Edição do dia 30/10/2015

30/10/2015 13h51 - Atualizado em 30/10/2015 13h51

Sargento da PM confunde macaco hidráulico e mata dois mototaxistas

Segundo o paid e uma das vítimas, Jorge Lucas e Thiago trocavam o pneu de um carro quando o PM achou que eles estivessem armados e atirou.

Paulo Mário MartinsRio de Janeiro, RJ

Um sargento da PM do Rio confessou que se enganou e atingiu em cheio duas famílias. Ele confundiu um macaco hidráulico com uma arma e disparou contra dois jovens que estavam em uma moto.

Amigos e vizinhos dos dois rapazes mortos protestaram. Um grupo de moradores colocou fogo em um ônibus. As mortes aconteceram em uma rua na Pavuna, zona norte do Rio.

Os dois estavam de moto quando encontraram duas patrulhas da Polícia Militar. Um dos PMs confundiu a ferramenta que eles carregavam com uma arma e atirou. Foi um único disparo, que atravessou os dois mototaxistas. A moto bateu em um muro e eles morreram antes de o socorro chegar.

Sete policiais prestaram depoimento na Divisão de Homicídios. Eles disseram que encontraram com os jovens mortos R$ 700 e maconha. Um sargento, que não teve o nome divulgado, confessou ter atirado nos dois homens. Ele foi afastado das ruas e vai receber acompanhamento psicológico. O comandante do batalhão onde o policial trabalha admitiu o erro.

“A orientação é atirar somente quando houver identificação positiva daquilo que se deve fazer. Na dúvida, não se deve atirar. Mas o sargento, ao perceber que tomou medida equivocada, de imediato assumiu sua postura, teve coragem moral de dizer que naquele momento errou e ele foi apresentado à Delegacia de Homicídios, onde narrou todos os fatos”, explicou o comandante do batalhão da PM Coronel Marcos Neto. 

A Divisão de Homicídios vai analisar as imagens das câmeras instaladas nos dois carros usados pelo PMs e também vai fazer uma reconstituição para esclarecer se o macaco hidráulico carregado pelos dois rapazes poderia realmente ser confundido com uma arma.

Tiago, o rapaz que pilotava a moto, ia ser pai no mês que vem. “Os policiais atiraram sem saber o que estava na mão dele”, lamentou a mãe de Thiago.

Outros casos
E essa não foi a primeira vez que policiais se enganaram e mataram inocentes, no Rio, por confundir objetos com armas. Em 2010, durante uma operação no Morro do Andaraí, o cabo Leonardo Albarelo atirou contra um homem que estava no terraço de casa, usando uma furadeira elétrica. O policial respondeu em liberdade por homicídio doloso, quando há intenção de matar, e foi absolvido.

No começo deste ano, uma patrulha do 9º Batalhão perseguiu quatro rapazes que carregavam uma peça de moto.