• Maria Clara Dias
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Executivos discutem as boas práticas em relação às mudanças climáticas nas grandes empresas (Foto: Thiago Lopes)

Executivos discutem as boas práticas em relação às mudanças climáticas nas grandes empresas (Foto: Thiago Lopes)

"Um plano de adaptação climática só faz sucesso em uma empresa quando as mudanças do clima passam a ser vistas como um risco corporativo", disse Adriana Mello, especialista global em Mudança do Clima da Braskem, no Congresso Ethos 360º, realizado nesta terça-feira (03).

No painel "Como o setor privado coloca em prática a adaptação climática?", especialistas debateram a redução do impacto ambiental na agenda diária das empresas. Liderada por Henrique Pereira, CEO da WayCarbon, a discussão incluiu Mayara Ribeiro, analista de sustentabilidade da Embraer; Moisés Basilio, gerente de sustentabilidade da EcoRodovias e Fernanda de Arruda Camargo, sócia fundadora da Wright Capital Wealth Management.

Mayara diz que as consequências das mudanças climáticas estão em pauta há pelo menos uma década na Embraer. No entanto, a agenda climática está sendo discutida com mais urgência na atualidade. "Um dos principais incentivos para a adoção das boas práticas foi a pressão por parte dos nossos investidores. Precisávamos agir e pensar no futuro", diz.

"É com tecnologia que a Embraer vai lutar contra as mudanças climáticas", diz Mayara, que reconhece o efeito causado pelas emissões de carbono na aviação, responsável por cerca de 2% das emissões mundiais. "Toda preocupação ambiental em uma empresa parte de uma cobrança ou algum 'pequeno' problema anterior", diz.

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A análise de riscos futuros também é uma preocupação crescente no setor de infraestrutura. Moisés Basilio, da EcoRodovias, diz que as concessões hoje precisam, mais que nunca, considerar o fator climático. "Conseguimos fazer executivos decisivos enxergarem essa variável como um fator determinante no planejamento da nossa empresa", diz Basilio. "Hoje, percebemos essa preocupação e só tomamos alguma decisão após analisar os possíveis impactos".

Em 2014, a Braskem reconheceu, numa análise de riscos e oportunidades, que a sustentabilidade era mais do que uma questão estratégica, e sim de sobrevivência. "Nossa chave de sucesso para a questão de clima é com certeza o apoio da alta liderança", diz Adriana Mello. De acordo com a executiva, os projeto desenvolvidos pela companhia reduziu um possível impacto de aproximadamente US$ 50 milhões.

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Fernanda de Arruda Camargo, idealizadora e sócia fundadora da Wright Capital Wealth Management — empresa do ramo financeiro que investe em negócios de impacto social — diz que a ausência de fundos de incentivo à sustentabilidade acaba por tirar o estímulo de CEOs em estimular práticas internas. "Um passo fundamental seria os bancos também abraçassem a causa, e ,para conceder crédito à uma empresa ele analise não apenas o balanço financeiro, mas também a adoção de todas ações desenvolvidas por ela".