Por Fernanda Calgaro e Gustavo Garcia, G1 — Brasília


“Câmara precisa ter protagonismo e se transformar em reformista”, diz Maia após reeleição

“Câmara precisa ter protagonismo e se transformar em reformista”, diz Maia após reeleição

Logo após ser reeleito, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta quinta-feira (2) que pretende instalar já na semana que vem as comissões especiais para discutir as reformas da Previdência e trabalhista.

As duas propostas, enviadas pelo Palácio do Planalto ao Congresso, são duas das principais medidas defendidas pelo governo na tentativa de sanear as contas públicas e reaquecer a economia.

Maia, que ganhou a eleição na Câmara com 293 votos (eram necessários no mínimo 253 para vencer no primeiro turno), deixou claro em entrevista após a vitória que pretende seguir alinhado com o Palácio do Planalto na aprovação de pautas da equipe econômica.

“A gente vai instalar, se possível na próxima semana, a comissão especial da reforma da Previdência (...) e devemos instalar a comissão especial do projeto que o governo enviou da reforma trabalhista”, disse Maia.

"Como sinalizou de forma clara a base [aliada] para a sociedade, a minha continuidade na presidência da Casa dava continuidade a essa agenda", completou o presidente reeleito.

O presidente da Câmara disse ainda que espera ver a reforma da Previdência aprovada até o meio de 2017. Ele ponderoou, no entato, que essa é uma matéria "polêmica" e que vai precisar de muito diálogo para ser aprovada.

Maia defendeu uma postura "protagonista" da Câmara e afirmou que tem como um dos objetivos dar à Casa uma missão "reformista".

"Nós precisamos terminar 2018 com a certeza de que a Câmara comanda a reforma do estado brasileiro. Uma Câmara reformista, esse é meu objetivo", declarou.

Em entrevista à GloboNews, o presidente recém-eleito enfatizou as reformas como uma prioridade do seu mandato em frente à Câmara. O deputado disse que atualmente o estado brasileiro é "caro e ineficiente", e deve ser reestruturado.

"Se tivermos um estado equilibrado, e é por isso que as reformas são importantes, nós teremos condições de, em 2018, entregar um país com a economia crescendo, o desemprego caindo e principalmente a taxa de juros caindo", disse Maia.

Abuso de autoridade

Maia também disse que vai colocar na pauta da Câmara um projeto que pune abuso de autoridade. A Casa chegou a votar uma proposta sobre o tema no ano passado, criticada por entidades representantes de juízes e do Ministério Público que viram no texto instrumentos para limitar o trabalho de investigações.

Maia disse que vai aguardar uma proposta que está sendo elaborada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

"Eu vou pautar o tema do abuso de autoridade [...] Eu tenho certeza, pelo equilíbrio do dr. Janot, que ele vai mandar uma proposta em que ele separe aqueles atos que efetivamente configurem abuso", afirmou Maia.

'Página virada'

Ainda na entrevista para a GloboNews, Maia disse que o bloco informal na Câmara conhecido como "Centrão" é "coisa do passado" e "página virada". O "Centrão" foi criado ainda no governo da ex-presiente Dilma Rousseff e reunia algumas siglas da base que começavam a demonstrar descontentamento com o governo. Um dos líderes do bloco era o então deputado Eduardo Cunha, preso pela Lava Jato.

Um dos rivais de Maia na disputa desta quinta-feira, Jovair Arantes (PTB-GO), era representante do "Centrão". Ele ficou em segundo lugar na eleição da Câmara, com 105 votos.

Questionado se a disputa entre dois candidatos governistas poderia causar algum desgaste à base, Maia disse que o momento agora é de formar uma ampla composição com cerca de 400 deputados.

"Eu tenho muita tranquilidade de ter diálogo com o líder [do PTB] Jovair [...] Centrão é coisa do passado. Daqui para frente temos uma base composta por vários partidos. Centrão é página virada", afirmou Maia.

Sobre o resultado da eleição, Maia disse que o número de votos que recebeu já estava dentro do esperado e que "quem ganha está sempre satisfeito [com o número de votos]". “Eu tinha uma expectativa na casa dos 300 votos, mas sabia que, no voto secreto, tem sempre uma perda natural. Um número de 300 votos era um número razoável [...] O importante era garantir a maioria absoluta”, disse.

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