Fundo de previdência de funcionários da Cedae acumula déficit de R$ 1,25 bilhão
Fazer com que um fundo de previdência dos trabalhadores da Cedae, a Prece, que deu lucro de R$ 26 milhões em 2000, chegasse a R$ 1,25 bilhão de prejuízo no fim de 2010 não foi simples. Considerando uma aplicação na caderneta de poupança nesse período, haveria um rendimento de 140%. Porém, o dinheiro dos trabalhadores foi para investimentos como títulos da House Center, administradora do World Trade Center — comprados por R$ 100 milhões depois da queda das duas torres.
Esse é só um de uma série de maus investimentos que levou a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) a ordenar a criação de um plano de reestruturação do fundo em 2010, sob o risco de uma intervenção federal. O projeto, porém, tem gerado críticas dos trabalhadores representados pelo Sintsama, sindicato da categoria que já apresentou denúncias à Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e ao Ministério Público (MP) estadual.
— Com as mudanças do plano, os administradores do Prece querem que todos os funcionários assumam um prejuízo de 30% sobre seus saldos. Quem não quiser mudar de categoria no plano terá que pagar 430% a mais do que paga hoje — afirma o diretor de Previdência do Sintsama, Valdemir de Carvalho, explicando que o déficit da Prece é composto por R$ 719 milhões em prejuízos já reconhecidos e R$ 532 milhões em títulos podres (papéis que não têm valor).
Denunciada
A atual administração da Prece, que assumiu a gestão do fundo em 2007, afirma que não houve votos contrários à mudança por parte de empregados eleitos, tanto na diretoria como no conselho deliberativo do fundo. Em nota, a Prece afirma que a Cedae assume a responsabilidade por 50% do déficit e lembra que a antiga diretoria já foi denunciada para que faça o ressarcimento das perdas causadas.
Investigações não deram resultados
As primeiras denúncias sobre os problemas na Prece surgiram em 2003 e chegaram à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, em 2005, quando as investigações sobre a má gestão de dinheiro público foram ampliadas e o então relator, o deputado ACM Neto (DEM-BA), pediu uma apuração acerca dos desvios do fundo. Apesar disso, ninguém foi condenado pelas irregularidades encontradas. Agora, a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) pode investigar os problemas da Prece por meio de uma CPI, se acatar o pedido feito pelo deputado Paulo Ramos (PDT) na semana passada.
— Sabemos de aplicações absurdas, como de R$ 110 milhões na construção da barragem de uma hidrelétrica que ruiu. Como não tinha seguro, o prejuízo ficou com os trabalhadores. Temos que olhar a fundo para achar os responsáveis — diz Ramos.
O Ministério Público estadual (MP-RJ) começou a analisar as denúncias do Sintsama no mês passado. No dia 26 de abril, foi expedido um ofício à Prece e à Cedae pedindo explicações sobre o prejuízo do fundo e sua reestruturação. Ainda não houve resposta.
Fundo de previdência de funcionários da Cedae acumula déficit de R$ 1,25 bilhão
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