Economia Defesa do Consumidor

Brasileiro valoriza produtos mais sustentáveis e embalagens com selos ambientais

Cerca de 40% declaram não comprar itens "verdes" por causa do preço mais elevado
Estudo aponta que 48% dos consumidores nacionais declaram que separam os resíduos para a coleta seletiva. Foto: Arquivo
Estudo aponta que 48% dos consumidores nacionais declaram que separam os resíduos para a coleta seletiva. Foto: Arquivo

RIO — Produtos recicláveis, que contêm selos ambientais, são valorizados pelos consumidores brasileiros, que acreditam que as discussões relacionadas a meio ambiente tendem a crescer. Em contraponto, diferenças de preços entre produtos "verdes" e os tradicionais, aliados à falta de informações acerca de atributos sustentáveis são as principais barreiras no momento da compra. É o que demonstra a pesquisa Environment Research, realizada pela Tetra Pak, baseada em respostas de 6.500 pessoas em 13 países, e divulgada com exclusividade pelo GLOBO. O estudo identifica hábitos de consumo, oportunidades de mercado e desafios para a indústria de embalagens e tem como objetivo reunir ideias para inovar de forma sustentável.

No Brasil, 95% dos entrevistados acreditam que as questões ambientais devem ganhar ainda mais relevância nos próximos anos. Em território nacional, 47% dos consumidores procuram os selos quando compram bebidas e 26% reconhecem o selo FSC® (Forest Stewardship Council). No momento da compra, 81% dos brasileiros consideram muito relevante a presença desse logo na embalagem, que sinaliza que o produto comercializado utiliza uma matéria-prima de fonte renovável.

Interação e desafios

Contudo, mesmo com a consciência ambiental em expansão, o alto custo dos produtos ambientalmente responsáveis ainda é uma barreira para os consumidores – embora seja uma opinião em declínio (54% em 2015, 41% em 2017). Entrevistados também questionam a falta de informações e a escassez de produtos sustentáveis no momento da compra. Outro aspecto citado como empecilho são os significados de conceitos ambientais. Os brasileiros, por exemplo, têm dúvidas sobre termos como "pegada de carbono" e "matéria-prima à base de plantas".


Certificados pela Imaflora no Brasil, os produtos que têm este símbolo respeitam tanto o meio ambiente quanto as condições de salubridade dos trabalhadores. É encontrado em produtos agropecuários, como laranja, café e carne
Foto: Reprodução
Certificados pela Imaflora no Brasil, os produtos que têm este símbolo respeitam tanto o meio ambiente quanto as condições de salubridade dos trabalhadores. É encontrado em produtos agropecuários, como laranja, café e carne Foto: Reprodução

Pesquisador em energia do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Clauber Leite ressalta que é notório que questões ambientais e sociais têm se tornado cada vez mais um quesito para decisão de compra.

— O preço, sim, pode ser uma barreira, porém o que mais preocupa no momento é a falta de informação sobre os produtos —reforça o especialista.

Reciclagem em alta

A pesquisa ouviu participantes de 18 a 65 anos, sendo 52% mulheres e 48% homens.O estudo mostra ainda que aqui no Brasil, mais do que nos outros países em desenvolvimento, a reciclagem é a atividade ambiental mais praticada: 48% dos consumidores nacionais declaram que separam os resíduos para a coleta seletiva.

Diretora de Meio Ambiente da Tetra Pak, Valéria Michel ressalta que a pesquisa demonstra que os investimentos da empresa em reciclagem e materiais de origem renovável estão plenamente alinhados com a demanda do consumidor consciente.

“Além disso, nos incentiva a manter inovação para oferecer uma embalagem segura, com o menor impacto ambiental possível e preservando os recursos naturais do planeta", afirma a executiva da Tetra Pak, empresa especializada em soluções para processamento e envase de alimentos.

Para Clauber Leite, do Idec, a preocupação vai muito além do fato se um produto é reciclável ou não, mas via mais do impacto que ele causou ou irá causar ao meio ambiente e à sociedade. E vai além: é preciso ficar atento ao greenwashing , onde empresas se autodeclaram sustentáveis.

— A preocupação com o impacto do produto deveria vir desde a sua concepção, ou seja, o designer do produto deveria ter como preocupação o impacto gerado antes, durante e após a vida útil do produto. Todas as alternativas deveriam passar por uma Análise de Ciclo de Vida, antes de serem lançadas no mercado  ressalta Leite.

Segundo ele, a pergunta a ser feita é se aquele produto é realmente necessário, e sendo positiva a resposta, qual a melhor forma de se produzir. O pesquisador lembra que existe atualmente no Brasil a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que estabeleceu um ordem de prioridade na Gestão dos Resíduos.Na lista: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.

Redes sociais x informações ambientais

Os brasileiros citaram as redes sociais como o canal mais usado para obter informações ambientais sobre embalagens. Ainda no quesito embalagens, plásticos de origem renovável estão entre as inovações consideradas mais relevantes pelos entrevistados. O que estimula mais da metade (56%) a comprar produtos sustentáveis é a busca pela preservação do meio ambiente para as próximas gerações. Já 31% dos brasileiros o fazem porque faz parte do seu estilo de vida.

Valéria, da Tetra Pak, pondera que, mesmo mais consciente de suas ações, o consumidor quer que as marcas e os produtos sejam esclarecedores acerca de seus compromissos ambientais. Por conta disso, a explica que a Tetra Pak lançou este ano uma campanha chamada “Tô de Olho”, que explica por meio de uma websérie como a renovabilidade, ou seja, a utilização de matérias-primas renováveis nas embalagens, ajuda na conservação do meio ambiente e na proteção dos recursos naturais.