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Surpresas que só quem envelhece pode ter

por Maria da Luz Miranda

Carioca Marcio Bandeira de Mello, de 73 anos, faz exercício seis vezes por semana

Ora é a flacidez da pele, ora é a memória que falha, ora é a lista de médicos e doenças que só cresce, ora as perdas que são tamanhas. O rol de problemas que enfrentamos ao virar a chave dos 60 anos é tão extenso quanto a população mundial nessa faixa etária. São mais de 800 milhões no mundo, esse mesmo, obcecado pela juventude. Há gente demais, satisfação de menos. Mas, acredite, envelhecer pode ter muitos lados bons.

A ciência tem se esforçado em demonstrar que as perdas são fato, mas há lá suas compensações. Prova disso é o número de pessoas que ultrapassaram a barreira dos 100 anos: já são mais de 320 mil espalhadas pelo planeta.

Quem foca nos apsectos positivos, as pesquisas científicas reforçam, pode colher em satisfação os frutos  que o tempo amadurece. Veja abaixo alguns exemplos de que a juventude pode ir embora, mas ela não é, necessariamente, a única força que nos move.

Felicidade mais frequente do que aos 30 ou aos 50

Estudos recentes revelam que a felicidade típica dos 15 aos 25 anos pode voltar décadas depois. Mais especificamente depois dos 65 anos. Ou seja, na chamada idade madura, que compreende também o período dos 30 aos 50 anos, os tempos são mais difíceis do que mais adiante. É o que atestam pesquisas de duas universidades, pelo menos, a Universidade de Chicago, nos EUA, e a Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália. A explicação está em que pessoas idosas são capazes de explorar melhor seus instintos sociais e emocionais acumulados com a experiência. Alguns cientistas chegaram a afirmar que esperamos ser mais felizes no início dos anos 80 do que nos anos 20.

Mente mais esperta 

Inteligência e esperteza são atributos que podem, sim, melhorar com o tempo. Um estudo da Universidade de Illinois, nos EUA, comparou o desempenho de controladores de tráfego aéreo mais velhos com os mais jovens e constatou que a turma mais antiga foi melhor em trabalhos mentalmente difíceis e foi capaz de superar quaisquer fraquezas. Valeu a experiência, ponturam os pesquisadores. Os estereótipos negativos associados ao cérebro e à memória de quem envelhece não são, necessariamente, mais do que meros estereótipos. A pesquisa americana vai de encontro ao que outro estudo, desta vez na Universidade de Tubingen, na Alemanha,  põe em xeque: a ciência compreende mal a maneira como o cérebro envelhece, e o número de neurônios nem sempre é um indicador de bom funcionamente cerebral. Para reforçar a tese, uma das pesquisas mais abrangentes já realizadas no mundo, o Estudo Longitudinal de Seattle, que avalia e acompanha as habilidades mentais de 6 mil pessoas desde 1956, comparando os dados a cada sete anos, demostra que apesar das dificuldades recorrentes, nossa capacidade de acumular conhecimento e de resolver problemas é refinada ao longo do tempo. 

Capacidade maior de lidar com os conflitos sociais

Não espere comportamentos aguerridos de quem já envelheceu. A tendência, segundo pesquisa da Universidade de Michigan, nos EUA, é que pessoas mais velhas sejam mais pacificadoras e condescendentes. Elas raciocinam melhor que os mais jovens diante de dilemas e conflitos sociais. Quando confrontadas com várias histórias conflitantes, especificamente, são mais aptas a enxergar diferentes perspectivas e a sugerir resoluções razoáveis, atestam os pesquisadores.

Menos enxaquecas

Muito comuns entre a adolescência e a idade de 50 anos, as crises de enxaqueca tendem a tornarem-se menos frequentes e menos graves à medida que o tempo passa. A prova está em um estudo da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, com pacientes com mais de 18 anos: as crises que envolvem náusea, vômito,  sensibilidade à luz e outros sintomas vão causar menos sofrimento. É só esperar.

Estresse sob controle

A idade, nesse ponto, pesa ostensivamente para o lado bom. Se situações estressantes fazem parte da vida em qualquer tempo, a boa notícia, dada pela Assoaciação Americana de Psicologia (APA), é que pessoas com mais de 65 anos podem ser menos afetadas mesmo diante de situações difíceis. Embora preocupações com saúde, trabalho, dinheiro e família persistam, elas tendem a diminuir. Vale lembrar que aqueles com idade entre 35 e 49 são os mais estressados, seguidos pelo grupo de 25 a 34 anos.

Mais produtividade e menos tédio no trabalho

Espere até passar dos 50 anos para medir o seu real grau de satisfação no trabalho. Em pesquisa feita pela The Associated Press, 92% dos trabalhadores de 50 anos ou mais relatam estar muito ou suficientemente satisfeitos com o que fazem. Já entre aqueles com menos de 30 anos, o índice dos que relatam a mesma sensação é de 80%. Trocando em miúdos, a comparação mostra que apenas 38% dos jovens adultos admitem estar muito satisfeitos com o trabalho, enquanto 63% dos que têm mais de 65 anos dizem estar profundamente satisfeitos. A explicação dos especialistas é que, muito provavelmente, as regras e escalas hierárquicas e de cargos foram criadas exatamente pelo grupo mais velho, que tratou de se estabelecer nos cargos em que a afinidade com o trabalho é mais. Sinal de esperteza.

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