Política

Morre, aos 72 anos, Claudio Weber Abramo, fundador da Transparência Brasil

Jornalista se dedicou ao combate à corrupção e ao acesso aos dados públicos, tendo papel decisivo na criação da Lei de Acesso à Informação
Claudio Abramo, no auditorio do GLOBO, em palestra sobre impunidade Foto: Ana Branco/11-07-2007 / Agência O Globo
Claudio Abramo, no auditorio do GLOBO, em palestra sobre impunidade Foto: Ana Branco/11-07-2007 / Agência O Globo

RIO - Morreu na noite deste domingo, em São Paulo, aos 72 anos, o jornalista Claudio Abramo. Bacharel em Matemática pela USP e mestre em Filosofia da Ciência pela Unicamp, ele dedicou a vida ao jornalismo e à luta pela transparência pública. Filho do jornalista Claudio Abramo, ex-diretor dos jornais “O Estado de S. Paulo” e “Folha de S.Paulo”, e de Hilde Weber, primeira mulher chargista no Brasil.

Abramo era vice-presidente do Conselho Deliberativo da ONG Transparência Brasil, entidade da qual foi fundador e diretor-executivo por quase 15 anos (de 2001 a 2015). Pioneiro no trabalho de dados abertos e transparência, teve papel importante na construção do que anos depois veio a ser a Lei de Acesso à Informação.

O jornalista também envolveu-se em projetos de bancos de dados de informações públicas como o "Às Claras", plataforma que reúne gastos nas eleições, "Meretíssimos" e "Excelências", banco de dados com histórico de parlamentares, como bens, processos, atividade parlamentar, que ganhou o Prêmio Esso de jornalismo em 2006.

Quando deixou a entidade, a Transparência Brasil disse que o “nome de Claudio Abramo se confundia com a sua história” .

Ele também foi editor de economia da “Folha de S.Paulo” e editor-executivo da “Gazeta Mercantil”.

Seu trabalho mais recente foi a criação da ONG Dados.org, que também trabalhava com transparência e dados do setor público.

Em uma de suas últimas manifestações públicas, Abramo publicou um artigo na "Folha de S.Paulo" em 20 de julho sobre o projeto de lei 53/2018, que está em tramitação na Câmara e trata da proteção de dados pessoais. No texto, o jornalista se mostrava preocupado com o risco de que essa lei dificulte o acesso à informação.

Abramo sofria de câncer e estava internado no Hospital Samaritano. Deixa quatro filhos, seis netos, a mulher e uma enteada.

— Perdemos um batalhador pelas melhores causas e um amigo do bom jornalismo — disse Daniel Bramatti, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji — Será sempre uma inspiração para quem luta pela democracia, pela transparência e pela aplicação correta dos recursos públicos. Na Abraji, as bandeiras que ele defendeu continuam erguidas.

O jornalista será cremado no crematório da Vila Alpina, Zona Leste de São Paulo, no início da tarde desta segunda-feira.