Cultura

Crítica: 30 Seconds to Mars repete presepadas de 2013 no Rock in Rio em show medíocre

Banda americana deixou a música de lado e apelou para o populismo
Jared Leto voltou a descer de tirolesa no Rock in Rio Foto: O Globo
Jared Leto voltou a descer de tirolesa no Rock in Rio Foto: O Globo

RIO - O setlist prometia nove "músicas" entre as peripécias de Jared Leto, o líder da banda americana de "rock alternativo" Thirty Seconds to Mars, no que seria disparado o menor repertório entre todas as atrações do palco principal do Rock in Rio .

Ganhador do Oscar um ano após o outro show que fez no festival, em 2013, o vocalista já chegou causando calça dourada e poncho boliviano, pronto para sair no carnaval carioca do ano que vem. Foi assim que ele apresentou seu show descartável perfeito para o público genérico do festival. Público que, aparentemente, aprovou do início ao fim o que era para ser um apresentação de rock entre os tarimbados Offspring e Red Hot Chili Peppers.

Antes de entrar no palco Leto já tinha tomado a primeira dose de açaí, sua grande paixão, na frente das câmeras. No palco, deu uma reforçada na energia antes de "This is war". O público apoiava a curtição do astro — os refrões fáceis e os "ô-ô-ôs" repetidos à exaustão explicam um pouco do sucesso do 30 Seconds por aqui.

O problema é que o rock alternativo da banda, de valor em gravações de estúdio, perde-se completamente no show em prol do clima festivo. O rapper paulistano Projota, por exemplo, deu as caras de surpresa em uma vergonhosa parceria no novo single do 30STM, "Walk on Walter": disse "força, foco e fé", abraçou Leto e saiu do palco com menos de um minuto.

Após outro dos seus hits valorizado por refrãos vazios, "Search and destroy", Leto foi para a tirolesa fazendo cosplay de Sidney Magal (a tal roupa de ameríndio deu lugar a um figurino rosa com paetês), antes da esquecível versão acústica da cativante (em estúdio, mais uma vez) "The kill".

No que era para ser um mashup de covers (segundo o setlist divulgado), um fã paulistano subiu no palco, disse seu nome e saiu sem ninguém entender o que ele fez — nem quais eram os covers propostos.

Em um dos shows mais inexplicáveis que o Rock in Rio já promoveu ao protagonismo em seus 32 anos de existência, Leto hasteou — assim como em 2013 — uma bandeira na irreconhecível "Do or die" e, também repetindo o que fez na outra vez, levou algumas várias dezenas de fãs para pular com ele no hit "Closer to the edge", a primeira e única vez em que a música tocada gerou certo engajamento geral e até fez sentido com o que estava acontecendo no palco.

Cotação: Ruim.