Por Gabriel Barreira, G1 Rio


Eike Batista e o então governador Sérgio Cabral, durante entrega ao empresário da licença prévia para a implantação da usina termelética a carvão do Porto do Açu, em São João da Barra. — Foto: Arquivo: Fábio Motta/Ae (2008)

Parte dos R$ 340 milhões que, segundo o Ministério Público Federal (MPF), foram desviados pelo grupo criminoso liderado por Sérgio Cabral serviram para pagar viagens, artigos de luxo e contas exóticas de parentes do ex-governador do Rio, como treino de equitação para um de seus filhos. Só com joias foram mais de R$ 750 mil, segundo depoimento que desencadeou a Operação Eficiência, na quinta (26).

Suspeitas ligadas a joalherias já haviam sido relatadas na Operação Calicute, que causou a prisão de Cabral. As novas informações dão mais detalhes e constam na delação premiada de Marcelo Hasson Chebar, que embasa o terceiro pedido de prisão contra Cabral e o primeiro contra o empresário Eike Batista, além de outros 7 mandados. O depoimento do colaborador da Justiça detalha a movimentação dos valores somente durante alguns meses entre 2014 e 2015.

No período citado por Chebar, há gastos de R$ 11 mil referentes a uma empresa de turismo. Outro registro indica comprovantes de uma viagem que teria sido feita para Londres (Inglaterra). Somente com decoração, teriam sido gastos R$ 150 mil para um equipamento de som de Cabral. Além de pagamentos a uma loja da H. Stern, de joias, no valor de US$ 250 mil.

Chebar é operador do mercado financeiro e, em novembro, teve sua delação premiada homologada. Ele diz que, por determinação de Cabral, foram remetidos valores para o exterior e "vultuosas quantias em dinheiro e outros ativos financeiros". Na análise do MPF, trata-se de um "oceano".

"O patrimônio dos membros da organização criminosa chefiada pelo senhor Sérgio Cabral é um oceano ainda não completamente mapeado. O limite é... Eu já diria que esses US$ 100 milhões (R$ 340 milhões) é além do imaginável", afirmou procurador Leonardo Cardoso de Freitas, em entrevista na quinta para detalhar a operação.

Pensão extraoficial
Susana Cabral, ex-esposa do político, também teria sido beneficiada com pagamentos em torno de R$ 50 mil. Os valores, considerados "elevados" pelo delator, eram para o pagamento do cartão de crédito dela. Susana foi alvo de condução coercitiva da Operação Eficiência, também na quinta. O montante serviria para pagar contas como contas de luz, IPVA e escola particular dos filhos.

Outro gasto com parentes, e um dos que mais chamou a atenção dos procuradores — menos pelo valor do que por sua extravagância —, é com um treinador de cavalos da Hípica, onde um dos filhos de Cabral praticava equitação. Foram transferidos R$ 3.250 para o técnico.

Defesas
De acordo com o advogado de defesa de Suzana, Sérgio Riera, o dinheiro era uma pensão do ex-marido, mas ela não sabia a origem do dinheiro.

A produção da TV Globo tentou falar com os advogados de Sérgio Cabral Filho nesta quinta , mas não obteve resposta.

A Assessoria de Eike Batista emitiu nota dizendo que assim que foi informado da operação deflagrada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, "o empresário se colocou à disposição das autoridades brasileiras com vistas a prestar todos os esclarecimentos e as informações necessárias de forma a contribuir com as investigações em curso". O texto diz ainda que Eike se encontra no exterior por conta de compromissos profissionais e se apresentará em breve às autoridades, "procedimento inclusive adotado espontaneamente em diversas oportunidades anteriores".

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