14/01/2015 14h14 - Atualizado em 14/01/2015 15h42

Executiva Nacional do PMDB anuncia apoio oficial a Eduardo Cunha

Decisão serve para reforçar candidatura após vazamentos na Lava Jato.
Partido quer reagir a ofensiva do PT por candidatura de Arlindo Chinaglia.

Nathalia Passarinho e Fernanda CalgaroDo G1, em Brasília

Sob o comando do vice-presidente da República, Michel Temer, a Executiva Nacional do PMDB se reuniu nesta quarta-feira (14), em Brasília, para anunciar oficialmente apoio à candidatura do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à presidência da Câmara.

O encontro ocorreu após o vazamento de denúncias que envolvem o nome de Cunha ao esquema investigado pela Operação Lava Jato – ele nega. Informalmente, membros do partido atribuem o vazamento das informações a uma suposta tentativa do PT – que disputará a eleição contra Cunha com o deputado Arlindo Chinaglia (SP) – de desmoralizar a candidatura do parlamentar.

Eduardo Cunha não compareceu à reunião da Executiva do partido – nesta quarta, ele esteve em campanha em Sergipe, onde manteve contato com lideranças políticas do estado.

“Por unanimidade, sem nenhuma divergência, decidiu-se apoiar o nome indicado pela bancada da Câmara dos Deputados e também o mesmo será feito quando a bancada do Senado Federal indicar o nome para a disputa para a presidência daquela Casa”, afirmou Temer após o encontro.

O PMDB divulgou ainda uma nota na qual afirma que também apoiará o nome a ser escolhido pela bancada para disputar o comando do Senado. O atual presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), deverá tentar a reeleição, mas ainda não teve a candidatura oficializada.

O vice-presidente da República, Michel Temer, concede entrevista após reunião da Executiva Nacional do PMDB (Foto: Nathalia Passarinho / G1)O vice-presidente da República, Michel Temer,
concede entrevista após reunião da Executiva
Nacional do PMDB (Foto: Nathalia Passarinho / G1)

As eleições na Câmara e no Senado serão em 1º de fevereiro, data em que senadores e deputados eleitos tomarão posse. Líder da bancada desde 2013, Eduardo Cunha protagonizou diversos embates com o Executivo ao comandar dissidências em votações que resultaram em derrotas para o governo.

A disputa se acirrou na semana passada quando a imprensa divulgou que o nome de Cunha foi mencionado em depoimento à Polícia Federal dado em 18 de novembro pelo policial Jayme Alves de Oliveira Filho, que colaborava com o doleiro Alberto Youssef fazendo entrega de dinheiro a diversas pessoas e empresas. Yousseff está preso sob a acusação de comandar um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou cerca de R$ 10 bilhões.

Oliveira Filho disse que há cerca de dois anos entregou dinheiro em uma casa em um condomínio na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, que pertenceria a Cunha. Na última segunda (12), o advogado Antônio Figueiredo Basto, que defende o doleiro Alberto Youssef nos processos da Lava Jato, disse ao G1 que seu cliente não conhece nem mandou entregar dinheiro para o deputado do PMDB.

Na avaliação de integrantes da bancada do PMDB, a denúncia foi repassada à imprensa por petistas interessados em prejudicar Cunha.

O ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima, que comandou a pasta de 2007 a 2010, no governo Lula, afirmou, após a reunião da Executiva, que o PMDB ficará atento para ações de ingerência do Executivo na eleição para presidente da Câmara. Ele disputou uma vaga no Senado pelo PMDB da Bahia nas eleições de outubro, mas perdeu.

"O PMDB vai olhar com lupa se o governo está tratando o partido como aliado ou não. Não vi nenhum gesto ainda de que estão usando o ministério para cooptar. Agora, o governo tem que tomar cuidado para não tomar atitudes que possam ter consequências depois", afirmou.

Nos bastidores, parlamentares do PMDB afirmam que o governo tem oferecido emendas parlamentares para obter votos para Arlindo Chinaglia. Cargos do segundo escalão do governo também estariam sendo usados como moeda de troca por apoio. Deputados do PT negam a ofensiva.

O deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ), que também participou da reunião da Executiva, afirmou que o encontro serviu para dar respaldo partidário às candidaturas do partido, além de reiterar uma postura de independência em relação ao Palácio do Planalto.

 

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