• João Mathias | Consultor Davi Theodoro Junghans*
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Nos primeiros meses o cultivo do abacaxi pode dividir espaço com outras culturas de ciclo curto (Foto: )

Nem sempre descascar o abacaxi é um mau negócio. Aliás, vale muito a pena quando embaixo da casca da fruta se revela uma polpa suculenta, saborosa e refrescante. Também conhecido como ananás, o abacaxi (Ananas comosus var comosus) é bem aceito pelo brasileiro e tem plantio que não exige do produtor o uso de técnicas complicadas, o que resulta em uma boa combinação para produtores de pequenas propriedades e que trabalham com o comércio local ou com a venda direta em feiras livres.

Nos primeiros seis meses, o cultivo do abacaxizeiro também tem a vantagem econômica de dividir espaço com outras culturas de ciclo curto, dando mais opções de renda ao agricultor. A fruteira pode ser consorciada com plantio de feijão, amendoim, quiabo, repolho e tomate, por exemplo. Porém, o local deve ser mantido limpo, impedindo o crescimento de mato, que concorre com a fruteira no consumo de água e de nutrientes, inclusive na captação de luz solar.

Um fator favorável para a comercialização da fruta é instalar a plantação em área próxima de fontes de água e do mercado consumidor, com facilidade para acessar e escoar a produção. Se a intenção for ampliar o manejo da cultura para uma atividade comercial, deve ser ainda considerada a existência de agroindústrias na região.

Nativo do Brasil, o abacaxizeiro é uma planta herbácea, cujo cultivo se adapta sob uma longa faixa de temperatura, que vai de 5 ºC a cerca de 40 ºC. Contudo, é no intervalo de 22 ºC a 32 ºC que a planta apresenta o melhor desenvolvimento das folhas e raízes.

Segunda fruta mais industrializada no mundo, o abacaxi serve para fazer muitos outros produtos, como suco simples ou concentrado, compota, sorvete, gelatina, geleia e fruta cristalizada, além de licor, vinho, vinagre e cachaça. A polpa é dotada de vitaminas A, B1 e C, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, fósforo e bromelina, enzima que auxilia a digestão – também presente nas folhas e no talo (caule) do abacaxizeiro.

RAIO X
>>> SOLO: bem drenado, arejado e com pH entre 4,5 e 5,5
>>> CLIMA: ideal quando a temperatura oscila entre 22 ºC e 32 ºC
>>> ÁREA MÍNIMA: pode ser cultivada em um jardim
>>> COLHEITA: o ano todo, com concentração entre novembro e fevereiro
>>> CUSTO: um hectare é estimado entre R$ 15.300,00/hectare (sequeiro) e R$ 19.000,00/hectare

MÃOS À OBRA
>>> INÍCIO Há muitas cultivares de abacaxi, como BRS Imperial, BRS Ajubá e BRS Vitória, desenvolvidas pela Embrapa Mandioca e Fruticultura, e a IAC Fantástico, do IAC (Instituto Agronômico de Campinas). São resistentes a fusariose, principal doença que ataca o abacaxizeiro no Brasil. Porém, as mais plantadas aqui são Pérola, destinada para o consumo in natura, e a Smooth Cayenne (havaí), para industrialização e exportação – ambas suscetíveis à enfermidade.
>>> PROPAGAÇÃO É assexuada ou vegetativa, feita a partir de mudas do tipo filhote ou rebentão, respectivamente comuns em pérola e smooth cayenne. A coroa também pode ser utilizada para o plantio. As mudas devem passar por um período de uma ou duas semanas expostas ao sol, com a base voltada para cima, a fim de evitar o apodrecimento após o plantio.
>>> AMBIENTE Embora a faixa de temperatura de 22 ºC a 32 ºC seja a mais adequada para o cultivo do abacaxizeiro, a planta também se desenvolve em regiões com variações entre 5 ºC e 40 ºC. Contudo, não tolera geadas.
>>> PLANTIO Indicado entre o fim do período seco e o início do chuvoso, mas pode ocorrer em qualquer época do ano se houver irrigação no local. Opte por solo bem drenado, não sujeito ao encharcamento, de textura areno-argilosa ou leve, com pH entre 4,5 e 5,5. É necessário que haja matéria orgânica com teor superior a 1% e boa fertilidade, com elevados teores de potássio. Caso contrário, faça suplementação via adubação química.
>>> ESPAÇAMENTO O plantio pode ser feito em covas ou em sulco, utilizando fileiras simples ou fileiras duplas, com densidades de 27 mil (1,20 x 0,30 metro) a 51.200 (0,90 x 0,40 x 0,30 metro) plantas por hectare. Indica-se o sistema de curva de nível em terrenos em declive. Coloque a muda verticalmente na cova/sulco, com um quarto a um terço de seu comprimento enterrado no solo.
>>> CUIDADOS Antes do plantio, adicione ao solo calcário dolomítico e termofosfatos magnesianos, além do fontes de fósforo (ex: superfostato simples) na cova ou sulco. Plantios comerciais exigem análise química do solo. Durante a fase vegetativa, são necessárias de três a quatro adubações, com aplicação de N(nitrogênio) e K (potássio) a partir do segundo mês. Faça capinas e/ou use cobertura morta para evitar ervas daninhas. Em locais de alta insolação, um mês antes da colheita, proteja os frutos com jornal, sacos de papel sem fundo ou palha seca.
>>> PRODUÇÃO O período de novembro a fevereiro destaca-se na produção de abacaxis, mas a colheita pode ocorrer o ano todo se aplicados reguladores de florescimento (carbureto ou etefom) cerca de um ano após o plantio. Entre cinco e seis meses depois, ocorre a colheita. Com uso de luvas grossas e um facão, segure a coroa do fruto e corte a haste cerca de 2 centímetros abaixo da base do abacaxi.

*DAVI THEODORO JUNGHANS é pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Rua Embrapa, s/nº, Cruz das Almas (BA), CEP 44380-000, tel. (75) 3312-8062, davi.junghans@embrapa.br  
ONDE COMPRAR: mudas de cultivares resistentes a fusariose devem ser adquiridas em empresas e viveiristas com registro no RENASEM (Registro Nacional de Sementes e Mudas), do MAPA(Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e licenciadas pelas instituições que as desenvolveram; ver em: www.embrapa.br/cultivares e em www.iac.sp.gov.br/cultivares/inicio/ 
MAIS INFORMAÇÕES: Embrapa Mandioca e Fruticultura (www.embrapa.br/mandioca-e-fruticultura), tel. (75) 3312 8048;Emepa http://gestaounificada.pb.gov.br/emepa), tel. (83) 3198-06503218-5476, emepa@emepa.org.br ; Emater-PB (http://gestaounificada.pb.gov.br/emater-pb), tel. (83) 3218-8100, codin@emater.pb.gov.br ; EBDA (http://www.ebda.ba.gov.br/ ), tel. (75) 3251- 1716), gerencia.itaberaba@ebda.ba.gov.br ; Emater-MG (http://www.emater.mg.gov.br/ ), tel. (34) 3214-17523236-0122, uregi.uberlandia@emater.mg.gov.br; IAC (http://www.iac.sp.gov.br/areasdepesquisa/frutas/ ), tel. (11) 4492-4844, frutas@iac.sp.gov.br ; Incaper (http://www.incaper.es.gov.br/ ), tel. (27) 3636-9888, incaper@incaper.es.gov.br; e Iapar (http://www.iapar.br/ ), tel. (44) 3423-1157, est_paranavai@iapar.br