Megaoperação no Alemão deixa 19 mortos

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Megaoperação no Alemão deixa 19 mortos

Ana Cláudia Costa e Cristiane de Cássia - O Globo, Marcelo Gomes e Carlos Brito - Extra, GloboNews, CBN, Reuters e O Globo Online
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A polícia fez nesta quarta-feira a maior operação desde o início da ocupação no Complexo do Alemão / Foto: Wania Corredo - Extra

RIO - Terminou com 19 mortos e treze pessoas feridas - entre elas uma estudante que estava na escola e uma criança - a megaoperação realizada pela polícia nesta quarta-feira, no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio (Clique aqui e saiba como foi a operação). Treze corpos foram recolhidos pela própria polícia, e outros seis foram deixados à noite numa van em frente à 22ª DP (Penha). entre os feridos, sete pessoas foram vítimas de balas perdidas, além de um policial e cinco traficantes atingidos. A operação reuniu 1.350 policiais, entre civis, militares e soldados da Força Nacional; e foi a maior realizada no complexo desde que a polícia ocupou as favelas, no dia 2 de maio, após criminosos que seriam do Alemão terem assassinado dois policiais, em Oswaldo Cruz, também na Zona Norte. O secretário de segurança José Mariano Beltrame negou que haja relação entre a operação desta quarta e a proximidade dos Jogos Panamericanos.

Em entrevista coletiva, Beltrame disse que "desta vez a secretaria quebrou o pacto de não-agressão contra os bandidos". Em entrevista ao RJTV, o chefe de Polícia Civil chamou a operação de "incursão cirúrgica" e disse que o horário foi planejado de forma em que fosse reduzido o risco para a população.

O secretário de Segurança lamentou que tenha havido mortos e feridos durante a operação, mas garantiu que a ação não foi violenta. Ele afirmou que os policiais, que teriam sido rechaçados brutalmente pelos traficantes locais, não teriam entrado nas favelas para buscar a violência, mas para cumprir a obrigação de desarmar a quadrilha que atua no local.

— Todo esse material não chegou lá em 1 de janeiro de 2007. O tráfico vem acumulando todo este equipamento. E nós, com um trabalho de inteligência, descobrimos onde estava esse material e tínhamos por obrigação agir, sob pena de estarmos prevaricando — afirmou o secretário. (Ouça trecho da entrevista dos ecretário de segurança)

Beltrame admite que o Complexo ainda está dominado pelos traficantes

O secretário disse que dessa vez a polícia esteve em três pontos onde há muito tempo não chegava: Areal, Chuveirinho e Matinha. Segundo Beltrame, os locais funcionavam como refúgio e uma espécie quartel-general do tráfico, onde eram guardadas armas e drogas. Apesar de considerar a operação bem-sucedida, Beltrame admitiu que o complexo ainda está dominado pelos traficantes. As favelas não ficaram ocupadas, mas o cerco nos acessos foi mantido.

Armas e munição apreendias no Complexo do Alemão / Foto: Fabio Rossi

Foram encontrados, ao longo do dia, 50 unidades de explosivo em pasta com um dispositivo detonador, três fuzis, duas submetralhadoras, cinco pistolas, um revólver de calibre 38, quatro morteiros, um rojão e um lança-rojão e duas metralhadoras de calibre .30 (comumente utilizadas em combates antiaéreos), além de pólvora e espoleta (usadas para fazer munição) e mais de 2 mil projéteis de calibres variados. Foram apreendidos ainda 113 quilos de maconha, 30 quilos de cocaína, dois quilos de pedras de crack, um quilo de crack em pasta e cerca de cem frascos de lança-perfume.

Segundo o coordenador da Subsecretaria Operacional de Segurança, coronel Mário Sérgio Duarte, foi a maior operação policial já feita no país, com planejamento estratégico desenvolvido há mais de dois meses:

— Desde o cerco, nosso objetivo foi traçado com planejamento, organização e levantamento dos pontos onde estavam os traficantes.

Aulas são suspensas em oito escolas por causa do tiroteio

Por causa do tiroteio, oito escolas municipais localizadas nas proximidades do conflito tiveram as aulas suspensas. De acordo com a Secretaria municipal de Educação, na parte da manhã foram fechadas as escolas Afonso Varzea, Vera Saback e Casa da Criança Jardim Guadalajara 1. Durante a tarde, foram fechadas as escolas Odilon de Andrade, Laís Neto dos Reis, Chile, Rubens Bernardo e o Ciep Maestro Francisco Mignone. Estas oito escolas possuem cerca de 4 mil alunos matriculados. O Ciep Gregório Bezerra, para onde foram transferidos os estudantes de diversas escolas nas proximidades do Complexo da Vila Cruzeiro, fechadas desde o início da ocupação da polícia, vai permanecer aberto normalmente.

Integrante da FNS observa movimentação em uma das favelas do Complexo do Alemão. Foto: Reuters

Analisando os primeiros seis meses do governo Cabral, especialistas criticaram a manutenção da política de confronto por parte da nova Secretaria de Segurança. Para os estudiosos ouvidos pelo GLOBO ONLINE, os novos nomes no comando são bons, mas após quase seis meses ainda não implementaram mudanças práticas que possam ser sentidas pela população.

No último sábado, dois bandidos foram mortos pela polícia. De acordo com o comandante da unidade, coronel Marcus Jardim, os homens mortos seriam conhecidos como Branquinho e Tuba. Branquinho seria o responsável pelo disparo que matou um policial do Bope no primeiro dia da guerra na região. Uma metralhadora anti-aérea com o brasão do governo boliviano também foi apreendida. Na sexta-feirra, duas pessoas foram atingidas por balas perdidas.

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