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Política

A pedido de Bolsonaro, Onyx tenta 'empoderar' Luiz Eduardo Ramos na articulação política

Recomendação do Planalto é fazer uma transferência de bastão sem traumas no comando da interlocução com o Congresso
Ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que volta ao Congresso para participar da votação da reforma da Previdência Foto: Marcos Corrêa/PR / Agência O Globo
Ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que volta ao Congresso para participar da votação da reforma da Previdência Foto: Marcos Corrêa/PR / Agência O Globo

BRASÍLIA - A expectativa do governo é que até o dia 15 de setembro a votação da reforma da Previdência seja concluída no Senado. Até lá, são 63 dias, a contar a partir deste domingo, para que o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni , faça a transição completa para sua nova função no Palácio do Planalto. A determinação do presidente Jair Bolsonaro é que o ministro se volte para as questões internas do Executivo, atuando como uma espécie de “gerente”, relatam fontes do governo.

Até a aprovação total da reforma, o chefe da Casa Civil seguirá na articulação política ao lado do ministro Luiz Eduardo Ramos , da Secretaria de Governo (Segov). A recomendação do Planalto é usar este tempo para “empoderar” o ministro Ramos no cargo e, consequentemente, fazer uma transferência do bastão de negociador com o Congresso sem traumas.

Em junho, em uma reorganização da estrutura do Planalto, Bolsonaro retirou a articulação de Onyx e entregou ao ministro Ramos, que substituiu Carlos Alberto dos Santos Cruz na Segov. Por sua vez, a Casa Civil abarcou o Programa de Parcerias e Investimentos (PPI). A área, responsável por firmar contratos entre o Executivo e a iniciativa privada, era subordinada a Santos Cruz.

A troca foi vista como uma perda de poder do ministro-chefe da Casa Civil. Desde então, informações vindas principalmente do Congresso davam conta de que Onyx era alvo de uma “fritura” devido à criticada relação com o Legislativo. No entanto, a aprovação do texto-base da reforma da Previdência pelo placar de 379 votos contra 131 passou a ser encarada como uma espécie de “redenção” para o ministro, que ganhou “fôlego”.

Mediador de conflitos

Quando deixar de vez a articulação, Onyx assumirá também o papel de mediador de conflitos na Esplanada. Caberá a ele coordenar os trabalhos das pastas e cobrar os resultados esperados por Bolsonaro. Já no relacionamento com o Congresso, a expectativa é que o chefe da Casa Civil ajude o ministro Ramos apenas na elaboração de estratégias de negociação com o Parlamento — sem se envolver com o dia a dia das negociações parlamentares.

Ao anunciar as mudanças no governo em junho, Bolsonaro admitiu erros na articulação e afirmou que voltaria a distribuir as funções do Planalto como era feito “no governo anterior.” Na ocasião, ele creditou os equívocos à inexperiência inicial da gestão e eximiu Onyx de culpa.

— Depois que a gente faz as coisas, a gente plota (compreende) que podia ter feito melhor ou não ter cometido aquele erro. Quando nós montamos aqui, no primeiro momento, (por) inexperiência nossa tivemos algumas mudanças nas funções de cada um que não deram certo. Então, em grande parte, retornamos ao que era feito em governo anterior — declarou Bolsonaro na ocasião.

Integrantes militares e do grupo que se convencionou chamar de “ala ideológica” do Planalto afirmam que Onyx segue tendo a confiança do presidente. Bolsonaro tem reiterado que o ministro tem se mostrado fiel desde a pré-campanha, quando abraçou a sua candidatura, então desacreditada. O argumento central do presidente para determinar que o chefe da Casa Civil fique com a coordenação das atividades internas da Esplanada é o fato de ter cabido a Onyx o desenho final de seu plano de governo.