Rio Wilson Witzel

'Quem usa droga ajudou a apertar esse gatilho': veja essa e outras frases de Witzel em coletiva sobre caso Ágatha

Governador diz que usuário de maconha e cocaína é 'diretamente responsável pela morte da menina Ágatha'
Governador falou sobre a morte da menina Ágatha, atingida por uma bala de fuzil no Complexo do Alemão na última sexta-feira Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Governador falou sobre a morte da menina Ágatha, atingida por uma bala de fuzil no Complexo do Alemão na última sexta-feira Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo

RIO - Na coletiva de imprensa convocada pelo governador Wilson Witzel nesta segunda-feira, o que representou seu primeiro pronunciamento público sobre a morte de Ágatha Felix, três dias após o assassinato, não faltaram falas em defesa da política de segurança pública do Rio. Witzel, que justificou a demora em se manifestar pela necessidade de tempo para formar juízo sobre o caso,  criticou suposto uso político do homicídio por partidos de oposição numa tentativa de atrasar a votação da tipificação do excludente de ilicitude no Congresso Nacional, e culpou usuários de drogas pela morte da criança.

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O secretário da Polícia Militar, Rogério Figueiredo, esclareceu que não havia operação em curso naquele momento e o secretário da Polícia Civil, Marcus Vinicius Braga fez uma veemente defesa da política de segurança do estado, ao dizer que o homicídio de Ágatha foi um evento isolado.

“Quem usa droga ajudou a apertar esse gatilho”

Wilson Witzel
Governador do Rio

— É bom você, que não é dependente químico mas usa maconha e cocaína recreativamente, faça uma reflexão. Porque você é diretamente responsável pela morte da menina Ágatha, você tirou a vida dessa menina. Você, que usa maconha e cheira cocaína, dá dinheiro para alimentar esses genocidas que usam as comunidades como escudo humano. Quem está no crime organizado é terrorista e eles que estão apertando os gatilhos. Quem usa droga ajudou a apertar esse gatilho —  afirmou Witzel, que foi denunciado à ONU por causa do assassinato, após movimentos de favela associarem sua política de segurança com o trágico caso.

“No caso da Ágatha eu não estava no momento”

Wilson Witzel
Governador do Rio, sobre demora em se manifestar

O governador, que no dia do sequestro do ônibus na ponte Rio Niterói fez uma aparição imediata, inclusive recebendo críticas por espetacularização em cima do caso,  respondeu que o assassinato de Ágatha foi diferente, por isso sua demora em se pronunciar dessa vez.

— O fato que ocorreu na Ponte Rio-Niterói estava imediatamente acontecendo, e a polícia agiu de forma adequada. No caso da Ágatha eu não estava no momento, recebi a notícia de forma indireta. E da mesma forma que, por exemplo, não me manifestei no caso dos tiros desferidos envolvendo o exército brasileiro ( caso do carro fuzilado com 77 tiros em Guadalupe, que vitimou o músico Evaldo Rosa e o catador Luciano Macedo) quando falei que ia aguardar para verificar quais foram os elementos que foram colhidos pela justiça militar, agora neste caso, eu aguardei, conversei, fiz várias ligações durante o fim de semana para os secretários Marcus Vinicius e Rogério Figueiredo até que eu pudesse formar um juízo de convicção para o momento.

“É indecente usar um caixão como palanque”

Wilson Witzel
Governador do Rio, criticando oposição por suposto uso político do assassinato

Em diversos momentos da coletiva, Witzel criticou "a oposição", sem especificar quais partidos, mas fazendo referência mais ao Congresso Nacional do que à Alerj, por fazer suposto uso político do assassinato de Ágatha. Para o governador, esse momento não pode ser utilizado como forma de obstrução à votação do pacote anti-crime do ministro Sérgio Moro, em que um dos principais pontos é a tipificação do excludente de ilicitude, garantindo mais segurança jurídica aos policiais que atirem em serviço.

— É indecente usar um caixão como palanque. Não podemos permitir que partidos de oposição venham a utilizar mortes de inocentes para palanque. O pacote anti-crime é essencial — disse Witzel, que colocou o deputado Filipe Francischini (PSL-SP), presidente da Comissão de Constituição e Justiça na Câmara dos Deputados ao seu lado na coletiva. — A oposição está fazendo palanque. Preferi, então, reunir o nosso governo e dar uma explicação de Estado.

“Continuaremos assim”

Wilson Witzel
Governador do Rio, sobre política de segurança pública

Por muitas vezes, Witzel afirmou que vai manter a atual política de segurança pública adotada em seu governo.

