• Cassiano Ribeiro
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criacao_boi_pastagem_degradada (Foto: Ormuzd Alves/Ed. Globo)

O Brasil tem cerca de 100 milhões de hectares em níveis forte ou muito forte de degradação. (Foto: Ormuzd Alves/Ed. Globo)

A pecuária brasileira evoluiu muito nos últimos anos, mas ainda tem um grande passivo ambiental. De acordo com o pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental Moacyr Bernardino Dias Filho, o país tem atualmente cerca de 100 milhões de hectares de pastagens em níveis forte e muito forte de degradação. Do total – o último censo do IBGE aponta que as pastagens brasileiras somam 172 milhões de hectares –, 30% estariam em estágios leves a moderados de degradação e somente 20% dos campos não estariam degradados.

Para Dias Filho, apesar do desafio, a recuperação da maior parte da área usada no pastejo do rebanho significa uma oportunidade de crescimento da produção, não mais horizontalmente. “Embora a realidade seja preocupante, há um enorme potencial para o aumento de produtividade da pecuária e da renda. Isso deverá ser alcançado por meio de estratégias de recuperação, sem a necessidade da incorporação de novas áreas de vegetação natural”, afirma.

Tecnologias para retomar ou elevar os rendimentos nos pastos não faltam. As alternativas e custos desse processo dependem do tipo e nível de degradação, diz o pesquisador da Embrapa. Além disso, hoje o produtor tem a sua disposição desde sistemas simples, que demandam investimentos mínimos, até técnicas complexas, porém, rentáveis e de rápido retorno. Como é o caso da integração lavoura-pecuária (ILP) e lavoura-pecuária-floresta (ILPF).

A manutenção de pastos também precisa se enraizar na cultura do campo, defende Bruno Pedreira, pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril. “Se monitorássemos a produtividade, talvez enxergássemos a necessidade da manutenção antes da recuperação. Não temos de plantar capim a cada três ou quatro anos, temos de manter as condições de ter nutrição adequada para que ele se mantenha perpétuo no lugar. O pasto é igual a árvore”, compara.

A seguir, veja como identificar o nível de degradação de pastos e as alternativas de recuperação.

Degradação (Foto: Alex Melotto/Divulgação)

Leve: Pasto ainda vigoroso, com poucas áreas de solo descobertas. O terreno tem dificuldades para rebrotar. A capacidade de lotação de animais cai até 20% (Foto: Alex Melotto/Divulgação)

Pasto degradado (Foto: Alex Melotto/Divulgação)

Moderado: Início da infestação de plantas daninhas e aumento no percentual de solo descoberto (comparado ao nível 1). Com isso, a capacidade de lotação de animais cai de 21% a 50% (Foto: Alex Melotto/Divulgação)

Pasto degradado (Foto: Roberto Reis/Divulgação)

Forte: Aumento excessivo de plantas daninhas ou no percentual de solo descoberto (em relação ao nível 2). A quantidade de plantas forrageiras é muito baixa ou inexistente. Capacidade de lotação cai de 51% a 80% (Foto: Roberto Reis/Divulgação)

pasto degradado (Foto: Alex Melotto/Divulgação)

Muito forte: Predominância de solo descoberto, com sinais evidentes de erosão (degradação biológica). Quantidade de capim muito baixa ou inexistente. Capacidade de lotação de animais pode cair mais de 80% (Foto: Alex Melotto/Divulgação)

pasto degradado (Foto: Alex Melotto/Divulgação)

Extremo: Se pastagens no nível 4 de degradação não sofrerem intervenção para reverter o processo, pode haver forte erosão e até assoreamento de cursos d’água (Foto: Alex Melotto/Divulgação)

Escolha a melhor solução

Como recuperar pasto (Foto: Arte: Felipe Yatabe/Ed.Globo)

Integração Lavoura-Pecuária-Floresta: Requer maior investimento, proporcional ao potencial de retorno. Além do pasto, outras atividades são agregadas e novas fontes de renda são criadas na área. A escolha da cultura precisa respeitar o mercado e a vocação local. Esta alternativa exige preparo do solo, correção da acidez, nutrientes e também maior qualificação técnica (Arte: Felipe Yatabe/Ed.Globo)

Como recuperar pasto (Foto: Arte: Felipe Yatabe/Ed.Globo)

Silvipastoril: Neste caso, a recuperação ocorre com plantio de pastos mais o manejo de alguma espécie florestal, com ou sem o plantio de culturas agrícolas durante a fase de desenvolvimento das árvores. O uso desse sistema tem sido mais comum em propriedades menores. No Brasil, esse sistema é popular nas regiões Centro-Oeste,  Sul e Sudeste (Arte: Felipe Yatabe/Ed.Globo)

Como recuperar pasto (Foto: Arte: Felipe Yatabe/Ed.Globo)

Pousio: É uma forma de recuperar a área degradada, mas não com a finalidade de usá-la como pasto no curto ou médio prazo. É recomendado para produtores que precisam recompor área de preservação permanente ou em casos de recuperação das margens de rios e córregos ou com declividade muito elevada (áreas que originalmente não deveriam ter sido desmatadas) (Arte: Felipe Yatabe/Ed.Globo)