Política

Cabral critica Pezão por não resolver impasse em concessão do Maracanã

Ex-governador afirma ainda que sucessor foi 'incapaz' de manter teleférico do Alemão em funcionamento
O ex-governador Sérgio Cabral Foto: Pedro Teixeira / Agência O Globo 05/12/2017
O ex-governador Sérgio Cabral Foto: Pedro Teixeira / Agência O Globo 05/12/2017

RIO - O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) alfinetou o sucessor, Luiz Fernando Pezão (PMDB), em depoimento nesta terça-feira ao juiz Marcelo Bretas. Cabral criticou o aliado por ainda não ter resolvido o impasse sobre a concessão do Maracanã - a Odebrecht, responsável pela administração, quer abandonar o contrato -, pela interrupção dos serviços do teleférico do Complexo do Alemão e em função de problemas de conservação nos veículos das polícias Militar e Civil.

O ex-governador disse ainda, ao rebater a acusação de formação de cartel na reforma do Maracanã, que deu "autonomia" a Pezão, então secretário de Obras, para que formasse a equipe.

- Em relação à escolha das empresas (que participariam da licitação), eu não participei. Meu então vice-governador, Pezão, foi nomeado por mim secretário de Obras e, da mesma maneira que me pautei, eu dei autonomia ao então secretário de Obras, Pezão, para que nomeasse sua equipe - disse Cabral, acrescentando que não indicou os membros da comissão de licitação da reforma do estádio. - Não os indiquei, nunca tive relacionamento com nenhum deles, à exceção do (José) Iran, a partir de 2012 ou 2013, quando passou a frequentar reuniões (do governo).

Cabral lamentou que o Maracanã não esteja sendo usado com a mesma frequência de antes da reforma.

- Ao contrário de outros estádios feitos para a Copa (do Mundo), que são elefantes brancos, é um estádio de muito uso. Só não tem mais uso porque, infelizmente, o atual governo não soube solucionar a questão da concessão da Odebrecht. Se o governo soubesse solucionar e tivesse chamado o segundo lugar (na disputa pela administração), talvez tivesse mais uso - afirmou.

O ex-governador também se absteve de qualquer responsabilidade sobre a crise financeira enfrentada pelo governo do Rio - ele ocupou o posto entre 2007 e 2014.

- Esse governo que me sucedeu foi incapaz de manter o teleférico (do Alemão) funcionando. Isso me deixa triste. Hoje, saí da cadeia e vi os carros da PM e da Polícia Civil caindo aos pedaços. Essa crise não é minha - criticou.

Cabral justificou o aumento no valor final da reforma do estádio - que estava orçada em R$ 700 milhões e custou R$ 1,2 bilhão - pela necessidade de obras estruturais na marquise que, segundo ele, estava "podre". Ele ironizou os problemas recentes na cobertura do Velódromo construído para a Olimpíada na gestão do ex-prefeito Eduardo Paes (PMDB).

- Fizemos uma cobertura que não é essa do Velódromo, que pega fogo toda hora com balão de festa junina, o que é um crime - afirmou.

Cabral negou qualquer ingerência para favorecer as empresas que venceram a licitação do Maracanã - Odebrecht, Andrade Gutierrez e Delta.

- Não é factível que eu possa organizar e, muito menos, meu secretário de Governo (Wilson Carlos), quem vai ganhar o quê, sobretudo numa licitação em que o Brasil inteiro tinha interesse.

A assesoria de Pezão informou que não vai comentar as declarações do ex-governador.