Rio

Moradores fazem protesto após morte no Chapéu Mangueira, no Leme

Ônibus e patrulha da PM foram atingidos por pedras durante ato
Após protesto, policiais do choque sobrem a comunidade Chapéu Mangueira Foto: Agência O Globo
Após protesto, policiais do choque sobrem a comunidade Chapéu Mangueira Foto: Agência O Globo

RIO — Moradores do Morro Chapéu Mangueira, no Leme, na Zona Sul do Rio, realizaram um protesto no bairro, no fim da noite desta segunda-feira. O ato ocorreu na Rua Gustavo Sampaio, depois de um tiroteio no interior da comunidade entre policiais e traficantes. Moradores do bairro ficaram assustados com os tiros. Na via, ao menos um ônibus e uma patrulha da PM, segundo a corporação, foram atingidos por pedras, lançadas por manifestantes. No fogo cruzado, um homem, identificado apenas como Jonas, de 20 anos, foi baleado. Ele chegou a ser socorrido e levado para o Hospital Rocha Maia, em Botafogo, mas não resistiu aos ferimentos.

De acordo com a Polícia Militar, PMs da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Chapéu Mangueira e Babilônia se depararam com suspeitos, que dispararam. Os policias revidaram, e houve confronto. Depois do fogo cruzado, Jonas foi encontrado ferido na cabeça. Segundo a corporação, ele estaria envolvido na troca de tiros. No local, os policiais apreenderam uma arma, drogas, dinheiro, além de carregadores e munições.

Sob a alegação de que o socorro teria "demorado muito para acontecer", moradores desceram da comunidade e fizeram o protesto. De acordo com uma testemunha, que vive há 32 anos no Chapéu Mangueira, o suspeito foi levado de ônibus até a unidade hospitalar. O coletivo foi apedrejado para que parasse, as pessoas embarcassem com o baleado e o levassem até a unidade hospitalar.

— Foram muitos tiros de uma vez só. Depois que parou, comecei a ouvir uma gritaria. Desci e fui para a escada (um dos acessos à comunidade). Chegou a informação de que Jonas havia sido baleado e eu desci. Muitos moradores fizeram o mesmo. Desceram com o garoto enrolado em um lençol. — disse ela, que pediu para não ser identificada, antes de acrescentar: —Todo mundo estava gritando. Os policiais o colocaram dentro da viatura, arrancaram com o carro, mas o garoto caiu. Nesta hora, os moradores começaram a jogar pedras, pararam um ônibus e o levaram.

A mulher disse ainda que o jovem baleado não estaria armado, no momento em que foi atingido.

De acordo com a PM, no tumulto, um policial chegou a ser atingido por uma pedrada, que também danificou o carro da patrulha. O policial sofreu ferimentos leves, recebeu atendimento e está bem.

Por volta das 23h30m, o clima no bairro estava mais calmo, e o policiamento foi fortemente reforçado. Pouco antes da meia-noite, o Batalhão de Choque subiu a comunidade. Não houve registro de novos tiroteios durante a madrugada desta terça-feira.

Parte do material apreendido por policiais na comunidade Foto: Agência O Globo
Parte do material apreendido por policiais na comunidade Foto: Agência O Globo

No Chapéu Mangueira, onde ocorreu o confronto, os PMs apreenderam uma pistola 9mm com quatro carregadores, 41 munições do mesmo calibre, e um carregador de fuzil, com 22 munições. Também foram encontrados no local duas granadas, 10 rádios transmissores, 106 pinos de material semelhante a cocaína, 87 papelotes de material semelhante a maconha, uma faca, R$ 1.147,00 em espécie, além de material para endolação. O caso foi registrado na 12ª DP (Copacabana).

Pelas redes sociais, moradores da região relataram como o clima ficou tenso na região: "Tiroteio intenso agora à noite no morro Chapéu Mangueira. Pessoas gritando e correndo pela Gustavo Sampaio. Policiais correndo. Virou a sucursal do inferno, antes um bairro super tranquilo", escreveu uma mulher. "Muitos tiros! Que Deus Proteja moradores da Babilônia e Chapéu Mangueira", postou um homem.