Pixuleco: manifestantes inflaram boneco gigante do ex-presidente Lula e estenderam bandeira na praia da Copacabana (Foto: Hudson Correa/ÉPOCA)
Política

“Lula na cadeia”, pedem manifestantes no Rio de Janeiro

“Lula na cadeia”, pedem manifestantes no Rio de Janeiro

O protesto deste domingo (26) também foi contra a votação em lista fechada, o foro privilegiado de políticos, a anistia ao caixa dois e a corrupção da “carne podre”

HUDSON CORRÊA
26/03/2017 - 16h15 - Atualizado 27/03/2017 14h21

A manifestação na Praia de Copacabana neste domingo (26) teve como principal grito de ordem a frase “Lula na cadeia”. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é réu em processos da Operação Lava Jato que serão julgados pelo juiz Sergio Moro. Os manifestantes inflaram na avenida um boneco gigante de Lula, o Pixuleco, e camelôs vendiam os de tamanho menor por R$ 10. Também tiraram do baú os bonecos dentuços da ex-presidente Dilma Rousseff, que sobraram das manifestações pelo impeachment, mas esses despertaram pouco interesse.

O protesto reuniu um número bem menor de participantes comparado aos tempos do impeachment.  A Polícia Militar não deu estimativa, mas o espaço vazio entre os cinco carros de som de diferentes movimentos ao longo da avenida revelou o baixo comparecimento. Entre os manifestantes fantasiados, dois atraíram incontáveis pedidos de fotos como se fossem celebridades. O consultor de TI Igor Landaeta Maia, de 36 anos, se vestiu de presidiário, colocou uma estrela vermelha no peito, uma máscara que lembra o rosto de Lula e enfiou a cabeça e metade do corpo dentro de uma jaula. “O Lula representa bem a classe política. Um cara que teve a chance de fazer algo pelo país, e até fez coisas importantes, mas a parte ruim não valeu a pena. Deixou o poder corromper e foi populista”, afirmou Maia.

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Outro grande requisitado para fotos era o homem vestido de Batman, uma figura que participou de todas as manifestações pelo impeachment. Na aparição deste domingo (26), o protético dentário Eron Morais de Melo, de 36 anos, trazia uma mensagem nova na placa que segurava: “Fora todos os corruptos, não tenho bandido de estimação”. Além do retrato de Lula, a placa exibia os do presidente Michel Temer e do senador Aécio Neves, presidente do PSDB, citado em delações da Lava Jato. “A corrupção está em todos os partidos e se manifesta hoje na tentativa de anistia do caixa dois e nas articulações do governo para melar a Lava Jato”, afirmou Melo, entre uma pose e outra para as câmeras dos celulares.

Lula na cadeia: o consultar de TI Igor Landaeta se vestiu de presidiário com a máscara do ex-presidente  (Foto: Hudson Correa/ÉPOCA)

Além do “Lula na cadeia”, a manifestação se desdobrou em vários temas. Foi contra a proposta de lista fechada, na qual os eleitores votam num grupo de candidatos escolhidos pelos partidos. Nesse mecanismo, políticos acusados na Lava Jato teriam mais chances de se reeleger.  Os manifestantes criticaram ainda o foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal para deputados, senadores e ministros. “Acelera STF”, pedia o movimento Vem Pra Rua sobre maior rapidez no julgamento de parlamentares e ministros suspeitos na Lava Jato. O ministro Gilmar Mendes, do STF,  recebeu sonoras vaias por defender que o caixa dois pode não ser corrupção. O juiz Sergio Moro ganhou aplausos em defesa da Lava Jato e seu retrato em tamanho natural circulou de mão em mão. “A corrupção faz você comer carne podre”, dizia a placa do Vem Pra Rua em referência à recente investigação da Polícia Federal, a suspeita de que fiscais do Ministério da Agricultura recebiam propina de frigoríficos para afrouxar a inspeção sanitária. 

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Apenas o caminhão do Vem Pra Rua reuniu um grupo expressivo de manifestantes.  No alto do caminhão do Movimento Brasil Livre (MBL), vestido com uma camisa da Seleção Brasileira, o ator Sandro Rocha – que interpretou o major Rocha no filme Tropa de elite 2 – sem público no asfalto voltou-se para o lado do calçadão e da praia lotada de banhistas no calor de mais de 30 graus. Reclamou que no Carnaval as ruas de Copacabana ficaram lotadas de gente, enquanto o protesto tão importante agora não empolgava. Seu discurso parecia uma metralhadora giratória que ia das críticas ao patrocínio de artistas pela Lei Rouanet ao fim do estatuto do desarmamento.

O grupo que menos empolgou foi o do movimento Foro do Brasil, que defende a intervenção militar no país e alerta para “o perigo do comunismo”. Não apareceu quase ninguém para segurar as faixas com suas pregações. Veterano das manifestações de impeachment, o professor de educação física José Roberto Melchior, de 52 anos, explica que o Foro defende a implantação de uma “junta governamental” formada por um civil e um militar das Forças Armadas. Ele cita como bons candidatos aos postos o juiz Sergio Moro e o deputado Jair Bolsonaro, deputado federal e capitão reformado do Exército. Alguns manifestantes vestiram a camisa com a frase “Bolsonaro presidente”.

A Volta do Batman: protético Eron Melo exibe com placa com fotos de Lula, Temer e Aécio (Foto: Hudson Correa/ÉPOCA)
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