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Por Raphael Zarko — Rio de Janeiro


Há pouco mais de três meses em Dubai defendendo o Al Nasr, o atacante Marcelo Cirino tem boa largada longe do futebol brasileiro. São nove jogos - sete pela liga local e dois pela Copa dos Emirados - e cinco gols pelo time árabe. O bom início, porém, não muda a conta salgada que vai chegar na Gávea no início do ano que vem.

O Flamengo prevê em seu orçamento para 2018, que deve ir à votação no dia 15 de dezembro, o pagamento de cerca de R$ 18 milhões à Doyen, parceiro do clube na contratação de Cirino no fim de 2014. O valor alto se explica no contrato feito pelo Flamengo com o Atlético-PR e a Doyen. Pelo acordo, o Fla se comprometia a pagar 3,5 milhões de euros, mais 10% de juros ao ano (cotação que vale é a de janeiro de 2018), à Doyen caso a empresa não recuperasse o que investiu até 31 de dezembro de 2017 - ou seja, para o caso do atleta não ser vendido.

O acordo era o risco do Flamengo no negócio, que não investiu do próprio bolso à época para tirar o jogador do Atlético-PR. O contrato assinado no fim de 2014 previa que, caso o jogador confirmasse a ascensão e fosse vendido, os cariocas ficariam com espécie de "taxa de vitrine", com 20% do valor da transação. A fatia maior ficaria com a Doyen, a investidora parceira.

Marcelo Cirino, com a camisa 11, comemora um dos seus cinco gols nos Emirados Árabes: jogador não se firmou no Fla e no Internacional — Foto: Divulgação

Com a previsão de gastar os cerca de R$ 18 milhões em janeiro de 2018, o Flamengo passa a dividir os direitos econômicos meio a meio com o Furacão, com quem Cirino tem contrato de mais dois anos.

Cirino fez 104 jogos e marcou 24 gols pelo Flamengo em dois anos e quatro meses até ser emprestado ao Inter, para a disputa da Série B. No Rio Grande do Sul, o jogador fez nove jogos pela Segundona, com um gol, e entrou em campo duas vezes também pela Copa do Brasil.

Apesar do bom início no Al Nasr, a expectativa de qualquer mudança neste quadro é bem reduzida - há também a torcida para que o atleta mantenha o bom desempenho para se valorizar. Isto por que o clube árabe tem contrato de um ano e meio de empréstimo no Al Nasr. A opção de compra vale até o meio de 2018.

Cirino acertou com o time de Dubai no início de agosto, contratado por empréstimo por um ano e opção de compra definida ao término do contrato. Na negociação, os árabes desembolsaram 500 mil dólares (pouco mais de R$ 1,5 milhão), repartidos entre Atlético-PR, clube detentor dos direitos, e o Flamengo, que havia repassado o atleta ao Internacional.

CONFIRA UM RESUMO DO CASO CIRINO NO FLAMENGO:

Quem é detentor de direitos Marcelo Cirino?

Metade pertence ao Atlético Paranaense e a outra metade à Doyen, fundo de investimento que comprou Cirino junto ao clube paranaense - custou cerca de R$ 16 milhões - e o colocou no Flamengo em janeiro de 2015. O clube da Gávea era a vitrine ideal para o investimento da Doyen.

Quem é o grupo Doyen? Eles são parceiros do Flamengo?

O Doyen é um grupo que tem como principal atividade a mineração. Com escritórios também em Istambul, na Turquia, e em Dubai, nos Emirados Árabes, o grupo entrou no esporte em 2011. O modelo criado com a autorização da Uefa tira da mão de terceiros (grupos de empresários, por exemplo) os direitos econômicos dos jogadores, o que faz do grupo praticamente um banco.

A Doyen Sports tem sua sede em Malta, país europeu com fama de paraíso fiscal. O grupo também participou da transação que tirou Leandro Damião do Internacional e o colocou no Santos por R$ 41 milhões.

O CEO da Doyen é o português Nelio Lucas, responsável por transformar a Carabao, uma das marcas do fundo de investimentos, em patrocinadora do Flamengo. Empresário, Nélio trabalhou com Pini Zahavi, israelense e um dos principais pilares do polêmico acordo entre o fundo MSI e o Corinthians, parceria polêmica no clube paulista. O iraniano Kia Joorabchian foi o personagem central da MSI no Brasil.

A Doyen ainda detém os direitos de imagem de Neymar no mercado asiático.

Quanto tempo de contrato Cirino ainda tem com o Flamengo por empréstimo?

O contrato de Cirino com o Flamengo vai até o fim desta temporada. Pelo empréstimo desses três anos, o clube da Gávea se compromete a pagar R$ 2 milhões por ano ao Atlético-PR. Se vendesse o jogador por valores acima de 3,5 milhões de euros, este custo seria abatido.

Após dezembro, Cirino volta para o Atlético-PR?

Sim, o jogador tem contrato com os paranaenses até 2019.

Caso Cirino seja vendido depois que o Fla desembolsar à grana para a Doyen, quem fica com o dinheiro?

Neste caso, Atlético-PR e Flamengo dividem o valor da venda.

banner flamengo — Foto: Divulgação

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