Por G1


Presidente Jair Bolsonaro volta a falar sobre queimadas na Amazônia em rede social — Foto: Marcos Corrêa/PR

O presidente Jair Bolsonaro voltou a falar sobre as queimadas na Amazônia na noite desta quinta-feira (22). Em um post em uma rede social, ele disse que lamenta que o presidente da França, Emmanuel Macron, "busque instrumentalizar uma questão interna do Brasil" para "ganhos políticos pessoais" e criticou o "tom sensacionalista" sobre a Amazônia. Ele também disse que o francês se refere à Amazônia "apelando até p/ fotos falsas".

Mais cedo, Macron havia afirmado, também em rede social, que o fogo na Amazônia é uma "crise internacional", convocando a cúpula do G7 para discutir os incêndios. O encontro está previsto para este fim de semana, em Biarritz, no sudoeste francês.

O post do presidente francês é acompanhado da foto de um incêndio florestal Mas a imagem, na verdade, é antiga. Foi feita pelo fotógrafo americano Loren McIntyre, que morreu em 2003. Ele esteve na Amazônia em expedições desde a década de 1970, quando trabalhou para a revista "National Geographic". Nos anos 1990, McIntyre publicou um livro sobre a Amazônia. A imagem está à venda no banco de imagens Alamy.

Bolsonaro disse ainda que o "governo brasileiro segue aberto ao diálogo, com base em dados objetivos e no respeito mútuo". Segundo ele, "a sugestão do presidente francês, de que assuntos amazônicos sejam discutidos no G7 sem a participação dos países da região, evoca mentalidade colonialista descabida no século XXI".

O G7 é formado pelos seguintes países: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.

No post, Macron chamou as queimadas na Amazônia de "crise internacional" e "emergência". "Nossa casa queima. Literalmente. A Amazônia, o pulmão de nosso planeta, que produz 20% de nosso oxigênio, arde em chamas. É uma crise internacional", escreveu. "Membros do G7, vamos nos encontrar daqui a dois dias para falar dessa urgência!"

Presidente francês, Emmanuel Macron, durante encontro das Nações Unidas sobre refugiados em Paris — Foto: Philippe Wojazer/Reuters

Araújo diz que discute tema com a França

Momentos antes da publicação de Macron, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse durante reunião em Campo Grande (MS) que o Itamaraty vai criar um grupo de trabalho com a França para discutir a questão do desmatamento na Amazônia.

"As autoridades sabem qual é o nosso compromisso, com a França nós já combinamos de criar um grupo de trabalho para troca de informações, para que possamos dar as informações mais atuais sobre os esforços de combate ao desmatamento", afirmou o ministro.

Em um comunicado em separado – que não cita o anúncio de Araújo –, o chanceler francês, Jean-Yves Le Drian afirmou que a França vai investir 9 milhões de euros em um projeto de cooperação sobre a Amazônia com países da América do Sul. O lançamento está previsto para "o início de 2020".

Para Bolsonaro, maior suspeita vem de ONGs

O presidente Jair Bolsonaro declarou nesta quinta, ao ser questionado por jornalistas, que fazendeiros podem estar por trás de queimadas na região amazônica, porém a "maior suspeita" recai sobre organizações não-governamentais (ONGs).

Bolsonaro voltou a comentar o tema em entrevista na saída do Palácio da Alvorada. Nesta quarta-feira (21), o presidente já havia levantado a suspeita de que "ongueiros" sejam os responsáveis por incêndios na região.

De acordo com Bolsonaro, o governo precisa fazer o possível para que esse tipo de crime não aumente, mas disse que sua gestão retirou dinheiro que era repassado para ONGs, o que poderia justificar uma reação das instituições.

"O crime existe, e isso aí nós temos que fazer o possível para que esse crime não aumente, mas nós tiramos dinheiros de ONGs. Dos repasses de fora, 40% ia para ONGs. Não tem mais. Acabamos também com o repasse de dinheiro público. De forma que esse pessoal está sentindo a falta do dinheiro, declarou.

Secretário-geral da ONU cobra proteção

Também nesta quinta, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse estar profundamente preocupado com os incêndios na floresta amazônica. Ele reforçou que não podemos mais arcar com os danos para uma das maiores fontes de oxigênio e biodiversidade.

Pelo mundo, a imprensa deu destaque ao aumento do número de incêndios que foi detectado na Amazônia em suas manchetes. Assista no vídeo abaixo:

Queimadas na Amazônia repercutem na imprensa internacional

Queimadas na Amazônia repercutem na imprensa internacional

82% mais queimadas em 2019

Brasil e países vizinhos sofrem neste mês de agosto com o aumento das queimadas. A pluma dos incêndios foi vista em imagens de satélite, tanto por aqueles usados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) quanto os da Nasa, a agência espacial americana.

De acordo com dados do Programa Queimadas, do Inpe, o número de queimadas de janeiro a 18 agosto de aumentou 82% em comparação ao mesmo período do ano passado. Foram 71.497 focos neste ano, sendo que 13.641 ocorreram no Mato Grosso, 19% do total do país.

A Amazônia concentra 52,5% dos focos de queimadas de 2019, segundo os dados do Programa Queimadas.

Queimadas e fumaça no dia 19 de agosto de 2019 — Foto: Rodrigo Cunha/G1

#PrayforAmazon

Diante do atual cenário de queimadas, Taís Araújo, Leonardo DiCaprio, Lewis Hamilton e outras celebridades brasileiras e internacionais usaram as redes sociais para fazer uma campanha pela preservação da Amazônia.

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