— A política de segurança é exitosa, a população tem sentido o aumento da sensação de segurança nas ruas. Narcoterroristas atuam nas comunidades e as usam como escudo. Escolhi os melhores quadros para a polícia, e eles definem como atuar. Cabe a mim ouvir a população e cobrar resultados. Continuaremos assim

“Não sou um desalmado, tenho sentimentos”

Wilson Witzel
Governador do Rio

O governador abriu a coletiva em tom emocionado, ficou com os olhos marejados, mas não chegou a chorar. No final, ao ser questionado sobre o que diria para os pais de Ágatha, quase chorou mais uma vez.

—  Lamento profundamente a perda. Meu sentimento é de pai. Olhando minha filha, você não acha que eu não choro? Sou pai, tenho meus filhos deitados na cama e penso que amanhã aquela mãe não vai ter mais sua filha para acariciar, passar a mão no cabelo. Não acha que eu não penso nisso? Não sou um desalmado, tenho sentimentos, sou uma pessoa como qualquer um de nós aqui.

“Não podemos agora, porque tem um acidente de carro na rua, tirar todos os carros da rua”

Wilson Witzel
Governador do Rio

Witzel também fez uma analogia com acidente automobilístico para explicar que a política de segurança não vai se alterar em função da morte de Ágatha. Na sua opinião, o assassinato não teve relação com o projeto de segurança que ele vem adotando.

—  Agora, não é porque tivemos um fato terrível como esse, que vamos parar o estado. Temos que continuar, ter forças para trabalhar. Não podemos agora, porque tem um acidente de carro na rua, tirar todos os carros da rua. Temos que corrigir os erros. Quando ele diz que não tem relação com a política de segurança pública, é evidente que não tem. Nem operação policial havia na hora — explicou Witzel, que exaltou a redução de homicídios no estado neste ano, 21% menos casos em relação a 2018, no período de janeiro a agosto.

Em outro momento, Witzel chegou a fazer uma referência ao governo de Leonel Brizola, insinuando que o ex-governador, ao evitar confrontos em comunidades, contribuiu para a alta da criminalidade no Rio.

“Brizola não ia permitir o que estou permitindo”

Wilson Witzel
Governador do Rio

— Crime organizado sabe que vai sofrer mais perdas. Brizola não ia permitir o que estou permitindo, e chegamos nesse momento. No caso da Ágatha não era uma operação.

“A gente não pode, de maneira nenhuma, ligar a morte da menina Ágatha à política de segurança do Rio de Janeiro”

Marcus Vinicius Braga
Secretário da Polícia Civil

Na opinião do secretário da Polícia Civil, Marcus Vinicus Braga, a morte da menina por uma bala perdida não põe em xeque a política adotada pelo governo Witzel.

— A gente não pode, de maneira nenhuma, ligar a morte da menina Ágatha à política de segurança do Rio de Janeiro — afirmou Braga, que disse ser normal a demora de três dias para a apreensão das armas dos policiais envolvidos no caso.

“Quem trabalha no Alemão é guerreiro”

Marcus Vinícis Braga
Secretário da Polícia Civil

Braga também disse que o governo não está enxugando gelo, coisa que ele disse já ter feito por muito tempo na polícia. E elogiou os policiais que atuam no Complexo do Alemão

—  Quem trabalha no Alemão é guerreiro. Aqui temos política e polícia fortes. Não podemos transformar policiais em monstros. Não é verdade que nossa política está causando essas mortes. Na verdade são 800 mortes que evitamos no ano. Não há momento melhor da segurança pública, é uma covardia misturar as coisas. Vamos continuar assim

“O que aconteceu na Fazendinha foi um evento isolado”

Rogério Figueiredo
Secretário da Polícia Militar

O secretário da Polícia Militar, Rogério Figueiredo, fez questão de esclarecer que não havia operação policial em curso no momento do assassinato de Ágatha.

— O que aconteceu na Fazendinha foi um evento isolado. Determinei a abertura de um inquérito na Corregedoria da Polícia Militar e o início de um estudo de caso, para que todos os comandantes discutam sobre o que ocorreu — afirmou Figueredo.

“PMs são herois no Rio”

Rogério Figueiredo
Secretário da Polícia Militar

—  Lá é um cenário complexo, o Alemão afeta a segurança de todo o Rio, há tráfico pesado de drogas e armas, traficantes portanto fuzis. PMs são herois no Rio.

“Não tenho bandido de estimação”

Wilson Witzel
Governador do Rio

Ao ser questionado se adota discurso mais "brando" em assassinatos envolvendo policiais, o governador respondeu que não possui "bandido de estimação", e que é enérgico em qualquer caso trágico.

— Em momento algum tenho tido discurso brando com quem quer que seja. Eu não tenho bandido de estimação. Seja de distintivo, seja de farda. A lei é para todos. Ninguém está cima ou abaixo.