JBS, o responsável por levar a situação da JBS até o então procurador-geral, Joesley diz na gravação:

— Tá falando para o Anselmo, que falou para o Pelella, que falou para não sei quem lá, que falou para o Janot. O Janot está sabendo.

Esta é a primeira baixa na equipe da nova procuradora-geral que tomou posse na segunda-feira.

Com o afastamento da coordenação do Genafe, Madruga permanece dando expediente na Procuradoria Regional da República, no Rio de Janeiro. Ele também continuará atuando como procurador eleitoral.

Manobras para investigar ex-auxiliares de Janot fazem parte da tática de grupos que querem derrubar a segunda denúncia do ex-procurador-geral contra o presidente Michel Temer.

O relator da CPI da JBS, Carlos Marun (PMDB-MS) chegou a declarar publicamente que o objetivo da comissão é “investigar quem sempre nos investigou”. Temer é acusado de chefiar organização criminosa e obstruir as investigações da Lava-Jato.